Mandetta deixa MS pedindo que população siga orientação da ciência

No dia em que o Brasil completa 50 dias da confirmação do primeiro caso do novo coronavírus (Sars-CoV-2) e um mês da primeira morte por Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro demitiu nesta quinta-feira (16) o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. A informação foi divulgada pelo próprio ministro em sua conta oficial no Twitter.
“Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde. Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar”, escreveu inicialmente Mandetta.
O ministro também agradeceu os gestores que compunham a direção do ministério. “Agradeço a toda a equipe que esteve comigo no MS e desejo êxito ao meu sucessor no cargo de ministro da Saúde. Rogo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que abençoem muito o nosso país”.
Após o anúncio da demissão, Luiz Henrique Mandetta, concedeu entrevista coletiva no auditório do Ministério da Saúde para falar sobre a sua saída do cargo. Ele elogiou a equipe, citando diversos secretários, coordenadores e assessores. Ressaltou que a atuação da sua gestão contribuiu para achatar a curva de contágio da pandemia de covid-19 no país, evitando uma subida íngreme.

Mandetta pediu aos servidores e gestores que auxiliem no novo comando da pasta, defendendo uma transição “tranquila”, como afirmou na entrevista coletiva de ontem (15). “Minha última ordem [é] para que vocês possam fazer o melhor”, recomendou, ao acrescentar que deve ser mantida a defesa “intransigente” do Sistema Único de Saúde (SUS) e da ciência.
Mandetta alertou para a importância de continuar o cuidado para evitar a disseminação do vírus e defendeu que o mais importante é seguir as orientações dos gestores locais de saúde, como secretarias municipais e estaduais de Saúde. “Não pensem que não estamos livres de um pico de ascensão desta doença. O sistema de saúde ainda não está preparado para uma marcha acelerada. Sigam as orientações das pessoas mais próximas que estão em contato com o sistema de saúde, que são os prefeitos e governadores”, destacou.

Médico, Mandetta foi secretário de Saúde de Mato Grosso do Sul e deputado federal pelo DEM. Ocupava o cargo de ministro da Saúde desde o início do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019.
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde Henrique Mandetta já vinham divergindo sobre os caminhos para o combate à pandemia do novo coronavírus (covid-19). O ministro se alinhava às orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) pela adoção de um isolamento social mais forte, enquanto o presidente vinha defendendo a abertura do comércio como forma de evitar impactos na economia. O presidente chegou a dizer que o Covid-19 era uma “gripezinha” e continuava a cumprimentar apoiadores e frequentar comércio em Brasília.

Por volta das 17h30, logo após o fim dos pronunciamentos, de Jair Bolsonaro e do médico Nelson Teich a exoneração de Mandetta foi publicada em uma edição extra do “Diário Oficial da União”. A nomeação de Nelson Luiz Sperle Teich como novo ministro da Saúde foi oficializada no mesmo documento.