Academia Brasileira de Cultura empossa mulheres empoderadas e protagonistas de saberes em sessão magna

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Viviane Mosé, Antenor Neto, Vanessa Giácomo, José Luiz Mendes, Margareth Menezes, Luana Xavier, Sonia Guajajara, Juma Xipaia, Daniela Mercury, Liniker e Leandro Bellini

A arte, a educação e a cultura existem para temperar o nosso viver. Estão relacionadas ao exercício do pensamento e à geração do conhecimento. Valores essenciais na formação pessoal, moral e intelectual do indivíduo e no desenvolvimento da sua capacidade de relacionar-se com o próximo.

Dada a sua importância em 2021 o professor Carlos Alberto Serpa de Oliveira, um mecenas das artes, idealizou e fundou a Academia Brasileira de Cultura, para fortalecer o setor cultural no país. A instituição é formada por 56 cadeiras destinadas a figuras notáveis e tem como missão reunir personalidades de diferentes setores artísticos e promover a valorização da memória cultural brasileira.

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Liniker e Mercury cantam o Hino Nacional na cerimônia de posse dos novos membros da ABC

Neste mês empossou 13 novos integrantes, em cerimônia organizada pelo acadêmico Leandro Bellini,  diretor da ABC e secretário de Cultura da Fundação Cesgranrio,  em Rio Comprido, no Rio de Janeiro, no dia 14. Tornaram-se imortais Alcione, Antenor Neto, Conceição Evaristo, Daniela Mercury, Glória Pires, José Luiz Ribeiro, Juma Xipaia, Liniker, Luana Xavier, Margareth Menezes, Sonia Guajajara, Vanessa Giácomo e Viviane Mosé.

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Academia Brasileira de Cultura dá posse a 13 novos membros durante sessão magna presidida pelo professor Carlos Serpa
  • A cantora Margareth Menezes, ministra de Estado da Cultura, ocupante da Cadeira 28, patronesse Emilinha Borba;
  • Sonia Guajajara, ministra de Estado dos Povos Indígenas, ocupante da Cadeira 16, cujo patrono é Paulo Paulino Guajajara, assassinado em 2019 no Maranhão;
  • A cantora Daniela Mercury, Cadeira 24, patrono Gonzaguinha;
  • A cantora Alcione, Cadeira 30, patronesse Ângela Maria;
  • A cantora Liniker, primeira artista transgênero, Cadeira 51, patronesse Elza Soares;
  • A escritora Conceição Evaristo, Cadeira 34, patrono Machado de Assis;
  • A atriz Glória Pires, Cadeira 42, patrono Antonio Carlos Pires;
  • A atriz e apresentadora Luana Xavier, Cadeira 54, patronesse Chica Xavier;
  • A atriz Vanessa Giácomo, Cadeira 55, patrono Chico Anísio;
  • A poetisa e filósofa Viviane Mosé, Cadeira 48, patrono Nietzsche;
  • A 1ª mulher a se tornar cacique no Médio Xingu, Juma Xipaia, Cadeira 49, patrono Marçal de Souza Tupã;
  • O gestor cultural Antenor Neto, Cadeira 52, patrono Pixinguinha;
  • O diretor teatral José Luiz Ribeiro, Cadeira 53, patrono Murilo Mendes.
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Ex-ministro da Cultura Marcelo Calero na posse da ministra Margareth Menezes na Academia Brasileira de Cultura

Uma posse significativa por reunir a diversidade cultural mais expressiva do país. Dentre eles dois integrantes da cultura, saberes e tradições dos povos indígenas e a 1ª mulher trans. Todos imortalizados na Academia Brasileira de Cultura. Um resgate a maravilhosa riqueza cultural do nosso imenso Brasil.

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Ministra Margareth Menezes durante posse na Academia Brasileira de Cultura

A ministra da Cultura falou da honra e alegria em compor a Academia Brasileira de Cultura ao lado de nomes tão importantes e representativos para cultura do país. “É gratificante sentir que uma carreira artística longeva, de quase quarenta anos, também é reconhecida e reverenciada neste momento em que trago comigo todas as mulheres que fortalecem e fortaleceram as expressões artísticas no Brasil, especialmente as mulheres negras”, afirmou Margareth Menezes.

