Primeira Missa no Brasil em 1500 simbolizou a chegada do cristianismo ao território brasileiro

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Missa e Santa Cruz: primeiro ato feito no Descobrimento do Brasil em 26 de abril de 1500 na Bahia

A primeira Missa no Brasil foi realizada por Frei Henrique de Coimbra, em 26 de abril de 1500,  domingo de páscoa, na praia de Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália, cidade do estado da Bahia, quatro dias depois da chegada dos portugueses por aqui.

O frei franciscano Henrique de Coimbra (1465-1532), célebre missionário na Índia e na África, era responsável pelo trabalho missionário, da expedição liderada por Pedro Álvares Cabral.

Segundo relatos do escrivão da viagem, Pero Vaz de Caminha, a missa celebrada por frei Henrique teve a concelebração de todo o grupo de frades e sacerdotes que integravam a frota no Ilhéu da Coroa Vermelha. A cerimônia foi assistida pelos portugueses e também pelos nativos. O sermão realizado sobre a chegada dos portugueses e a terra recém-descoberta constituiu a primeira peça de oratória sacra do Brasil.

No relato feito por Pero Vaz, embora não conhecessem nem o teor da pregação nem o sentido daquela celebração, os naturais da terra foram surpreendidos pela novidade e assistiram a cerimônia em silêncio com admiração. Quando a cerimônia chegou ao fim, os índios demonstraram contentamento através de cornos, buzinas e festas com cânticos, danças, trejeitos e saltos.

Esta formatação de evento sagrado foi usado pelos missionários em eventos posteriores como forma de difusão da mensagem cristã.

A principal cousa que me moveu a mandar a povoar as ditas terras do Brasil foi para que a gente dela se convertesse à nossa santa fé católica”. Esse trecho faz parte de uma correspondência entre D. João III e Tomé de Souza, que em 1548 tornou-se o primeiro governador geral do Brasil.

Na carta, é possível perceber a preocupação do rei português com a expansão do catolicismo. É possível perceber também que a expansão ultramarina empreendida pela monarquia portuguesa se assentava na dualidade de um projeto colonizador: procurava-se a descoberta e conquista de novos territórios e povos e a expansão da fé católica.

Ao obter a dupla missão de dilatação do império e da fé, cabia à Coroa o papel de padroeira da Igreja Católica nas terras recém-conquistadas. Procurava-se, então, não apenas superar o desafio representado pela descoberta de novas terras, mas também obter uma compensação pelas perdas territoriais que a cristandade sofreu após o início da Reforma Protestante.

Outra cerimônia importante de cunho cristão foi a colocação de uma Cruz, símbolo a qual houve a vinculação com o nome do lugar encontrado: “Terra de Vera Cruz”. Na ocasião de sua partida, o frei Henrique de Coimbra, recebeu das mãos de Nicolau Coelho, crucifixos de estanho que deveriam ser distribuídos aos indígenas. Pelas mãos de Frei Henrique, o primeiro missionário do Brasil, lançava-se assim a fixação do Evangelho no Brasil.

A colocação da Primeira Cruz, em terras brasileiras foi um importante ato realizado após a chegada dos portugueses aqui. Brasil foi denominado Terra da Santa Cruz.

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Primeira Missa no Brasil em 1500 simbolizou a chegada do cristianismo ao território brasileiro

A celebração da Primeira Missa no Brasil celebrada em Porto Seguro, na Bahia, foi recriada em pintura do artista Victor Meirelles. O quadro foi além da realidade descrita por Pero Vaz de Caminha. Representa a criação de uma identidade de acordo com a monarquia.

O autor da obra, Victor Meirelles de Lima, nasceu em 18 de agosto de 1832 em Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis, filho de uma catarinense e um comerciante português. Iniciou os estudos artísticos em sua cidade natal e, em 1847, foi admitido na Academia Imperial de Belas Artes (AIBA), no Rio de Janeiro, fundada por dom João VI em 1816, e ganhou uma bolsa de estudos na Europa, paga por dom Pedro II, entre 1853 e 1861. Victor Meirelles permaneceu por cerca de 8 anos estudando na Itália e na França.

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Dom Pedro II – por Victor Meirelles em 1864

É daquela época a pintura Primeira Missa no Brasil, primeira obra exposta por um artista brasileiro em Paris. Foi na França que Meirelles produziu um dos quadros mais míticos e famosos da pintura nacional: ‘A Primeira Missa no Brasil’. Até hoje o quadro está em livros didáticos, sobre a história de fundação do Brasil. ‘A Primeira Missa’ estreou na Europa, no Salão de Paris de 1861. Foi a primeira pintura brasileira na então prestigiada exposição. A famosa obra pertence ao acervo do Museu Nacional de Belas Artes/IBRAM/MinC).

A obra de Meirelles, segundo especialistas, mostra cenas de senso poético com indígenas retratados em inocente e infantil curiosidade, inofensivos, adequados à cultura do século 19. Caminha mencionou que não havia nada escondendo as partes íntimas, que usavam pintura corporal, cabeças raspadas e botoques nos lábios e um tanto selvagem. Segundo historiadores os tupiniquins eram guerreiros ferozes — e canibais. Depois que se aliaram aos portugueses, perderam sua cultura.

O Monte Pascoal foi a primeira parte do Brasil avistada pela tripulação de Cabral. Aparece ao fundo da pintura de Meirelles, mas, no mundo real, não é visível da praia. Fica a quase 60 km em direção sudoeste, no interior, a cerca de 30 km da costa. O quadro que inspirou Meirelles também tinha uma montanha ao fundo. Ele pintou o que a monarquia queria eternizar.

Meirelles retornou ao Brasil em 1861 e deu início a uma reconhecida carreira como professor. Recebeu encomendas de obras com temas históricos, como Combate Naval de Riachuelo e Batalha dos Guararapes. Ao longo de sua carreira manteve uma intensa produção de retratos, atendendo a solicitações de diversas instituições e particulares. No final do século XIX fundou a empresa de panoramas Meirelles & Langerock, numa parceria que produziu, entre outros, o Panorama da cidade do Rio de Janeiro.

Em 1890 perdeu o emprego na Academia Imperial de Belas Artes, transformada em Escola Nacional de Belas Artes. Passou a pintar na rua, no Largo do Passo Imperial, no Rio. Viveu seus últimos anos de favores de amigos, e morreu na miséria, no Carnaval do Rio de Janeiro em 22 de fevereiro de 1903, aos 71 anos.

Bibliografia: Dicionário do Brasil colonial (1500-1808) e Dicionário Biográfico Ilustrado de Personalidades da História do Brasil – George Ermakoff

Fotos: Reprodução