Bernardo Cabral será o 20º condecorado com a Medalha Rui Barbosa na história da OAB

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil aprovou por aclamação, nesta segunda-feira, 17 de abril, a outorga da Medalha Rui Barbosa, honraria máxima da advocacia brasileira, ao relator da Constituinte Bernardo Cabral. A medalha tem valor inestimável, pois representa um dos maiores reconhecimentos profissionais que se pode ter ao longo de toda a carreira.
Bernardo Cabral atuou como advogado, jornalista, promotor, chefe de polícia e psicólogo. Aos 30 anos, iniciou sua carreira política. Presidiu o Conselho Federal da OAB no biênio 1981-1983. Anteriormente, ocupou os postos de secretário-geral e conselheiro federal. Foi relator-geral da Assembleia Constituinte, e sugeriu a inclusão na Carta de 1988 do artigo 133, que define o advogado como indispensável à administração da Justiça.

O presidente da OAB Nacional, Beto Simonetti, apresentou breve histórico da vida pessoal e profissional do homenageado, membro honorário vitalício da OAB e constituinte.
“Essa é a história da vida de um herói. Um herói que representa a memória viva da democracia de nosso país. A Medalha Rui Barbosa consagra, na eternidade, a magnitude de sua contribuição para o Direito, para a advocacia e para a democracia no Brasil. Estou certo de que, nesta gestão, consagrar Bernardo Cabral à Medalha Rui Barbosa trará à classe não somente a força inscrita em seu nome, mas também o potencial para redirecionar a nossa história”, destacou Beto Simonetti.
A Medalha Rui Barbosa foi instituída em 1970 para homenagear grandes personalidades da advocacia brasileira. O primeiro agraciado foi Heráclito Fontoura Sobral Pinto, em 5 de novembro de 1971. Sobral Pinto, ferrenho defensor da democracia e dos Direitos Humanos, é o autor da célebre frase: “A advocacia não é profissão de covardes”. E não o é, de fato. Na guerra, é condecorado aquele soldado que demonstra coragem e bravura. Na militância diária em balcões de fóruns não se exige nada muito diferente disso, guardadas as devidas proporções.
Dentre outros recipientes da medalha encontram-se juristas de renome como Dario Paulo de Almeida Magalhaes (1975), Miguel Seabra Fagundes (1977), Nehemias Gueiros (1980), José Cavalcanti Neves (1981), José Ribeiro de Castro Filho (1982), Augusto Sussekind de Moraes Rego (1985), Evandro Cavalcanti Lins e Silva (1991), Alexandre José Barbosa Lima Sobrinho (1995), Paulo Bonavides (1996), Hermann Assis Baeta (1999 ), Raymundo Faoro (2002), Fábio Konder Comparato (2005), Agesandro da Costa Pereira (2008), Jose Afonso da Silva (2011), Paulo Roberto de Gouvêa Medina (2015), Cléa Carpi da Rocha (2017), Carlos Roberto Siqueira Castro (2020) e Antônio Nabor Areias Bulhões (2021).


A única mulher condecorada foi a advogada gaúcha Cléa Carpi da Rocha. Ela Foi a primeira mulher a assumir a presidência da OAB do Rio Grande do Sul e há vários mandatos é conselheira federal da entidade pelo seu estado.
“Quando editado o Ato mais feroz, o Ato (Institucional) nº 5, que fechou o Congresso, suspendeu habeas corpus para delitos políticos e, naqueles tempos, tudo era delito político (…) naquele dia, eu estava em Brasília, com meu marido. E Bernardo Cabral, vice-líder do MDB, estava acolhendo todos os deputados e senadores que estavam sendo perseguidos, com força de humanidade e extrema coragem. Vocês não podem imaginar o terror que se abatia na capital”, lembrou a advogada Cléa Carpi, que recebeu a honraria em 2017. Ela também destacou a atuação de Cabral como constituinte e, em seguida, pediu aos presentes na sessão do Pleno aplausos a Cabral.
O último advogado a receber a comenda Rui Barbosa foi o ex-presidente da OAB de Alagoas, Nabor Bulhões, renomado jurista. Em 2023 o homenageado é Bernardo Cabral, o 20º condecorado com a Medalha Rui Barbosa na história da OAB.
Fotos: Raul Spinassé