“Trago comigo as mulheres que fortaleceram e fortalecem as expressões artísticas do Brasil, em especial, as mulheres negras, indígenas e as minhas ancestrais”, declarou a cantora baiana e agora imortal da ABC.

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Carlos Alberto Serpa dá posse a ministras e artistas na Academia Brasileira de Cultura

O presidente da Academia Brasileira de Cultura, professor Carlos Serpa, destacou a importância de cada um dos novos empossados, que se juntam a uma constelação de estrelas da cultura nacional, enfatizando que “juntos teremos força. Nossos ideais hão de prosperar. E de mãos dadas, mercê da nossa experiência em cada área da cultura, a faremos eternamente presente na vida de nossos conterrâneos, protegendo e incentivando a todos que, como nós, dedicamos nossa vida à Cultura, em suas diferentes formas. Em conjunto, nascemos com forte ideal.”

“Estamos imensamente felizes por ter congregado personalidades tão diversas de nossa cultura. Acreditamos que nossos ideais não apenas sobreviverão, mas florescerão”, disse o fundador da ABC.

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Carlos Alberto Serpa, com Sonia Guajajara e Juma Xipaia, novas integrantes da Academia Brasileira de Cultura

“Hoje já podemos sonhar com indígenas sendo reitores, reitoras, professores. É para isso que a gente luta. Ainda somos obrigados a escutar que nós temos culturas atrasadas, primitivas, mas é exatamente esse nosso modo de viver, com nossos costumes e tradições, que respeita a Mãe Natureza”, declarou a ministra Guajajara.

A secretária de Articulação e Promoção de Direitos Indígenas, a cacique Juma Xipaia, passa a ocupar a cadeira 46, cujo patrono é o também ativista indígena Marçal De Souza Tupã Y (1920-1983). Em seu discurso, ela alertou à proteção da Amazônia e falou que os povos da floresta precisam ser respeitados. Juma passou toda a cerimônia com a pequena Yanumi, sua filha, no colo. 

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Daniela Mercury durante posse na Academia Brasileira de Cultura

“Me sinto muito feliz com o reconhecimento pela contribuição como artista, como compositora, como fazedora da minha própria arte e criadora do meu próprio caminho”, declarou Daniela Mercury.

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Acadêmica Beth Serpa com as novas imortais Sonia Guajajara e Viviane Mosé

Glória Pires, cujo patrono  é seu pai, o ator Antônio Carlos Pires, declarou que seu pai é até hoje sua bússola, um exemplo de ética e moral: “Tive um pai feminista, amoroso, participativo nos afazeres da casa. Sua dedicação e paciência me ensinaram a controlar a ansiedade e me orientaram no ofício artístico. Era um colega reconhecido por todos por seu bom humor, seu bom senso e seu espírito humanitário”.

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Atriz Glória Pires toma posse na Academia Brasileira de Cultura junto com outras estrelas brasileiras
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Academia Brasileira de Cultura dá posse a 13 novos membros durante sessão magna

 A cantora Liniker  ficou muito emocionada ao ser diplomada. Ela lembrou de sua infância em Araraquara (SP) e agradeceu a sua mãe, Ângela Barros, e à família: “Venho de uma família de artistas pretos. O samba é meu berço, me deu estrutura. Fico muito feliz de ter tido as melhores aulas de música no quintal da minha casa. Foram as melhores experiências, com as melhores pessoas naquele momento”

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Alcione é a nova imortal da Academia Brasileira de Cultura

Alcione, dama do samba, agradeceu à Academia cantando a toada de Bumba meu Boi de Maracanã, que faz parte do São João de São Luís do Maranhão, sua terra natal. Essa é a Marrom, agora imortal.

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Atriz Vanessa Giácomo durante posse na Academia Brasileira de Cultura

Durante a posse, os acadêmicos receberam os seus diplomas, as insígnias e fizeram o juramento de praxe. Os imortais foram homenageados com um fardão, roupa que lembra os trajes clássicos da monarquia, confeccionado nas cores vinho e dourado, pelo Instituto Zuzu Angel, que representam o amor e a riqueza de espírito.

