Sinais de nosso organismo que atraem os temíveis aegypti

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Aedes aegypti

Assim como os humanos os insetos são seletivos e algumas pessoas os atraem mais que outras. Calor do corpo, tipo sanguíneo, secreções que produzimos, cheiro da pele, fluídos corporais e roupa escura, são sinais que atraem os insetos. O fato de sermos mais atrativos para os mosquitos não quer dizer que tenhamos  de sofrer e ficar coberto de picadas, principalmente em tempos de Dengue.

O Brasil enfrenta uma epidemia dramática de casos de dengue segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia . Aqui no Distrito Federal a situação é preocupante mesmo com ações intensivas e permanentes  do governo no combate e prevenção do Aedes. O apoio e conscientização da população para evitar que o mosquito nasça é primordial neste momento.

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Números divulgados pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Saúde acenderam o alerta para os riscos oferecidos neste período pelo mosquito Aedes aegypti, responsável também pela transmissão do vírus da zika e chikungunya.

Por que os mosquitos nos picam? Para responder esta pergunta foi realizado um estudo pelo Journal of Medical Entomology. A pesquisa comprovou que os insetos escolheram as pessoas com sangue tipo O duas vezes mais que nas pessoas com sangue tipo A. Os pesquisadores observaram que isso está relacionado às secreções que produzimos, que ajudam os insetos a identificar nosso tipo sanguíneo.

Jonathan F. Day, professor de entomologia da Universidade da Flórida, explica que os pernilongos têm uma visão excelente, mas voam perto do chão para fugir do vento.  “Eles identificam o nosso contraste com o horizonte, então a roupa que você está usando faz diferença. Se estiver usando roupas escuras, o contraste será maior. Cores mais claras ajudam a evitar picadas.”

O professor explica que depois que o mosquito pousa na pele ele procura “sinais táteis” e que o calor do corpo é um sinal importante. “Algumas pessoas têm temperatura corporal um pouco mais alta – quando o pernilongo pousa no braço, por exemplo, ele busca a área em que o sangue esteja mais próximo da pele. Ou seja, os lugares do corpo que têm temperatura ligeiramente mais alto são mais propensos a levar picadas”, diz Day.

O entomologista Day diz que os insetos são mais ativos no nascer e no pôr do sol. Para evitar picadas o professor recomenda usarmos roupas claras e repelentes que tem longa duração. “Os produtos que contêm cerca de 5% de DEET em geral oferecem 90 minutos de proteção.

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Existem aproximadamente 3.500 espécies de mosquitos no mundo, mas apenas meia dúzia de espécies de três gêneros (Aedes, Anopheles e Culex), que evoluíram para picar humanos com consequências devastadoras. Os mosquitos transmitem doenças a aproximadamente 100 milhões de pessoas a cada ano, e suas picadas moldaram a história humana.

Em função disso, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, desenvolveu um projeto na África Subsaariana com base na coleta de desova de Aedes aegypti, um dos mais temíveis mosquitos especializados em humanos e responsáveis pelo zika, febre amarela e dengue, suas populações se dividem em duas subespécies.

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A subespécie de aegypti prospera nos habitats urbanos tropicais das Américas e da Ásia, onde se especializou em picar humanos a ponto de 95% da nutrição das fêmeas, fortemente atraídas pelo odor do nosso corpo, vir do sangue humano. Uma fêmea do Aedes aegypti pode colocar até 3 mil ovos durante seu ciclo reprodutivo.

As fêmeas em populações generalistas da subespécie formosus preferem o cheiro de outros vertebrados não humanos de cujo sangue se alimentam. Acredita-se que esse tipo de mosquito tenha evoluído de ancestrais generalistas africanos entre 5 mil e 10 mil anos atrás, possivelmente no norte do Senegal ou Angola.

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Larvas do Aedes aegypti

Assim como com todos os mosquitos, as duas subespécies põem seus ovos na água, então os pesquisadores começaram colocando milhares de ovitrampas, pequenos copos cheios de água e folhas sujas que simulam as poças de água que constituem o habitat ideal para a desova em 27 locais diferentes.

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Segundo os pesquisadores, depois de secos, os ovos se comportam como sementes: podem permanecer dormentes por seis meses a um ano antes da eclosão. Isso permitiu sua transferência para Princeton, com o objetivo de criar novas populações em condições de laboratório. Feito isso, os pesquisadores instigaram os insetos com cheiros de humanos e cobaias. O experimento consistiu em construir o que poderíamos chamar de olfatômetro: uma grande caixa de plástico cheia de mosquitos, com dois tubos removíveis.

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Sanear-DF combatendo os Aedes aegypti

Os resultados revelaram que os mosquitos de áreas densamente povoadas gostavam mais dos odores humanos. A descoberta mais reveladora estava relacionada ao clima: os mosquitos que vinham de lugares que tiveram uma estação chuvosa seguida de uma longa estação quente e seca preferiram os humanos.

Água parada em torno das populações humanas é a incubadora ideal para o aegypti  aegypti. Ele põe seus ovos logo acima da superfície da água em buracos de árvores, cavidades e fissuras na rocha, ou em recipientes artificiais. Se os ovos forem mantidos úmidos, eles podem eclodir imediatamente. Quando a larva passa para o estágio adulto e precisa sugar o sangue para se alimentar, o sangue disponível mais próximo é o de humanos e a partir daí espalham doenças.

A pesquisa publicada na revista científica Current Biology, sobre a origem e a história evolutiva dos mosquitos, sugere que, como consequência do aquecimento global e da crescente urbanização, em um futuro próximo haverá mais mosquitos transmitindo doenças humanas ao redor do mundo.