Papa Francisco decide que cardeais e autoridades não poderão mais morar de graça no Vaticano

Com a meta de cortar gastos o Papa Francisco determina que Cardeais e outras autoridades da Igreja Católica não poderão mais morar de graça no Vaticano. A informação foi divulgada na quarta-feira, 1º de março, por Maximino Caballero Ledo, que chefia o Ministério das Finanças do Vaticano. As novas regras surgiram de uma reunião que ele teve com o Papa no mês passado.
O documento assinado pelo Papa Francisco, chamado de “rescrito”, justifica que a medida foi tomada “para fazer frente aos crescentes compromissos que o cumprimento do serviço à Igreja e aos mais necessitados exige em um contexto econômico como o atual, que é particularmente grave”.
Até agora, os cardeais que moram em apartamentos pertencentes ao Vaticano, seja dentro da cidade-estado ou nos arredores de Roma, viviam sem pagar aluguel. Eles pagam por seus serviços públicos e despesas relacionadas ao pessoal. Alguns dos cardeais estão aposentados e recebendo pensões.
Bispos e outros administradores do Vaticano atualmente pagam aluguéis subsidiados. As novas regras se aplicam aos níveis de gerenciamento sênior do clero e leigos, como presidentes e funcionários de segundo e terceiro escalão nos departamentos do Vaticano.
A nota de Caballero Ledo, conhecida como rescrito, diz que o papa decidiu que os funcionários devem “fazer um sacrifício extraordinário” para aumentar os fluxos de renda e garantir que o máximo de dinheiro possível seja destinado à missão da Igreja.
O documento diz que os contratos atuais continuarão como estão até o término. Depois, serão aplicadas as novas regras.

Ele disse que Francisco revogou todos os subsídios anteriores e que os apartamentos do próprio Vaticano devem ser alugados para altos funcionários com as mesmas taxas aplicadas aos locatários sem conexão com o Vaticano. Todas as exceções às novas regras teriam que ser aprovadas pessoalmente pelo Papa, disse a nota.
A partir de agora, as instituições proprietárias dos imóveis deverão cobrar valores normalmente aplicados a pessoas que não têm cargos na Santa Sé ou no Vaticano. Também as Domus deverão aplicar as tarifas, incluindo o alojamento na Domus Santa Marta, prédio no Vaticano onde vive o Papa e que muitos prelados, mas também visitantes, por vezes usam como hotel sem pagar.
Os ativos imobiliários da Administração do Patrimônio da Sé Apostólica (APSA) consistem em 4.051 propriedades na Itália e cerca de 1.120 no exterior, sem incluir as suas embaixadas.
Não é a primeira vez que o Vaticano aperta os cintos para economizar. Dois anos atrás, Francisco ordenou aos cardeais que fizessem um corte salarial de 10% e reduziu os salários de outros clérigos que trabalham no Vaticano para salvar empregos de funcionários. Na época, a decisão foi parcialmente motivada pelo impacto do coronavírus nas receitas da Santa Sé.
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