Biblioteca Comunitária: vai além do conhecimento, proporciona aconchego e dá voz à diversidade

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Biblioteca Comunitária: espaço democrático que proporciona aconchego e incentiva a prática da leitura

Bibliotecas podem inserir em seu meio desde a dona de casa à grandes pesquisadores dos diversos ramos dos saberes. O papel social das bibliotecas, além da disseminação da informação, é também, a inserção das comunidades em geral ao conhecimento e suas práticas.

Bibliotecas comunitárias são espaços com histórias tão singulares que poderiam ser contadas por diversos escritores pelo papel social que desempenham. A missão vai além de agregar conhecimento e formar novos leitores.

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Biblioteca Comunitária: vai além do conhecimento, proporciona aconchego e incentiva a prática da leitura

Os espaços são intercâmbios de conhecimento. São pontos de acolhimento, percepções sobre questões sociais e de transformação.

Para o diretor de livro, leitura, literatura e Bibliotecas do Ministério da Cultura, Jéferson Assumção, as bibliotecas comunitárias têm esse papel de servir como um espaço que congrega as pessoas. “São fundamentais para compreendermos um mundo cada vez mais fragmentado, cheio de ruído e de desinformação que inundam a sociedade”.

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Biblioteca Comunitária: vai além do conhecimento, proporciona aconchego e dá voz à diversidade

Jéferson Assumção diz que pela leitura, a pessoa pode conhecer outras coisas e sentir prazer em estar lendo, não somente quando precisa estudar.  Ele identifica que a biblioteca comunitária é capaz de estabelecer relações de formas autônomas. “Atua na promoção da diversidade e também no combate à desigualdade. Isso é algo muito importante. Existem bibliotecas comunitárias no Brasil inteiro e a criatividade do brasileiro é muito grande”.

Direitos humanos, diversidade, cultura antirracista, afrobrasileira, indígena são alguns dos temas que podem ser explorados por pessoas de diferentes idades nas Bibliotecas comunitárias.

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Biblioteca Comunitária do Bosque vai além do conhecimento, proporciona aconchego e dá voz à diversidade

A  Biblioteca Comunitária do Bosque, em São Sebastião, região administrativa do Distrito Federal, surgiu graças a iniciativa de um casal formado por um vigilante aposentado, Sebastião José Borges, de 52 anos, e de uma dona de casa, Dilma Mendes, de 58 anos, apaixonados por literatura. 

Pelo papel social e promoção da leitura, Bibliotecas Comunitárias como a de São Sebastião, podem vir a ser contempladas por uma iniciativa do Ministério da Cultura, que lançou, no dia 17 de agosto, o edital do Prêmio Pontos de Leitura 2023. Segundo o edital, serão destinados R$ 9 milhões para premiar 300 bibliotecas comunitárias brasileiras por suas ações de promoção da leitura e da literatura com o valor bruto de R$ 30 mil para cada uma.

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Sebastião José Borges e Dilma Mendes, fundadores da Biblioteca Comunitária do Bosque, em São Sebastião – DF

Na biblioteca em São Sebastião, o acervo é de mais de 10 mil livros. Todos chegaram por doação. Sebastião e Dilma não esperavam que a ideia implantada em 2004 e que tomou forma no ano seguinte tomasse forma de realidade. Inconformados com a falta de ponto de cultura e diversão no lugar em que moravam, passaram a movimentar a vizinhança. Primeiro, com a prática de esportes. 

Depois, viram que o livro poderia mexer com a comunidade. Pouco a pouco, a sala da biblioteca na frente da casa deles foi sendo tomada por estantes e obras que faziam as pessoas viajar, assim como sempre fizeram com Sebastião, o vigilante fascinado por Guimarães Rosa e as agruras de Grande Sertão: Veredas. “Gosto da história do povo sertanejo”, diz Sebastião.

A biblioteca era para funcionar “somente” de segunda a sexta-feira. Mas a batida no portão é de domingo a domingo. “Nosso trabalho é muito simples. Nós nos sentimos vitoriosos quando alguém diz que deixou de lado os celulares e os computadores porque estão empolgados com os livros”, conta Dilma Mendes.

Ocorre que a biblioteca para a comunidade ganhou um significado até maior do que a reunião dos livros. O Ponto de Cultura promove na rua feira literária, festas culturais, ações de solidariedade que deixaram o lugar famoso na região, que é um dos mais carentes do Distrito Federal. 

Fotos: Wilson Dias/Agência Brasil e Reprodução