Dia do Índio: o respeito e a importância na formação do país
Neste dia 19 de abril é celebrado o Dia do Índio. A data representa a luta por direitos indígenas e a importância da diversidade cultural dos povos que são a raiz do nosso Brasil.
O Dia do Índio foi instituído pelo presidente Getúlio Vargas, através do decreto-lei 5540 de 1943. Até a década de 1980 os índios eram vistos como pessoas que precisavam de tutela e não conseguiam se defender.

Os indígenas de hoje não são mais os descritos nos livros. Eles nos proporcionam uma diversidade cultural muito grande. São mais de 300 etnias que falam mais de 300 idiomas por este Brasil afora.
Aos poucos foram conquistando o poder de voz, adquiriram conhecimento e passaram a lutar por seus interesses. Convivemos com muitos indígenas urbanos que estudam em escolas públicas, dominam a tecnologia, se formam em universidades e defendem a causa indígena.

A índia Joênia Wapichana, por exemplo, é pioneira da causa indígena e milita desde 1997, quando se tornou a primeira mulher índia a se formar em Direito, na Universidade Federal de Roraima. Em 2008, tornou-se a primeira indígena a falar no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), defendendo a legalidade da homologação dos limites contínuos da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Após isso, viajou para os Estados Unidos, onde fez mestrado na Universidade do Arizona.
Em 2019 tomou posse como deputada federal. Há 31 anos, desde que o cacique xavante Mário Juruna deixou o Congresso Nacional, em 1987, um índio não era eleito deputado federal.

“Sou o resultado de sonhos e de investimentos de outras lideranças indígenas que planejaram ver a nós, indígenas, conquistar diversos espaços. Do movimento indígena que luta para conquistar espaços”, disse Joênia à Agência Brasil. “Nada para nós foi fácil. Nem alcançar o reconhecimento de nossa terra; nem eu me formar na faculdade de Direito; nem fazer uma defesa no STF e, muito menos, assumir este espaço tão importante e necessário no Congresso. Se sou uma pioneira, é graças aos povos indígenas, ao nosso movimento e aos esforços de cada povo e pessoa que acreditou nisso”, declarou a deputada Wapichana.
Ingrid Rodrigues, de 21 anos, do povo Paumari localizado perto do Rio Ituxi, no Amazonas, comemorou quando conseguiu ingressar no curso de direito da Universidade de Brasília (UnB).

Filho de uma mãe Guajajara, povo do Maranhão, e de um pai Fulni-ô, de Pernambuco, o estudante de direito Fetxawewe Tapuya está pagando uma universidade privada . “O indígena calouro sofre muito. Eu, como já moro em Brasília, sofro menos. Mas quem é de fora passa por uma avalanche de preconceito”, diz Fetxawewe Tapuya.

“Os preconceitos mais frequentes são os mais descarados. Eles perguntam: ‘Se você é realmente é indígena, o que você está fazendo na universidade?’ E tem povos que ainda têm mais problemas com a fala, porque aprenderam o português mais tarde e junto com outra língua”, declara o estudante.

Aqui no Distrito Federal a Tribo Fulni-ôs , por meio do Projeto Curumins, aproxima estudantes do DF com a cultura indígena e mostra a importância do povo indígena para a formação do Brasil.
Neste Dia do Índio, eles querem ser lembrados não somente pelo artesanato e pinturas no corpo, mas, sim, pela resistência e importância na formação do país. Por esse motivo, o projeto Curumins vai visitar até o dia 26 deste mês, vinte escolas do Distrito Federal para mostrar a cultura da tribo pernambucana Fulni-ô.
