Organização dos Estados Americanos reitera apoio à democracia brasileira e repudia golpistas

O Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) se reuniu extraordinária nesta quarta-feira, dia 11 de janeiro, às 12h (horário de Brasília) em Washington, para analisar os atos violentos e antidemocráticos contra os três Poderes no Brasil ocorridos no dia 08 em Brasília. A reunião foi transmitida – com interpretação em espanhol, inglês, francês e português – ao vivo no site da OEA, Facebook e YouTube.
Representantes de 28 dos 35 países que integram a Organização dos Estados Americanos discutir os atos O encontro foi uma demonstração de solidariedade ao Brasil, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de união de todo o continente. Um recado político de que não há espaço para atos antidemocráticos na região.
A convocação foi solicitada pelo presidente chileno, Gabriel Boric, que se manifestou de forma enfática sobre a invasão, destruição e furtos das sedes do Congresso, Planalto e STF, em Brasília pelos radicais bolsonaristas. O presidente Boric chamou de “ataque absurdo” em uma manifestação nas redes sociais onde demonstrou total apoio ao governo brasileiro.
“O Chile repudia a inaceitável ação que promoveu a agressão aos três poderes no Brasil. Estamos solicitando com outros países a convocação de uma sessão extraordinária ao Conselho Permanente da OEA para apoiar a democracia e o estado de direito no Brasil, escreveu no Twitter.

O secretário-geral da OEA, Luiz Almagro, fez um duro discurso contra os atos golpistas e disse que a organização tem os instrumentos e os princípios democráticos para analisar e condenar esse tipo de ameaça no hemisfério.
“Quando a democracia é ameaçada, como vimos no domingo, em Brasília, todos nós devemos agir imediata e firmemente para defender a democracia, investigando, denunciando e determinando as responsabilidades dos investigados, financiadores e responsáveis intelectuais. Não é possível que um movimento fique tanto tempo diante dos quartéis sem que alguém esteja financiando”, disse referindo-se aos acampamentos de bolsonaristas montados após as eleições, em novembro, em frente a quartéis de todo o país.
“As instituições brasileiras responderam de maneira efetiva à situação. Essas situações não são mais eventos isolados e nós condenamos de maneira clara e enérgica essa mobilização de caráter fascista e golpista que ameaçou os três poderes do Brasil”, afirmou. “Manifesto toda nossa solidariedade com o presidente Lula e aos outros poderes”, acrescentou Luiz Almagro.
O embaixador americano Thomas Hastings disse que o uso da violência é inaceitável e destacou: “Os Estados Unidos apoiam o governo brasileiro no desejo de proteger as instituições democráticas e encontrar os responsáveis pelos ataques”.
O embaixador do Chile, Sebastián Eugenio Kraljevich Chadwick, também condenou os ataques, classificando o episódio como lamentável. “Isso foi um atentado contra a democracia que ocorreu domingo quando milhares de bolsonaristas invadiram as sedes dos três poderes, em Brasília, motivados por uma fraude imaginária [nas eleições]”, disse. “Isso mostra os perigos da ultradireita para o mundo e temos também a lembrança traumática desse tipo de invasão, há paralelos com outros eventos”, acrescentou se referindo à invasão do capitólio, nos Estados Unidos, há dois anos.

O embaixador brasileiro na organização, Otávio Brandelli, abriu o encontro dizendo que os ataques trouxeram tristeza e perplexidade e que os crimes não serão tolerados. “Os responsáveis pelos atos violentos de vandalismo contra a sede das altas instituições brasileiras serão identificados e tratados com o rigor da lei, dentro do devido processo legal”.
“A democracia brasileira acaba de dar uma demonstração de solidez e de eficácia de seus mecanismos de proteção graças à atuação firme e coesa dos Três Poderes da República”, declarou o embaixador Otávio Brandelli.
O embaixador do Canadá, Hugh Adsett, que frisou que as eleições no Brasil ocorreram de forma livre e justa. “O Canadá condena com clareza os acontecimentos. O Canadá e a comunidade internacional estão ao lado do Brasil e seu governo democraticamente eleito e falamos com uma voz unida para falar com uma voz muito clara de que a democracia deve permanecer”, defendeu.
Da mesma forma, os países observadores da OEA, como França, Itália, Reino Unido, Portugal, Espanha e outros, se manifestaram da mesma forma citando que o Brasil e o presidente Lula merecem todo o apoio. E que medidas firmes sejam tomadas para evitar que essas ações se repitam.

Por considerar grave o que aconteceu em Brasília, o Reino Unido participou da reunião da OEA. James Roscoe disse que “o encontro manda uma mensagem clara de apoio ao governo brasileiro e àqueles que acreditam na democracia, e de rejeição aos atos de violência, deixando os responsáveis totalmente isolados”.
Líderes de países falaram da importância de manter a ordem e fazer com que grupos radicais não prosperem porque não sabem aceitar uma derrota eleitoral. Todos reconheceram a legitimidade das eleições brasileiras e consideram esse ato reflexo de uma ideologia da extrema direita que não está apenas no Brasil. Lembraram o caso do Capitólio nos Estados Unidos e reafirmaram apoio às instituições brasileiras e a manutenção da democracia.
A OEA foi fundada em 1948 e, atualmente, é formada por 35 países. O Conselho Permanente é composto por um representante de cada país e serve como um fórum político de discussão.
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