Txai Suruí: indígena de Rondônia é destaque na abertura da COP26

A indígena Txai Suruí,de Rondônia, ficou conhecida em todo o mundo após discurso em Glasgow apontar necessidade de defender a Amazônia contra o desmatamento.
Txai de 24 anos foi a única brasileira a discursar na abertura oficial da conferência, que acontece até o dia 12 de novembro em Glasgow, cidade da Escócia, com lideranças de todo o mundo.
No discurso feito na segunda-feira, dia 1º, a jovem falou sobre a necessidade de medidas urgentes para frear as mudanças climáticas, além de ressaltar a importância dos povos indígenas na proteção da Amazônia.

“Nós, os povos indígenas, estamos na linha de frente da emergência climática lutando com nossas vidas e devemos estar no centro dessa discussão. Sem povos indígenas não existe equilíbrio climático. A luta pela justiça climática é uma luta anticapitalista, antirracista, contra as desigualdades sociais e por igualdade de gênero. Só assim conseguiremos salvar o Planeta”, disse a única brasileira a participar da abertura da COP26.
Nascida dos Povos Suruí em Rondônia, Walelasoetxeige Suruí (ou Txai Suruí) é filha de Almir Suruí, 47, uma das lideranças indígenas mais conhecidas por lutar contra o desmatamento na Amazônia.
Ela também falou sobre os ensinamentos recebidos através de seu pai, inclusive a importância de viver em harmonia com a natureza.
“Meu pai, o grande cacique Almir Suruí, me ensinou que devemos ouvir as estrelas, a lua, o vento, os animais e as árvores. Hoje o clima está esquentando, os animais estão desaparecendo, os rios estão morrendo, nossas plantações não florescem como antes. A Terra está falando, ela nos diz que não temos mais tempo”, disse. Os Povos Suruís têm cerca de 2 mil indígenas e vivem há pelo menos 6 mil anos na Floresta Amazônica.

Ainda no discurso da COP26, Txai relembrou a morte do indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau, que trabalhava registrando e denunciando extrações ilegais de madeira dentro da aldeia onde morava. Segundo Txai, ele foi morto por defender a floresta.
Nascida dos Povos Suruí em Rondônia, Walelasoetxeige Suruí (ou Txai Suruí) é filha de Almir Suruí, 47, uma das lideranças indígenas mais conhecidas por lutar contra o desmatamento na Amazônia.

A jovem líder está no último semestre do curso de direito e já atua na parte jurídica da Associação de Defesa Etnoambiental (Kanindé), entidade que defende a causa indígena em Rondônia, como estagiária. Ela é a primeira do povo Suruí a cursar direito na Universidade Federal de Rondônia (Unir).
Txai Suruí é fundadora do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia. À frente do grupo indigenista, Txai já liderou atos pedindo a saída do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e também denunciou o avanço da agropecuária sobre a Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau em Rondônia.

Nos últimos anos, Txai participou de vários manifestos em defesa dos povos. Um dos últimos protestos foi em agosto, quando indígenas ocuparam a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, contra medidas que dificultam a demarcação de terras e incentivam atividades de garimpo.

Nas redes sociais, a jovem indígena da Terra Uru-Eu-Wau-Wau, mostra as várias ameaças que os Povos Suruís sofrem em Rondônia.
Fotos: Reprodução/COP26, Gabriel Uchida/Arquivo pessoal e Reprodução/Instagram