Brasília dourada pelos majestosos Cambuís
Cambuís adornam Brasília com o dourado de suas flores em contraste com o tom cinzento da arquitetura moderna e do concreto e do tempo nublado, claro. Pelo menos 250 mil árvores da espécie florescem nesta época do ano. Imponentes, capazes de atingir até 20m de altura, elas simulam uma imensa bandeira verde-amarela.
Dezembro é o mês de maior incidência de chuva em Brasília, com precipitação de 250 milímetros em média (contra 10 milímetros em junho) e 250 mil árvores, que adoram esse clima, aproveitam para florescer. Mesmo com o céu nublado e as chuvas de dezembro, a capital do país fica mais colorida e vibrante com as árvores floridas.
A primeira florada leva de três a cinco anos e dura até 60 dias após florir. Por isso, vale a pena sair por aí contemplando esse espetáculo da natureza principalmente neste último domingo do mês de dezembro de 2021.
As árvores têm efeito ornamental por conta da beleza de suas flores amarelas que fazem contraste com o verde das folhas. Os galhos cheios de folhas amarelas ficam visíveis de longe e dão um colorido especial e charmoso a Capital da Esperança.
Ao andar por Brasília, é difícil não se deparar com árvores enormes e amarelas. Os Cambuís estão por toda parte. No Setor de Clubes, na via entre a Universidade de Brasília e o Setor de Embaixadas Nortes, no Eixão, nos Eixinhos, Esplanada dos Ministérios, na Asa Sul e Norte, Parque da Cidade, Parque Ana Lídia, no Canteiro Central da Avenida L4 Sul ,Sudoeste, Eixo Rodoviário Sul e Norte, e por aí vai…
A suavidade da beleza do Cambuí se sobressai até mesmo perto das belas, mas sóbrias, estruturas físicas dos prédios do sistema jurídico brasileiro, como a Procuradoria-Geral da República (PGR), STM, STJ, STF, TSE, MPDFT e TJDFT.
O intenso amarelo-dourado à moda Vincent Van Gogh, que oferece beleza, descontração e otimismo, está também nas regiões administrativas do Distrito Federal, graças a dedicação da Novacap.
O engenheiro agrônomo Ozanan Coelho (1943-2016), o “pai das árvores” de Brasília, contou que as sementes da planta foram trazidas de Minas Gerais. Ele foi chefe do Departamento de Parques e Jardins da Novacap por 30 anos.
Até hoje existem cambuís que datam do início de Brasília. Mas, entre os anos de 1975 e 1976, cerca de 50 mil árvores adultas morreram na cidade, o que repercutiu de maneira muito negativa. As árvores teriam morrido por conta do solo do cerrado, que é bastante pobre e não conseguia oferecer suporte alimentar para as espécies. Brasília também não possuía condições climáticas favoráveis para o desenvolvimento dessas árvores. O acontecimento forçou a realização de pesquisas e a produção de mudas de espécies nativas do cerrado a partir de 1976.
As árvores, como um todo, são muito importantes. Elas atuam na melhoria da qualidade de vida da população, servindo como fonte de alimento e habitat de uma enorme variedade de animais.
O Cambuí (Peltophorum dubium) é uma árvore extremamente ornamental. Seu tronco decorativo presta-se bem para o paisagismo, especialmente na arborização de cidades e parques.
As flores apresentam cinco pétalas amarelo-vivas e perfumadas e elas ficam agrupadas em cachos ramificados com até 40cm de comprimento. As folhas são pequenas, o que favorece o cultivo como bonsai. Seus frutos são comestíveis e apreciados por várias espécies de aves.
A espécie é muito polinizada por abelhas e apresenta raízes muito bem desenvolvidas, que resistem ao vento e tempestades, o que facilita a arborização urbana.
Seu tronco possui textura especial e descasca constantemente provocando efeito “marmorizado”. A madeira do Cambuí é tão dura que costuma ser utilizada em cabos de martelo, caibros de barracões e em muitos instrumentos agrícolas.
Cambuí vem do tupi-guarani e significa “Árvores de ramos ou galhos finos”. Pode ser encontrado na caatinga, em matas secas do cerrado e em solos profundos que margeiam cursos d’água. Também pode ser vista em florestas estacionais, em uma faixa que se estende da Bahia ao Rio Grande do Sul, na Argentina e no Paraguai.
Fotos: Bernadete Alves, Gilbert Di Angellis, Tony Winston/AgênciaBrasília e Reprodução
