Aroeira, árvore da pimenta-rosa, é estudada contra infecções e inflamações

A árvore originária da América do Sul e presente em todo o Brasil, é rica em flavonoides, saponinas, terpenos e taninos, compostos que lhe conferem propriedades anti-inflamatórias, tônicas, diuréticas, cicatrizantes e antimicrobianas.
Revisões de estudos já mostraram que das atividades encontradas, destacam-se as anti-inflamatória, antifúngica, antibacteriana, cicatrizante, antiparasitária e antioxidante. A planta teria até uma atuação como inseticida natural.

Segundo fitoterapêuticos, a casca, folhas e raízes da planta são estudadas por seus benefícios à saúde. Pesquisa feita por brasileiros e publicada em 2013 no periódico Evidence-based Complementary and Alternative Medicine, mostrou que a planta pode reduzir a inflamação provocada pela gengivite, apesar de não tratar o problema.
“Há necessidade de realização de estudos mais aprofundados, cuja finalidade garanta uma maior segurança em seu uso e maior eficácia da sua terapêutica, para assim orientar melhor a população quanto a sua utilização tal como, para a formulação de novos medicamentos a partir de seus compostos bioativos”, diz a última revisão.

Aroeira é o nome popular de várias espécies de árvores da família Anacardiaceae. Cientificamente é chamada de Schinus terebinthifolius e é conhecida pelos nomes aroeira-mansa ou aroeira-pimenteira ou aroreira vermelha (Schinus terebinthifolius) e aroeira-brava ou aroeira branca (Litheraea molleoides). De porte médio e crescimento rápido, pode alcançar de oito a 20 metros de altura e se adapta a várias condições ambientais.
A espécie utilizada para fins medicinais é a aroeira mansa. Uma árvore de pequeno a médio porte, capaz de alcançar de 5 a 9 metros de altura. Seu caule é um pouco tortuoso e a casca escura e fissurada. A aroeira-mansa é dióica, isto é, há árvores fêmeas e árvores machos.

Com pequenas flores amarelas, florescendo entre os meses de setembro a janeiro, atraem abelhas que produzem um mel de excelente qualidade, que atua no combate à azia e à gastrite.
Os pequenos frutos com sementes e polpas oleaginosas, após o processo de industrialização, são conhecidos como pimenta-rosa ou poivre rose, na França. Essa frutinha de passarinho, de sabor levemente apimentado, é uma das especiarias queridinhas dos chefs de várias partes do mundo.

Apesar de serem chamados de pimenta, os frutos não tem parentesco com a pimenta-do-reino, e nem são ardidos. O sabor está mais para adocicado do que para picante. Esta pimenta-rosa é usada para condimentar pratos doces e salgados e é famosa fora do Brasil, sendo muito apreciado na culinária francesa.

As folhas, cascas, flores, sementes e frutos da aroeira são amplamente utilizados na medicina popular e na culinária.
A casca, seca e preparada, é comercializada por casas de produtos naturais para fazer chá. É benéfico para a redução de sintomas de úlceras, azia, gastrite, bronquite, infecções e inflamações, além de ajudar em cicatrizações. Entretanto, é importante reforçar que mesmo chás naturais precisam ter o seu consumo recomendado por médicos ou nutricionistas com experiência em plantas medicinais.

O preparo do chá de aroeira, segundo Bruna Lima, nutricionista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz de São Paulo, vai variar de acordo com o tipo de uso que a pessoa pretende fazer da bebida. Existem algumas maneiras de prepará-lo. Para as doenças internas, ele pode ser feito por infusão, já para as doenças externas o preparo se faz através do cozimento das cascas ou folhas, para ser usado diretamente ou com uso de compressas.
Chá de aroeira
Ingredientes: 150 gramas de folhas de aroeira 4 pedaços de casca de aroeira 1 litro d’água
Modo de preparo
Aqueça a água em um recipiente, coloque as folhas e as cascas e ferva por cerca de 5 minutos. Coe assim que esfriar. Ele pode ser tomado morno ou gelado.

Segundo a nutricionista o consumo deve ser feito com moderação e o indicado é que se tome o chá de aroeira por, no máximo, uma semana, reavaliando se está fazendo efeito ou não. “É importante perceber se há necessidade de um outro tipo de acompanhamento. Tudo isso é muito individual e tem que ser analisado caso a caso, sempre com acompanhamento médico”, diz.
Bruna lembra que o consumo excessivo de chá de aroeira pode desencadear uma diarreia muito forte, isso porque ela tem efeito purgante. Além disso, outros efeitos colaterais são as lesões que pode causar na pele e nas mucosas, reações alérgicas, dor de estômago, dermatite, irritação na boca ou garganta. Por isso, o uso da planta deve ser feito com indicação médica ou de um nutricionista com experiência em plantas medicinais.
A nutricionista diz que alguns estudos apresentam uma das propriedades do chá de aroeira como potencial diurético, como resultado da ação dos antioxidantes e polifenóis que combatem radicais livres e o estresse oxidativo no organismo. O chá não é emagrecedor e sua propriedade bioativa auxilia na resposta à retenção hídrica. O importante é usar a planta com a orientação médica.

Natalia Galassini Naswaty, nutricionista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo lembra que o chá de aroeira ou qualquer outro produto feito com a planta não é recomendável para gestantes, lactantes, crianças, pessoas com pele sensível ou que têm condições gastrointestinais. O uso da planta pode causar contração uterina, efeito laxativo ou resultar em crises alérgicas.
Natalia dia que o chá de aroeira é frequentemente utilizado para fins aromáticos e terapêuticos devido à sua substância ativa carvacrol. Em um estudo de 2013, o carvacrol presente no chá de aroeira mostrou afetar a atividade dos neurônios de forma a aumentar a sensação de bem-estar dos indivíduos.

A casca também pode ser usada para fazer banhos de assento, compressas ou pomadas. Rica em tanino, sendo utilizada no curtimento de couros e no fortalecimento de redes de pesca. Além disso, a madeira é muito resistente, durável, utilizada na construção de moirões.
Quem não conhece esta árvore deve tomar cuidado com uma espécie de aroeira: a brava, também conhecida popularmente como aroeira-branca, aroeirinha, aroeira-do-brejo, aroeira-da-capoeira, bugreiro.

Ao passar perto desta árvore ou sentar-se à sombra da aroeira brava, pessoas sensíveis aos alquil-fenóis (que são substâncias causadores de dermatite alérgica) podem apresentar uma dermatite de contato caracterizada por vermelhidão, coceira e até bolhas durante vários dias.
Fotos: Fernando Farias, João Medeiros e Reprodução