Dia do Professor: ofício que inspira e se eterniza em cada ser que educa

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Professora: personagem decisivo na formação humana

O professor torna todas as profissões possíveis, humaniza as pessoas, a sociedade e o mundo. Ele se eterniza em cada ser que educa. Não importa a época histórica, nossos professores serão sempre os personagens mais decisivos na formação humana.


A educação é a ferramenta mais moderna e mais antiga da evolução espiritual e material da humanidade. É a síntese mais perfeita de arte e ciência. É também uma das profissões mais lindas e sacrificadas. Professor não descansa, está sempre se atualizando e buscando as novas linguagens e formas de ensinar.


Esta paixão pela aprendizagem é a inspiração que o mundo precisa para evoluir.

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Professor Carlos Alberto Dutra Osório, dando aula de matemática durante a pandemia em Campo Grande

Respeitar professoras e professores passa por difundir a história que inspira alunos e novos docentes para o ofício que coloca o conhecimento em movimento.


O Dia do Professor, celebrado neste 15 de outubro, é resultado da luta de uma mulher, filha de ex-escravos, que acreditava que a educação era o caminho para o futuro. Antonieta de Barros criou o Dia do Professor e o feriado escolar em Santa Catarina pela Lei nº 145, de 12 de outubro de 1948, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Só em outubro de 1963, o então presidente João Goulart tornou a lei nacional.

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Antonieta de Barros, professora e deputada estadual de Santa Catarina, que rompeu barreiras,combateu injustiças e valorizou o professor

Antonieta de Barros, que nasceu em Florianópolis em 11 de junho de 1901, pouco antes de seu pai falecer, foi a primeira mulher negra a ser eleita no país. Para chegar até a Assembleia Legislativa, em 1934, ostentando o grande feito de ser a primeira deputada mulher de Santa Catarina, Antonieta travou uma história de rompimento de barreiras racial, de gênero e de classe. Conseguiu passear e atravessar a década de 30, numa sociedade racista, machista e burguesa, tendo sido respeitada como grande educadora e representante política da população. Tinha voz numa época que as mulheres eram silenciadas.

Foi em um dos empregos da mãe Catarina Waltrick, que trabalhava como lavadeira, na casa do político Vidal Ramos, em Lages (SC), que a paixão de Antonieta pela educação começou. Com a ajuda da família empregadora ela foi alfabetizada em uma escola particular em 1906, quando tinha cinco anos. Quatro anos depois foi para a escola pública e aos 16 anos, em 1917, preparava-se para fazer as provas da Escola Normal Catarinense – formação que a daria possibilidade de seguir o sonho de ser professora.

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Mural homenageia a educadora Antonieta de Barros em Florianópolis- SC, a primeira mulher negra eleita no país em 1934

Em 1926 com o pseudônimo de Maria da Ilha, fundou o jornal A semana, tornando-se bravamente escritora e jornalista no estado catarinense. A intenção de Antonieta era levar a mais pessoas as mudanças necessárias no Estado, como questões sociais, a necessidade de ações para crescimento educacional e redução do analfabetismo, e as definições dos papéis sexuais.

Em um artigo publicado em outro veículo, o Jornal República, em julho de 1932, Antonieta fez duras críticas à falta de oportunidades de mulheres continuarem a formação estudantil em faculdades. “Há uma grande lacuna na matéria de ensino: a falta dum ginásio onde a mulher possa conquistar os preparatórios para ingressar no ensino superior. O elemento feminino vê, assim, fechados diante de si, todos os grandes horizontes”.


A educadora criticava a gestão de Irineu Bornhausen, que governava o Estado na época, ao afirmar que ele não estava preocupado em tornar a educação acessível a todas as pessoas. Foi para mudar o cenário educacional e de pequeno acesso que Antonieta se candidatou a uma cadeira na Assembleia Legislativa em 1934, pelo Partido Liberal Catarinense. Ela foi a primeira deputada estadual a ser eleita no estado após ter sido concedido o direito de voto às mulheres. Com tantas ações positivas, o eleitorado a elegeu deputada mais uma vez em 1948.

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Educadora e deputada estadual Antonieta de Barros, a mulher que criou o Dia do Professor e quebrou barreiras


Honesta, enérgica e humana, era respeitada e admirada por seu espírito de justiça. Como deputada estadual Antonieta de Barros instituiu o marco para que os educadores passassem a ser vistos como importantes agentes de mudanças na sociedade.


Educar é ensinar os outros a viver; é iluminar caminhos alheios; é amparar debilitados, transformando-os em fortes; é mostrar as veredas, apontar as escaladas, possibilitando avançar, sem muletas e sem tropeços; é transportar às almas que o Senhor nos confiar à força insuperável da Fé”, disse a parlamentar em um dos discursos.


Antonieta faleceu por complicações de um quadro de diabetes, em 28 de março de 1952, mas seu legado permanece vivo até hoje. Em homenagem a ela, foi criada a Medalha de Mérito Antonieta de Barros, que homenageia pessoas físicas e jurídicas que criam trabalhos relevantes, ou, ainda, destacam-se na luta na defesa do direito das mulheres.

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Antonieta de Barros, professora e deputada estadual de Santa Catarina, que rompeu barreiras,combateu injustiças e valorizou o professor

Também leva o nome da heroína brasileira negra da educação o Prêmio Antonieta de Barros, criado pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial direcionado a reconhecer jovens comunicadores negros do país.


Antonieta de Barros teve papel importante na luta pela educação, pela igualdade racial e pelos direitos das mulheres. Antonieta viveu e se fez ouvir quando mulher ainda não tinha voz. Enfrentou discriminação pela cor da pele numa sociedade racista, machista e burguesa.


Não desistiu porque tinha o propósito de marcar sua existência nesta vida. São pessoas assim que transformam nossa vida e nos inspiram a sermos melhores a cada dia. A sua voz é também a nossa voz.

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Professora – docente que coloca o conhecimento em movimento

Vamos lutar por uma sociedade mais igualitária, menos racista, menos machista e mais humana! Esta luta começa valorizando os profissionais responsáveis por formar todas as profissões. Afinal, para cada oficio, tem um professor e esta é a profissão mais importante para a construção de um futuro transformador para o nosso país.

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Dia do Professor: docente que coloca o conhecimento em movimento


Fotos: UFMG/Reprodução, Flavio Tin/ND e Arquivo Pessoal