Espécies do Cerrado ameaçadas de extinção são reproduzidas em laboratório do GDF

O Cerrado é reconhecido como a savana com maior biodiversidade do mundo, abrigando cerca de 11.627 espécies de plantas nativas, sendo, aproximadamente, 4.400 espécies endêmicas (existentes apenas nesse bioma).
A flora é indispensável para a manutenção da vida na Terra, pois ela é a responsável pelo processo fotossintético. Preservá-la é de suma importância. Pensando assim o Jardim Botânico de Brasília (JBB) está reproduzindo em seu laboratório mais de mil plantas do Cerrado em risco de extinção e espécies de outros biomas. O espaço é o único desse tipo no Distrito Federal.
Pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) avaliou 7.385 espécies do cerrado, das quais 1.199 foram consideradas em risco – 16,2% do total.

As espécies do Cerrado ameaçadas de extinção, são reproduzidas no laboratório do Jardim Botânico de Brasília para serem reintroduzidas futuramente na natureza. Dentre elas orquídeas, cactos, bromélias e palmeiras.
O laboratório de reprodução in vitro do JBB conta com sala climatizada com cerca de 10 mil mudas em estágio inicial que acabaram de iniciar a germinação e 5 mil em frascos em fase final de crescimento ou já preparadas para serem aclimatadas em ambiente externo, além de três estufas com as plantas maiores.

O local também tem equipamentos que promovem a recirculação de 100% do ar, mantendo o espaço estéril para o manuseio das espécies, o que evita contaminações do meio externo nas amostras manipuladas.
Lilian Breda, superintendente técnico-científica do JBB, diz que preservar as espécies é contribuir com o meio ambiente. “Aqui temos uma variedade muito grande de plantas reproduzidas e estamos fazendo um trabalho de formiguinha, mas empenhados em preservar e conservar o cerrado.”

A gestora alerta sobre alguns fatores que aumentam causas da extinção de algumas espécies: “Algumas pessoas coletam bromélias e levam para casa, retiram a planta do habitat natural dela para embelezar a casa; elas acabam morrendo e, com isso, temos várias espécies ameaçadas. As queimadas são outro fator que contribui para a extinção”.
Daniel de Oliveira Mata, doutor em biologia molecular, conta que o processo de desenvolvimento e crescimento das espécies é realizado em ambiente controlado, com climatização, iluminação e temperatura controladas.

“Assim que estão aptas, elas serão aclimatizadas no ambiente externo para ambientação em estufas apropriadas, com controle de irrigação e adubação. Após todo esse processo, que pode durar anos, assim que preparadas para viver em um ambiente externo, elas vão para o orquidário, ou podem ser replantadas no JBB ou na natureza. Temos a capacidade de gerar novas mudas em um processo científico que visa à conservação das espécies, melhora o meio ambiente e preserva o Cerrado”, diz o gerente do laboratório do JBB.


Entre as mudas produzidas no laboratório, informa ele, destacam-se, nos exemplares do Cerrado, as espécies Cattleya walkeriana, uma orquídea em risco de extinção, e Ubelmania pectinifera (tipo de cacto). Mas também há bromélias e mais orquídeas de outros biomas.


Em ambientes controlados, o espaço do Jardim Botânico de Brasília tem procurado reproduzir, preservar e conservar as espécies do terceiro maior bioma do país

Fotos: Tony Oliveira/Agência Brasília