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Newton Cunha e Vera Tostes na posse dos 13 novos membros da Academia Brasileira de Cultura

Os novos acadêmicos também receberam um medalhão criado pelos artistas plásticos Welton Moraes e Victor Zott. No medalhão estão representados os símbolos brasileiros, como a folha de guaraná (verde), a palmeira (dourado), os bicos de tucano (amarelo e preto) e um pandeiro estilizado (centro em azul).

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Margareth Menezes e Sonia Guajajara, ministras da Cultura e dos Povos Indígenas são imortais da Academia Brasileira de Cultura

O Hino Nacional Brasileiro foi entoado pelas imortais, Liniker e Daniela Mercury. Ao final da solenidade, o hino da Academia Brasileira de Cultura foi executado pela cantora Taty Caldeira, acompanhada pelo maestro Cyrano Salles.

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Marli Azevedo, Ana Botafogo, Dalal Achcar e Carlinhos de Jesus, recebendo os 13 novos membros da ABC
  • Fátima Bernardes (televisão),
  • Zeca Pagodinho (música popular brasileira),
  • Lucy Barreto, Luis Carlos Barreto (cinema),
  • Beth Serpa, Margareth Padilha, Hildegard Angel, Carlos Tufvesson (moda),
  • Carlos Alberto Serpa, Eduardo Barata, Marcelo Calero, Ricardo Cravo Albin, Leandro Bellini, Claudio Magnavita, Myrian Dauelsberg (produção cultural),
  • Dom Orani Tempesta (religião),
  • Gonçalo Ivo, Mário Mariano, Marli Azeredo (artes plásticas),
  • Isaac Karabtchevsky, Carol Murta Ribeiro (música clássica),
  • Fernando Portari (canto lírico),
  • Lilia Cabral, Christiane Torloni, Rosamaria Murtinho, Beth Goulart (atrizes),
  • Stepan Nercessian, Ney Latorraca, Wolf Maia, Eriberto Leão (atores),
  • Vera Tostes (museologia),
  • Gabriel Chalita, Roberto Halbouti, Arno Wehling, Marcos Vilaça, Arnaldo Niskier, Domicio Proença, Walcyr Carrasco (literatura),
  • Elisa Lucinda (poesia),
  • João Kleber (apresentador),
  • Ana Botafogo, Dalal Achar (dança clássica),
  • Débora Colker, Carlinhos de Jesus (dança contemporânea)
  • Newton Cunha (antiquário).
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Sonia Guajajara, Ana Botafogo, Beth Goulart e Juma Xipaia, na posse da Academia Brasileira de Cultura

A cantora Daniela Mercury, 40 anos de carreira, celebrou nas redes sociais seu ingresso na Associação. “Minha responsabilidade como artista hoje aumentou. Me sinto muitíssimo orgulhosa de viver em um país que segue lutando por democracia e pela cultura e seus artistas”, escreveu a artista.

Margareth Menezes, Conceição Evaristo, Daniela Mercury e Glória Pires, novas imortais da Academia Brasileira de Cultura

A ABC tem discutido os grandes temas que envolvem escultura, pintura, grafismo, televisão, teatro, cinema, ópera, música, balé, moda, orquestra sinfônica, religião, circo e toda e qualquer manifestação que vise à valorização da cultura do Brasil, com propriedade e responsabilidade.

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Gloria Pires com os filhos Bento, Antonia e Ana e o marido Orlando Morais na Academia Brasileira de Cultura

A academia, se une a duas irmãs mais antigas, a Academia Brasileira de Belas Artes, fundada em 1950, e a Academia Brasileira de Letras, criada por Machado de Assis em 1897. Alguns membros da ABC, inclusive, são também ocupantes em cadeiras das outras academias.

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Acadêmico Carlinhos de Jesus recebendo a cantora Alcione, nova integrante da ABC
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Acadêmica Elisa Lucindo recebendo Liniker e Conceição Evaristo, novas integrantes da ABC

Fotos: Cláudio Magnavita e Reprodução / Redes sociais