Angelita Habr-Gama, pioneira em muitas frentes, é uma das cientistas mais influentes do mundo

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Médica Angelita Habr-Gama, pioneira em muitas frentes é referência e inspiração na área cirúrgica


A pesquisadora brasileira e professora emérita da Universidade de São Paulo (USP) Angelita Habr-Gama foi reconhecida pela Universidade de Stanford (EUA) como uma das médicas que mais contribuíram para o desenvolvimento da Ciência no mundo.


Dra. Angelita é uma renomada cirurgiã e referência mundial na área da coloproctologia. Ela é uma das cientistas mais premiadas do Brasil e agora é uma das mais influentes do mundo.


Esse pioneirismo teve início em 1958 quando se tornou a primeira mulher residente em cirurgia geral do Hospital das Clínicas da FMUSP, reduto até então exclusivamente masculino. Dra Angelita também foi a primeira mulher a estagiar nessa especialidade médica no famoso Saint Mark’s Hospital da Inglaterra em 1961. Depois foi a primeira professora titular em cirurgia do Departamento de Gastroenterologia (FMUSP) e a responsável por tornar a coloproctologia uma disciplina própria, em 1995, em vez de deixá-la como uma subespecialização das cirurgias do aparelho digestivo.


A brasileira tem grande capacidade de trabalho
, um otimismo contagiante, enorme talento e credibilidade como cirurgiã do aparelho digestivo. Isso a credenciou para estar no rol das médicas cientistas mais renomadas do mundo. Ela é inspiração e referência na área cirúrgica e dedica mais de 50 anos da sua vida à ciência.


Esse reconhecimento é um estímulo para os médicos e cientistas brasileiros, um estímulo para progressão na carreira de outras pesquisadoras”, declarou a Dra. Angelita ao Estadão. Segundo ela, a expectativa é de que reconhecimentos como esses sirvam de inspiração para outros cientistas trilhem caminhos parecidos, o que não é fácil.

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Cirurgiã Angelita Habr-Gama é inspiração e referência na área cirúrgica e uma das cientistas mais influentes do mundo


“É claro que tudo isso exigiu muito esforço, muito estudo e muita dedicação, mas a gente chega lá”, diz a médica, que atualmente também atua no Hospital Alemão Oswaldo Cruz. “Fico muito honrada e muito satisfeita com o reconhecimento”, complementa.


Com relevantes trabalhos na área da Coloproctologia, área que estuda doenças do intestino grosso, do reto e do ânus, Angelita criou a disciplina de Coloproctologia na Universidade de São Paulo e foi a primeira a chefiar o departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da mesma instituição educacional.


A cirurgiã é reconhecida por alterar o paradigma mundial adotado durante quase todo o século 20 quanto ao método para o tratamento do câncer do reto baixo. Com sua proposta, baseada em pesquisa clínica feita por ela e sua equipe, iniciada em 1981, firmou-se como atual paradigma que o tratamento do câncer do reto baixo deve ser inicialmente conduzido com quimioradioterapia, postergando-se a ressecção cirúrgica.


Entre os principais feitos, a cirurgiã publicou mais de 200 artigos científicos em revistas indexadas no PubMed, fundou a Associação Brasileira de Prevenção do Câncer de Intestino (Abrapreci) e foi nomeada coordenadora no Brasil do Programa de Prevenção do Câncer Colorretal pela Organização Mundial de Gastroenterologia (Omge).


Além disso, exerceu a presidência da Sociedade Brasileira e da Sociedade Latino-Americana de Coloproctologia e do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva. Foi também vice-presidente nacional do CBC, além de ter organizado e presidido o Fórum Internacional de Câncer do Reto, em novembro de 2007, em São Paulo.


Angelita é membro honorária da sociedade científica American Surgical Association e a primeira mulher a receber este título do American College of Surgeons. É reconhecida ainda por European Surgical Association, Italian Surgical Association, American Society of Colon and Rectal Surgeons e Royal College of Surgeons of England.

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Os renomados cirurgiões: Dr. Joaquim José Gama Rodrigues e Dra. Angelita Habr-Gama, casados desde 1964

Além de todos os feitos em prol da vida, a filha de imigrantes libaneses, nascida na Ilha de Marajó, no Pará, não descuida das suas pesquisas. Seu laboratório e clínica em parceria com o o cirurgião Joaquim José Gama Rodrigues, professor titular em cirurgia da FMUSP, com quem está casada desde 1964, trabalhou no seqüenciamento da bactéria Xylella fastidiosa e ela continua atuando no do Genoma Humano do Câncer.


Nos últimos anos tem dado ênfase especial à prevenção do câncer de intestino. Criou até uma organização para isso, a Associação Brasileira de Prevenção do Câncer de Intestino, que promove eventos no Brasil inteiro.


A cirurgiã brasileira e cientista de nome internacional foi a primeira especialista latino-americana e a primeira mulher a ganhar o título de membro honorário da Associação Européia de Cirurgia pela carreira médica, prêmio só dado até hoje a 17 médicos no mundo. Angelita atribui boa parte da repercussão de seu trabalho à condição feminina. “Ainda hoje causa estranheza uma mulher ser tão bem-sucedida em uma especialidade dominada por homens”, diz ela.


Viva o pioneirismo e protagonismo feminino.


Fotos: Reprodução Twitter