GDF inicia revitalização das tesourinhas
Brasília é uma cidade onde as ruas não tem nome.A identificação ocorre por letras e números. A capital tem um código de endereçamento baseado em quadras. Aqui as ruas são chamadas de via e elas nos levam até as quadras residenciais e comerciais do Plano Piloto.
Duas Vias são destaques: o Eixo Monumental, que separa a Asa Sul da Norte e o Eixão que vai de uma Asa a outra. Ao longo do Eixão, exitem os Eixinhos. Dois de cada lado, dois indo, dois vindo. Além do Eixão e dos Eixinhos, outras duas Vias principais são usadas por quem vai de uma Asa a outra: a W3 e a L2. (O W nas ruas é sempre de Oeste e o L, de Leste).
As Vias W servem às quadras ímpares:100, 300, 500, 700 e 900 e as Vias L, às quadras 200, 400, 600 e 800. Essas Vias são repletas de semáforos e travessias de pedestres, o que torna o trânsito bastante travado.
Para sair dos eixos e chegar até as quadras residenciais foram construídas soluções engenhosas para evitar cruzamentos e desafogar o trânsito: as famosas Tesourinhas e Agulhinhas. As Tesourinhas têm esse nome porque, vistas do alto, lembram o formato do instrumento. Usá-las exige muita atenção para não ficar tonto.
Para manter tudo funcionando o GDF está sempre fazendo a manutenção. Recentemente a W3 Sul, ganhou revitalização e agora projeto da Novacap vai recuperar estrutura e estética das 96 passagens sob Eixão e eixinhos das asas Norte e Sul.
As tesourinhas, destaque na cidade pela beleza e funcionalidade passarão por reformas. Há um conjunto com duas tesourinhas e um túnel de ligação em cada uma das 16 entrequadras que cortam os quase 15 quilômetros do Eixão das duas asas. Todas elas passarão por reforço estrutural, revitalização e pintura. Nas da Asa Sul, os tijolos de cor laranja serão removidos – conforme aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) –, dando lugar ao concreto aparente, que será o padrão de todas as tesourinhas.
As passagens sob o Eixo Rodoviário de Brasília e os eixinhos L e W terão estrutura e estéticas recuperadas pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), ao custo de R$ 7.337.880. A obra já foi licitada, e a previsão é que as intervenções comecem em novembro, com conclusão estimada em um ano. As ações serão simultâneas em quatro entrequadras por vez.
Para garantir a recuperação completa, a Novacap montou um plano de ação junto com o Detran. As obras serão realizadas ao mesmo tempo nas asas Norte e Sul, em duas entrequadras por vez de cada lado. As primeiras a receber intervenção foram apontadas com risco por um relatório do Tribunal de Contas do DF (TCDF). Assim, as entrequadras de finais 3/4 e 15/16 da Asa Sul serão as primeiras com acessos bloqueados para as obras, assim como as de finais 9/10 e 15/16 da Asa Norte.
O diretor de edificações da Novacap, Francisco Ramos, diz que as intervenções vão dar uma vida útil de pelo menos mais meio século às tesourinhas. “Esteticamente, vai trazer a originalidade e aumentar a segurança dos usuários”, garante.
“Isso faz parte de um plano do governador Ibaneis Rocha, que quer reformar inúmeras obras de arte, pontes e viadutos no DF. Vamos iniciar pelas tesourinhas, o que é uma reivindicação antiga com casos de problemas sérios de estrutura, indicados inclusive pelo relatório do Tribunal de Contas”, diz Francisco Ramos
O planejamento estabelece que haja sempre pelo menos duas passagens liberadas para minimizar os impactos no trânsito. A previsão é de 45 dias para a conclusão das intervenções em cada conjunto. Com valores licitados e empenhados, falta apenas a liberação para instalação de canteiros de obras para que as empresas LDN e Impermear comecem os serviços.
Os acessos serão fechados e as vias, sinalizadas. O Departamento de Trânsito do Distrito Federal vai apoiar todas as ações com intervenções pontuais no trânsito para garantir a realização do trabalho e dar fluidez nas vias de ligação e nos eixos.
Segundo o Detran-DF, durante as obras, o trânsito na via de ligação das quadras 100 e 200 será interditado nos dois sentidos. Assim, o condutor que estiver saindo das quadras comerciais deverá acessar o eixinho e fazer as tesourinhas da quadra seguinte para conseguir passar por baixo do Eixão, retornando ao trajeto de origem.
Os eixinhos Leste (de baixo) e Oeste (de cima) ficarão com uma faixa de rolamento fechada para acomodação dos veículos e trabalhadores na altura do viaduto em obra. Nesse local, não será possível fazer as conversões nas alças das tesourinhas. Por isso, o motorista precisará ir mais adiante para chegar à vizinhança das intervenções.O Detran indica utilizar a Via W1 (rua do comércio local) ou a L2 como alternativas para acessar as quadras comerciais e residências próximas às obras. “É importante relembrar aos condutores que obedeçam a sinalização de obras, reduzindo a velocidade e ficando atentos à presença de veículos e pedestres nos locais das reformas”, alerta o departamento.
