Paraplegicos voltam a andar após implantação de eletrodos na medula espinhal

Três pacientes paraplégicos voltaram a andar, nadar e andar de bicicleta graças a um tratamento que prevê a implantação de eletrodos na medula espinhal, um avanço científico que poderia se generalizar em alguns anos.
Os três homens de 29, 32 e 41 anos, cujos membros inferiores ficaram completamente paralisados após lesões na medula espinhal , não apenas eram incapazes de movimentar as pernas, mas também haviam perdido toda a sensibilidade nas mesmas. Após o tratamento conseguiram andar, andar de bicicleta e nadar usando um dispositivo de estimulação nervosa controlado por um tablet com tela sensível ao toque.

O tratamento, liderado pela cirurgiã suíça Jocelyne Bloch e pelo neurocientista francês Grégoire Courtine, consiste na implantação de 15 eletrodos na medula espinhal, que enviam estímulos elétricos gerados externamente por um computador controlado pelo paciente para os músculos das pernas e do tronco, por meio de um tablet.
Não há tratamento existente para permitir que a medula espinhal se cure, mas os pesquisadores buscaram maneiras de ajudar as pessoas paralisadas a recuperar a mobilidade por meio da tecnologia.
Eles criaram algoritmos de inteligência artificial que instruem eletrodos no dispositivo a emitir sinais para estimular, na sequência adequada, os nervos individuais que controlam os músculos do tronco e das pernas necessários para várias atividades, como levantar de uma cadeira, sentar e caminhar.

Grégoire Courtine e Jocelyne Bloch, do Instituto Federal Suíço de Tecnologia em Lausanne, lideraram o estudo publicado na revista Nature Medicine, no dia 07 deste mês. Eles ajudaram a estabelecer uma empresa de tecnologia com sede na Holanda chamada Onward Medical, que está trabalhando para comercializar o sistema.
A empresa espera lançar um teste em cerca de um ano envolvendo 70 a 100 pacientes, principalmente nos Estados Unidos, disse Courtine.

Em apenas um dia de treinamento, os três voluntários voltaram a andar e conseguiram controlar movimentos complexos, como nadar e pedalar, mesmo fora do laboratório. “Os primeiros passos foram algo incrível, um sonho tornado realidade”, disse o italiano Michel Roccati, um dos três pacientes nos quais o estudo foi realizado.
Há quatro anos, um acidente de moto resultou em uma lesão na coluna, deixando-o paralisado. “Agora sou capaz de subir e descer as escadas e ter como objetivo, na primavera, poder caminhar um quilômetro”, acrescentou Roccati.


O resultado vem depois de muitos anos de pesquisas realizadas pelo grupo nesta área de onde nasceu a startup holandesa Onward Medical, cujo principal objetivo será testar esta nova tecnologia em milhares de pacientes, para poder comercializá-la dentro de alguns anos.
Se os primeiros resultados deste estudo forem confirmados em estudos maiores, pessoas imobilizadas por lesões na medula espinhal poderão um dia abrir um smartphone ou conversar com um smartwatch, selecionar uma atividade como “andar” ou “sentar” e enviar uma mensagem para um dispositivo implantado que estimulará seus nervos e músculos para fazer os movimentos apropriados acontecerem, disseram os pesquisadores.

Informações da Agência Ansa.
Fotos: Reprodução