Parasita desbanca favoritos e ganha prêmio máximo do Oscar 2020

A 92ª edição do Oscar, realizada no Dolby Theatre, em Los Angeles, na Califórnia, na noite de ontem (9) surpreendeu a crítica especializada ao escolher filme estrangeiro para receber o prêmio máximo da Academia de Hollywood. O longa “Parasita” faz história ao se tornar primeira obra não falada em inglês a vencer categoria de Melhor Filme de 2020. A estatueta foi entregue pela atriz Jane Fonda.
“Parasita”, a comédia sarcástica sobre uma pobre família que reside em Seul, na Coréia do Sul, e que alcança um status de classe média alta, venceu os favoritos por abordar o abismo entre as classes sociais.

Dirigido por Bong Joon-ho, o sul-coreano se tornou a primeira película em língua estrangeira a conquistar a premiação máxima nos 91 anos da Academia de cinema. E é a primeira vez desde os anos 1950 que a mesma obra vence o Oscar e a Palma de Ouro de Cannes.

“Parasita”, grande vencedor da noite, surpreendeu de críticos de cinema a apostadores. A vitória de “Parasita” foi avassaladora. O filme ainda conquistou outras três categorias: Melhor Diretor, Melhor Roteiro original e Melhor Filme Estrangeiro.
Deixando para trás diretores como Martin Scorsese, Quentin Tarantino e Sam Mendes, Bong Joon Ho leva o prêmio de Melhor Direção por conta de sua obra-prima “Parasita”.

Confirmando todas as expectativas, “Parasita” ficou com a estatueta de Melhor Filme Estrangeiro. Ovacionado pelo público do Oscar, derrotou Os Miseráveis, Corpus Christi, Honeyland e Dor e Glória.

“Quanto mais você se aprofunda em seu entorno, mais próximo de você, mais universal e mais ampla a história pode se tornar”, declarou Bong Joon Ho. “Vou comemorar e brindar muito essa noite”, brincou o diretor em uma das quatro vezes que subiu ao palco.
Nos outros prêmios do Oscar 2020 deu a lógica. Melhor ator Joaquin Phoenix, por sua espetacular performance em Coringa. “O melhor presente que me foi dado nessa vida foi usar minha voz pelos que não podem falar”, disse Joaquin.
Melhor atriz Renée Zellweger, por sua atuação belíssima em Judy: Muito Além do Arco-Íris; Melhor ator coadjuvante Brad Pitt, por “Era Uma Vez… em Hollywood”; Melhor atriz coadjuvante Laura Dern, por “História de um Casamento” ; e Melhor Filme Estrangeiro “Parasita”, do diretor coreano Bong Joon Ho.
Favorito da premiação, o longa de guerra “1917”, que tinha 10 indicações, fechou a noite com três prêmios em categorias técnicas: fotografia, mixagem de som e efeitos especiais. Líder de indicações (11), o longa Coringa venceu apenas em duas: ator (Joaquin Phoenix) e trilha sonora original.

“Era Uma Vez… em Hollywood”, de Quentin Tarantino, com 10 indicações, ganhou Melhor ator coadjuvante, Brad Pitt e Direção de arte. Já “O irlandês”, de Martin Scorsese, da Netflix com 10 indicações, saiu do Oscar de mãos vazias. Foi esnobado pelos integrantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

Como esperado pelos americanos, o documentário ”Indústria Americana”, produzido pelo casal Barack e Michelle Obama, levou o Oscar de Melhor Documentário, desbancando Democracia em Vertigem, da brasileira Petra Costa.
A produção brasileira tinha concorrentes fortes: Indústria Americana, de Steven Bognar e Julia Reichert; The Cave, de Feras Fayyad; For Sama, de Waad Al Kateab e Edward Watts; e Honeyland, de Tamara Kotevska e Ljubomir Stefanov. Quatro dos cinco indicados eram dirigidos por mulheres, algo inédito na premiação.
A codiretora do documentário vencedor Julia Reichert fez um discurso político. “Nosso filme é de Ohio, mas também da China, e poderia ser de qualquer lugar onde as pessoas vestem um uniforme e vão trabalhar para trazer uma vida melhor para sua família. Trabalhadores e operários têm uma vida cada vez mais difícil. E nós acreditamos que a vida vai melhorar quando os trabalhadores do mundo se unirem”, afirmou no palco da cerimônia.

No tapete vermelho em Los Angeles, a diretora Petra Costa disse que o filme “Democracia em Vertigem”, “é uma carta de amor ao Brasil”. Questionada se o Brasil tem cura politicamente, Petra defendeu a política: “A cura do Brasil depende do voto de cada um. Eu não aguento mais ouvir as pessoas falando que político é tudo igual, que todo político rouba. Isso é o segredo para a gente continuar perpetuando desigualdades que a gente tem no Brasil”.
Não foi desta vez que o Brasil conquistou o Oscar. A indicação foi um sinal de reconhecimento ao cinema brasileiro e ao excelente trabalho de uma mulher. A comitiva brasileira no Oscar 2020 fez manifestação em defesa da Amazônia, da pauta indígena e pelo fim da impunidade no caso Marielle.
A cerimônia do Oscar de 2020 não teve anfitrião. Na noite do cinema foram homenageados Kirk Douglas, o último grande ícone da era de ouro de Hollywood, que morreu na quarta-feira aos 103 anos, e a lenda do basquete Kobe Bryant, vencedor do Oscar, que morreu em um acidente de helicóptero em 26 de janeiro.
Billie Eilish, que fez história no Grammy 2020,com cinco Estatuetas, cantou ao lado do irmão Finneas, ‘Yesterday’, dos Beatles, na homenagem do Oscar 2020, aos dois astros americanos e outras importantes personalidades. Um momento de pura emoção e muitos aplausos.

Elton John fez um show maravilhoso na premiação do Oscar, em Hollywood Kevin Winter. A estatueta de melhor canção original foi dele, I’m Gonna Love Me Again (Elton John), composta para a trilha de Rocketman. É o segundo Oscar do cantor na mesma categoria.