General brasileiro é escolhido pela ONU para chefiar missão de paz no Congo

A ONU designou mais um brasileiro para o comando da MONUSCO, a Missão para Estabilização na República Democrática do Congo (RDC). O general de Divisão Otávio Rodrigues de Miranda Filho substituirá o atual chefe, Marcos de Sá Affonso da Costa.
Ao assumir a função, em março de 2023, o novo Force Commander contará com um efetivo aproximado de 15 mil militares, de cerca de 50 países contribuintes de tropas da ONU. Os principais objetivos da MONUSCO são a proteção de civis, a facilitação da ajuda humanitária e o desarmamento de combatentes desmobilizados e, neste ano de 2023, o apoio à realização das eleições em dezembro.
O anúncio foi feito no dia 4, em Nova York, pelo secretário-geral da organização, o português António Guterres. Segundo o comunicado da ONU, o General de Divisão Miranda Filho, é comandante militar na Amazônia, onde coordena estrutura logística que fornece suporte a dezenas de organizações militares.
Com mais de 40 anos de serviço, o General Miranda Filho, já chefiou a área de assuntos internacionais das Forças Armadas, foi chefe do gabinete do Comando Militar do Planalto e adido militar na embaixada do Brasil na China.
O Brasil, ainda que não esteja entre os países com maiores efetivos enviados, tem protagonismo. Antes de Miranda Filho e Affonso da Costa, a Monusco foi chefiada por Carlos Alberto dos Santos Cruz, entre 2013 e 2015 — ele também atuou no Haiti, entre 2007 e 2009.

Ao lado do Brasil e da Indonésia, a República Democrática do Congo também trabalha em uma cooperação para a proteção de florestas.
O País é um dos que apresenta maior fluxo de migrantes para o Brasil, muitos em busca de refúgio. Em 12 anos, de 2010 a 2021, 2.015 congoleses foram registrados no Brasil. O assunto ganhou notoriedade após o assassinato de Moïse Mugenyi Kabagambe, jovem negro espancado até a morte, no Rio de Janeiro, no início do ano passado.
A República Democrática do Congo (RDC), localizada na região central do continente africano, possui sérios problemas sociais e diversos conflitos armados. Apesar de ser um dos maiores países do mundo em extensão territorial e de possuir muitas riquezas naturais, seu índice de desenvolvimento humano é muito baixo, enquanto o de mortalidade infantil é muito alto.

O Conselho de Segurança da ONU, órgão máximo das Nações Unidas e responsável por renovar de forma periódica a operação, atribuiu à Monusco dois objetivos principais: proteger civis e apoiar instituições públicas e grandes reformas de governança e segurança no País. Nos moldes em que está, a Monusco existe desde 2010. A ONU, no entanto, atua na nação africana desde o final da década de 1990.
A Monusco, ao longo do último ano, foi alvo de protestos de civis. Em julho, três militares da missão e 12 manifestantes morreram em atos que acusavam a missão da ONU de ineficácia diante de grupos armados ativos no leste do País há quase três décadas. Manifestantes saquearam e destruíram instalações da Monusco em Goma. A ONU disse que o ato poderia configurar crime de guerra e abriu uma investigação.
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