Domingo de Ramos: quem sou eu diante de Jesus?

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Domingo de Ramos, 5 de Abril, marca o início da Semana Santa. Celebra a entrada de Jesus em Jerusalém montado em um jumentinho – o símbolo da humildade – e aclamado pelo povo simples que O aplaudia como “Aquele que vem em nome do Senhor”, com ramos de oliveiras e palmeiras.

Na meditação deste Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, o pontífice nos mostra como podemos, unidos à fé da Virgem Maria, professar as mesmas palavras do soldado romano diante da Cruz e reconhecer que, por trás da crueldade daquele crime, há o alvorecer da Redenção.

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Basílica de São Pedro, no Vaticano, sem fiéis durante Missa de Domingo de Ramos 

Neste Dia de Ramos é importante lembrarmos que somos apenas peregrinos neste mundo tão passageiro, tão transitório, que se gasta tão rapidamente e nos mostra que a nossa pátria não é neste mundo, mas sim, na eternidade; aqui nós vivemos apenas em um rápido exílio em demanda da casa do Pai.

O Papa Francisco celebrou a missa de Domingo de Ramos com a Basílica de São Pedro, no Vaticano, sem fiéis, por conta das medidas restritivas de isolamento para tentar conter a disseminação de coronavírus. Durante homilia, Francisco, pediu para que, nesses dias de Semana Santa em casa, ‘não pensemos só naquilo que nos falta; pensemos no bem que podemos fazer’.

Aos jovens disse: “olhem para os verdadeiros heróis que vêm à luz nestes dias: não são aqueles que têm fama, dinheiro e sucesso, mas aqueles que se oferecem para servir os outros. Sintam-se chamados a arriscar a vida.Porque a maior alegria é dizer sim ao amor, sem se nem mas…Como Jesus fez por nós”.

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Papa Francisco celebra o Domingo de Ramos 2020 na Basílica de São Pedro, no Vaticano

O Papa Francisco também pediu coragem diante do drama da pandemia mundial. “Quando nos sentimos encurralados, quando nos encontramos num beco sem saída, sem luz nem via de saída, quando parece que nem Deus responde, lembremo-nos que não estamos sozinhos.”

“Hoje, no drama da pandemia, perante tantas certezas que se desmoronam, diante de tantas expectativas traídas, no sentido de abandono que nos aperta o coração, Jesus diz a cada um: ‘Coragem! Abre o coração ao meu amor. Sentirás a consolação de Deus, que te sustenta’.”

Francisco lembrou que Jesus sofreu a traição do discípulo que O vendeu e do discípulo que O renegou, foi traído pela multidão, pela instituição religiosa e pela instituição política.“Quando sofremos traições, a vida parece deixar de ter sentido. Isso porque nascemos para ser amados e para amar”, disse.

“Olhemos dentro nós mesmos; se formos sinceros para conosco, veremos as nossas infidelidades. Tanta falsidade, hipocrisia e fingimento! Tantas boas intenções traídas! Tantas promessas quebradas! Tantos propósitos esmorecidos! O Senhor conhece melhor do que nós o nosso coração; sabe como somos fracos e inconstantes”, declarou o pontífice.

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Papa Francisco celebra o Domingo de Ramos 2020 na Basílica de São Pedro, no Vaticano

As palavras de Francisco nos fazem refletir sobre quem somos diante de Jesus, do seu poder e do seu grandioso e infinito amor.

Quando Mel Gibson lançou A Paixão de Cristo nos cinemas, grande parte do público viu apenas um filme de terror. Mas por trás de todo aquele sofrimento e flagelo havia o mistério da redenção. Na Cruz, Jesus não sofreu apenas uma execução cruel e injusta; Ele deu a sua vida livremente — “ninguém a tira de mim, mas eu a dou de mim mesmo e tenho o poder de a dar, como tenho o poder de a reassumir” (Jo 10, 18) — para, através do Seu sangue, realizar um gesto de justiça, amando a Deus como Ele deve ser amado, e um gesto de misericórdia, reavendo o gênero humano, perdido pelo pecado. Em outras palavras, Jesus deu a sua vida pela salvação do homem.

Para crermos no mistério da Cruz, devemos apoiar-nos na fé da Virgem Maria. Ela, a mãe do Salvador, foi a única que não vacilou diante da Paixão. Mesmo o apóstolo João, que estava também ao pé da cruz, precisou ver o sepulcro vazio para acreditar na ressurreição. Maria, por outro lado, manteve-se o tempo todo firme, stabat mater, crendo na providência divina apesar de ouvir o próprio filho dizer: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”, pois sabia que Ele precisava padecer a dor do homem, precisava ser dilacerado pelas nossas impurezas. Unida ao mistério da Redenção, Maria ofereceu o único sacrifício que nenhum outro poderia oferecer: o sacrifício da sua fé.

Neste Domingo de Ramos e da Paixão, portanto, façamos de Maria a nossa companheira para que, no crime da cruz, vejamos o alvorecer da nossa redenção.

Fotos: Vatican Media via REUTERS