Mangueira é campeã do carnaval 2019 do Rio de Janeiro
A Estação Primeira de Mangueira é a campeã do Carnaval 2019 do Rio de Janeiro, pela vigésima vez. A escola terminou a apuração com 270 pontos. Em segundo lugar, ficou a Viradouro com 269,7 pontos e, em terceiro, a Vila Isabel com 269,4 pontos.
Danilo Firmino, um dos compositores, disse que o samba cresceu pela força da coletividade que ele tem. “O carnaval sempre foi uma expressão de luta, e mostramos para este Brasil que todo negro, todo índio, todo trabalhador,e toda mulher são a história do Brasil. O samba não é nosso, é de cada um. Ele cresceu por isso. Ele cresceu pela força da coletividade que ele tem.”
“É um samba histórico. Agora é ir para a quadra comemorar, junto com os outros mangueirenses”, disse Marquinho Art Samba, um dos intérpretes da Mangueira, na Praça da Apoteose.
Mangueira é agora a segunda escola carioca com mais títulos, ficando atrás apenas da Portela. Feito que foi muito comemorado pelos membros da escola de samba Estação Primeira de Mangueira.
Apontada como uma das favoritas no pré-carnaval, a Mangueira confirmou as expectativas após desfile emocionante já perto do início da manhã desta terça-feira (5), quando apresentou o enredo “História pra ninar gente grande”, do carnavalesco Leandro Vieira.
A Mangueira deu uma aula de história durante desfile na madrugada de segunda na Sapucaí. Uma história alternativa, com destaque para heróis da resistência negros e índios em vez dos personagens tradicionais das páginas de livros escolares.
A agremiação contou “a história que a história não conta” ao trazer o protagonismo de índios, negros e pobres e criticar o heroísmo de personagens que, segundo a escola, não são tão heróis assim, como Duque de Caxias, Pedro Álvares Cabral, Padre José de Anchieta e Princesa Isabel.
O enredo “História pra ninar gente grande” foi assinado pelo carnavalesco Leandro Vieira e contado em 24 alas e cinco alegorias. Os componentes passaram brincando e evoluindo, sem qualquer tipo de problema que atrapalhasse o desfile.
Vestidos de índios e vindo logo após a comissão de frente,o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Squel Jorgea e Matheus Olivério, fizeram uma apresentação segura e precisa. Mostraram porque são o casal com melhor retrospecto em notas dos últimos anos.
Dois dos maiores nomes do samba desfilaram pela Mangueira na Sapucaí. Alcione representou Dandara, uma guerreira negra do período colonial que preferiu o suicídio a voltar a viver como escrava. Já Nelson Sargento surgiu na avenida como Zumbi dos Palmares, que entrou para a história como um dos pioneiros na resistência contra a escravidão no Brasil.
Quem também marcou presença na avenida, como não poderia deixar de ser, foi Tia Suluca, um ícone da agremiação, que desfilou como Aqualtune, a avó de Zumbi. Na avenida a escola homenageou seus grandes nomes, como o intérprete José Bispo Clementino dos Santos, o Jamelão, e a cantora Leci Brandão.
Marielle foi homenageada pela escola no samba-enredo “História Pra Ninar Gente Grande”. A vereadora assassinada em 2018 estampou uma bandeira verde e rosa. A viúva de Marielle, Mônica Benício, desfilou na ala especial e apareceu com uma camiseta escrita “lute como Marielle”. Quem também esteve no desfile foi o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL).
O já consagrado samba da Mangueira saiu eternizado da Avenida Marquês de Sapucaí. Impulsionada por uma bateria que abusou das bossas e jogou a obra para a galera cantar, a composição da verde e rosa foi ponto alto do desfile emocionante da escola na madrugada do dia 05.
A verde e rosa entoou a obra junto do povo presente na Sapucaí e terminou a apresentação ovacionada pelas arquibancadas, frisas e até camarotes. Para encerrar com chave de ouro a Mangueira exibiu uma bandeira do Brasil com as cores da escola e substituiu o ‘Ordem e Progresso” por “índios, negros e pobres”.
As seis primeiras colocadas desfilam novamente no sábado dia 09. Além das três primeiras, Mangueira, Viradouro e Vila Isabel, também desfilam a Portela, Salgueiro e Mocidade.
Viva a Mangueira! Todos nós queremos um país que não está no retrato.