Papa diz na ONU que crise ambiental está ligada à crise social

O papa Francisco demonstrou preocupação com a situação da Amazônia e demonstrou sua preocupação com os índios. Em seu discurso nesta sexta-feira, na 75ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o pontífice disse que a crise ambiental é ligada à crise social. “Eu penso na perigosa situação da Amazônia e dos povos indígenas que vivem lá. Isso nos lembra que a crise ambiental é intimamente ligada à crise social e que o cuidado com o ambiente exige uma abordagem abrangente para lidar com a pobreza e combater a exclusão”, afirmou.
O pontífice também lembrou que, há cinco anos, quando ele participou da Assembleia da ONU, era véspera da adoção da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas.

Porém, de lá para cá, de acordo com ele, pouco se avançou. “Nós precisamos ser honestos e admitir que, embora alguns progressos tenham sido feitos, a comunidade internacional não foi realmente capaz de cumprir as promessas feitas cinco anos atrás”, criticou.
Francisco apelou pela flexibilização das sanções internacionais que, segundo ele, afetam principalmente as populações civis. “Eu também reitero a importância de flexibilizar as sanções internacionais que tornam difícil para os Estados fornecerem apoio adequado aos seus cidadãos”.
A fala de 26 minutos do papa Francisco ocorre cinco anos após a visita dele à sede da ONU, em Nova York. Na ocasião, ele dirigiu aos representantes de todas as nações um amplo discurso no qual pediu que fosse dada atenção especial aos pobres e à questão da mudança climática.

Francisco expressou ainda seu desejo de que a ONU seja mais eficaz e que o Conselho de Segurança seja mais unido e determinado. “Nosso mundo, carregado de males, precisa que as Nações Unidas se tornem um vetor internacional de paz cada vez mais eficaz. Isso significa que os membros do Conselho de Segurança, especialmente os membros permanentes, devem agir com mais unidade e determinação”, disse.
“A crise relacionada à pandemia de Covid-19 nos mostrou que não podemos viver uns sem os outros. As Nações Unidas foram criadas para unir as nações, para representar uma ponte entre os povos. Façamos um bom uso desta instituição”, pediu.
Pela primeira vez na história da ONU a assembleia foi virtual por causa da pandemia do novo coronavírus e fala do Papa foi gravada antecipadamente assim como do presidente Jair Bolsonaro.
A Amazônia foi citada durante a sessão de abertura, na terça-feira (22), pelo presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião o chefe do Executivo afirmou que o Brasil é “vítima” de uma campanha “brutal” de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal. Ele afirmou que floresta amazônica é úmida e só pega fogo nas bordas e que os responsáveis pelas queimadas são o ‘índio’ e o ‘caboclo’.