Médicos brasileiros operam bebê no útero da mãe de forma inédita

Um bebê com 33 semanas foi operado no útero da mãe, no Hospital da Criança e Maternidade de São José do Rio Preto, São Paulo, para a correção de uma má formação congênita que o faria nascer com o intestino fora do abdômen. A assessoria do HCM, onde o procedimento foi realizado no dia 17 deste mês, afirma que a cirurgia é inédita no mundo. Até então, o procedimento para corrigir a má formação, conhecida como gastrosquise, só era feito após o nascimento da criança.
A equipe médica que realizou a fetoscopia, que durou uma hora e 40 minutos, é composta pelos especialistas em medicina fetal: Gustavo Henrique Oliveira (HCM), Gregório Lorenzo Acácio, da Universidade de Taubaté, Denise Lapa, do Hospital Albert Einstein e pelo cirurgião argentino Javier Svetliza.

O ineditismo fez a equipe ser convidada para apresentar a cirurgia no Congresso Mundial de Medicina Fetal, que aconteceu no dia 27, em Alicante na Espanha. Um orgulho para a medicina brasileira.
O feto com gastrosquise – abertura no abdômen que permite que órgãos, normalmente o intestino, se desenvolvam do lado de fora – foi operado pela técnica de fetoscopia.O procedimento é similar a uma laparoscopia, não sendo uma cirurgia aberta e, portanto, minimamente invasiva. São feitas quatro pequenas incisões na barriga da mãe por onde eles introduzem os instrumentos para ver o interior do útero e corrigir a má-formação. Eles recolocaram o intestino no abdômen do feto e fecharam a parede abdominal.

Até então, o paciente era operado logo após o nascimento. No Brasil, a cada 2 mil bebês, um nasce com essa má-formação. O HCM Rio Preto realiza a gastrosquise convencional há 5 anos e possui uma das equipes mais experientes nesse tipo de procedimento.
O médico Gustavo Henrique de Oliveira explicou que quando o procedimento é realizado após o nascimento,esses bebês levam muito tempo para conseguir se alimentar. Muitas vezes esse intestino nasce meio que paralisado ou muito inflamado e leva muito tempo até que eles consigam se alimentar por boca. Dependem de alimentação parenteral, muito tempo de internação de UTI e de internação hospitalar. Pela técnica tradicional, a gente tinha um tempo de internação média em torno de 30 dias”, explicou o especialista em medicina fetal.

O cirurgião e especialista em medicina fetal explica que a cirurgia intrauterina representará benefícios em relação ao procedimento convencional. “Entre elas, o fato de que a operação é feita no ambiente mais “estéril possível”, ainda no útero materno, diminuindo o risco de infecção. Outra vantagem é o nascimento de um bebê já sadio, que poderá, por exemplo, mamar diretamente no seio da mãe e ter alta hospitalar em dois ou três dias. Além disso, há os aspectos emocionais relacionados à mãe, pois ela poderá estar com o bebê desde os primeiros momentos de vida dele”, explica o Dr. Gustavo Henrique.
Parabéns a valorosa equipe médica por salvar mais uma vida.