Voto Feminino no Brasil: um marco na perspectiva do empoderamento

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Voto Feminino no Brasil: 91 anos de um marco na perspectiva do empoderamento

Celebramos neste 24 de fevereiro 91 anos da conquista do voto feminino no Brasil, assegurado pelo Decreto 21.076 de 1932, pelo então presidente Getúlio Vargas. O Dia da Conquista do Voto Feminino no Brasil, celebrado todo dia 24 de fevereiro, foi instituído pela Lei 13.086, de 2015.

Com a instituição do Código Eleitoral, também naquele ano foi criada a Justiça Eleitoral. Já em maio de 1933 foi eleita a Assembleia Constituinte para aprovar uma nova Constituição, que incorporou o sufrágio feminino para maiores de 18 anos, alfabetizadas, sem restrição ao estado civil e somente obrigatório para as servidoras públicas.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, durante a sessão plenária de quinta-feira, 23 de fevereiro, lembrou que o Brasil foi “um dos primeiros países do mundo a universalizar o voto, inclusive para todas as mulheres”. Ele também destacou que, em 91 anos, a Justiça Eleitoral é fundamental para a construção contínua da democracia no Brasil, e que é “importante lembrarmos e comemorarmos” sempre o dia 24 de fevereiro de 1932.

Ainda temos muito que conquistar em igualdade de representação, respeito, superação da violência política e direitos. Conquistas importantes porque as mulheres compõem mais da metade dos brasileiros habilitados a votar e têm o poder de definir uma eleição.

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TSE celebra os 91 anos do Voto Feminino no Brasil

Noventa e um anos após o advento do voto feminino, a representação política feminina segue, desde o princípio, sendo baixa. Na legislatura da Câmara dos Deputados de 1950-1954, a presença feminina foi de apenas 0,3%, entre os 326 deputados. No registro de 1995-1999, essa porcentagem foi para 7%, entre os 513 parlamentares eleitos. Devido a esse histórico, a luta pela inclusão da mulher é pauta em toda eleição.

Nas Eleições 2022, 311 mulheres se elegeram. O número é aproximadamente 2% maior do que o do pleito de 2018, quando 287 candidatas foram escolhidas pelo eleitorado. A quantidade de candidaturas também aumentou em torno de 2%: hoje, elas são 34% do total de candidatos.

A presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Rosa Weber, relembrou a conquista do voto feminino e disse que apesar dos avanços, a presença da mulher nos espaços de poder é pequena. A magistrada destacou a importância dessa equivalência para o fortalecimento da democracia brasileira.

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Ministra Rosa Weber, presidente do STF, critica o déficit de mulheres na política

“Ainda hoje insatisfatórios os índices de presença das mulheres na política, em que há verdadeira sub-representação feminina, a despeito de as mulheres serem a maioria da população. O Brasil se situa entre os últimos colocados no ranking da presença feminina nos parlamentos dos países da América Latina e do mundo, enquanto, por exemplo, a Argentina, Bolívia, México e Paraguai já estão a alcançar a paridade de gênero”, ressaltou.

Weber também lembrou das magistradas brasileiras, que ainda são menor parcela no país. “Aliás, o mesmo vale para o próprio Poder Judiciário, em especial no tocante à composição dos Tribunais Superiores”, destacou.

“O déficit de representatividade feminina significa um déficit para a própria democracia brasileira. Não é uma busca apenas em benefício das mulheres, mas de todos e se confunde, por isso mesmo, com o próprio fortalecimento da democracia. Sempre oportunas as palavras de Michelle Bachelet: ‘quando uma mulher ingressa na política, transforma-se a mulher, quando muitas mulheres ingressam na política, transforma-se a política’”, disse a ministra.

A presidente do STF também destacou que a busca pela igualdade de gênero é papel não apenas das mulheres, mas também de toda a sociedade. “Reverter essa disparidade histórica de representação é um desafio que a todos se impõe: homens e mulheres, partidos políticos, sociedade civil e instituições de Estado — Legislativo, Executivo e Judiciário. Trata-se, na verdade, de aperfeiçoar a democracia, transformando um potencial direito em direito efetivamente exercido”, declarou.

Democracia não se realiza sem o justo respeito e participação política das mulheres. A luta agora é por mais representatividade.

Fotos: Reprodução