Estudo coloca carne vermelha em xeque e OMS recomenda consumo moderado

Estudos relacionaram o consumo da carne vermelha ao aumento do colesterol, risco de doenças do coração, especialmente infarto e insuficiência cardíaca, e câncer, principalmente o de intestino. Entretanto, uma revisão de pesquisas colocou essas evidências em xeque.
Não é de hoje que a carne vermelha é considerada vilã, quando consumida todos os dias e de forma exagerada. Já foi comprovado que a carne vermelha é rica em proteína e fonte de ferro e zinco.
O que fazer então diante dos benefícios e dos riscos da carne vermelha para a saúde?

A Organização Mundial de Saúde diz que apesar dos benefícios, o alimento deve ser consumido com moderação. De acordo com a OMS a quantidade semanal deve ficar entre 300 e 500 gramas, e ele deve ter espaço no prato de preferência até duas vezes por semana. “Pessoas com taxas de colesterol alterados, altos níveis séricos de ferro, portadores de doenças cardiovasculares e doenças metabólicas devem reduzir as quantidades”, alerta Garcez
O ideal é comer os cortes mais magros, como patinho, maminha, lagarto, filé mignon, coxão duro e mole, no lugar dos mais gordurosos, como picanha, por exemplo. Para se ter uma ideia, em 100 g de lagarto cozido há 222 calorias, 9,1 g de gordura e 56 mg de colesterol. A mesma quantidade de maminha grelhada tem 153 calorias, 2,4 g de gordura e 88 mg de colesterol. Uma porção igual de picanha com capa de gordura, por sua vez, conta com 289 calorias, 19,5 g de gordura e 92 mg de colesterol. Se a gordura aparente for retirada, esses valores caem para 238 calorias, 11,3 g de gordura e 100 mg de colesterol.

Segundo especialistas a pior escolha são as carnes processadas, ou seja, as que passaram por processos de salga, cura, fermentação, defumação ou qualquer outro método para realçar sabor ou melhorar a preservação, como bacon, toucinho, salsicha, linguiça e salame.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, a OMS classifica esses tipos de carnes no grupo 1 dos carcinogênicos, ao lado do tabaco. Já as carnes vermelhas em geral foram consideradas como prováveis culpados por esse tipo de doença, pois as evidências da ligação dos dois são limitadas. Em função disso é bom termos consciência de que em excesso a carne vermelha pode trazer problemas para a saúde.
Independente da escolha da carne, a recomendação é que a quantidade por refeição não passe de 100 a 150 gramas dessa fonte de proteína, isso porque o prato deve ser composto por outros alimentos, como verduras, legumes e fontes de carboidratos, por exemplo. No entanto, é importante que o nutricionista seja consultado para que seja verificado qual a quantidade de carne por refeição que deve ser incluída no dia a dia.

Em alternativa à carne vermelha, os especialistas recomendam consumir aves como frango, pato ou codorna, que possui menos gorduras e calorias. Além disso, os peixes também devem ser consumidos de forma regular, principalmente os peixes gordos e de água fria, como sardinha, atum e salmão, pois são ricos em ômega-3, que é um tipo de gordura boa para o organismo que, além de ser excelente anti-inflamatório, ajuda a reduzir o colesterol.
Além de possuir menos gordura e calorias, as carnes brancas têm uma digestibilidade menor, já que possuem menor colágeno e, por isso, podem ser consumidas à noite.
Como a gente viu, não há como negar que a carne vermelha, consumida com moderação, oferece benefícios ao organismo. A carne é uma excelente fonte de proteína. Uma quantidade de 100 gramas das versões magras contém por volta de 20 a 30 gramas desse nutriente, o que equivale a aproximadamente 50% das necessidades diárias de um ser humano adulto. Ela ainda conta com todos os aminoácidos essenciais, aqueles que não são produzidos pelo organismo e são necessários na formação das proteínas, importantes para o crescimento, manutenção e recuperação do corpo.

Segundo a nutricionista Natalia Barros, mestre pela Universidade Federal de São Paulo, com aprimoramento em nutrição humana e metabolismo pela Universidade de Stanford, nos EUA, “a carne vermelha também contém ferro heme, que é amplamente biodisponível, ou seja, aproveitado de forma mais eficiente pelo organismo, além de favorecer a absorção do ferro vegetal quando consumido junto com cereais, vegetais e leguminosas. Por essa razão, o alimento de origem animal ajuda no combate à anemia”.
Segundo a nutricionista é bom ficar atento a quantidade de gordura, calorias e colesterol de cada corte de carne.
Valores em 100 gramas do alimento cozido ou grelhado
- Maminha 153 calorias Gordura: 2,4 g Colesterol: 88 mg
- Lagarto 222 calorias Gordura: 9,1 g Colesterol: 56 mg.
- Fraldinha com gordura 338 calorias Gordura: 26 g Colesterol: 65 mg..
- Coxão duro 217 calorias Gordura: 8,9 g Colesterol: 71 mg
- Coxão mole 219 calorias Gordura: 8,9 g Colesterol: 84 mg
- Costela 373 calorias Gordura: 27,7 g Colesterol: 95 mg
- Picanha sem gordura 238 calorias Gordura: 11,3 g Colesterol: 100 mg.
- Filé mignon 220 calorias Gordura: 8,8 g Colesterol: 103 mg
- Patinho 219 calorias Gordura: 7,3 g Colesterol: 126 mg.
“A carne vermelha também tem boas concentrações de zinco, importante para o desenvolvimento e bom funcionamento do sistema imune”, diz a médica nutróloga Marcella Garcez, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná. “Além disso, para quem pratica atividades físicas, ela é especialmente indicada, pois é fonte de diversos nutrientes que melhoram o desempenho muscular, como a mioglobina e a creatina”, complementa Marcella Garcez.