Flatulência: um alerta do organismo para prevenir doenças

A flatulência é a liberação, voluntária ou não, de ar contido na porção final do intestino. Estes flatos, chamados vulgarmente como pum (onomatopeia), peido (do latim peditu), bufa, bomba, traque (onomatopeia), pu (onomatopeia), dentre outras denominações, segundo os especialistas, é normal e todo mundo solta. Algumas pessoas menos, outras mais.

A produção de gases intestinais é resultado da aerofagia, que é o ato de engolir ar, mas principalmente, da digestão de alimentos. Porém, as flatulências, ou puns, em excesso, podem causam constrangimento por causa dos ruídos e dos cheiros.

A explicação para o odor ruim característico dos puns está nos alimentos que comemos, principalmente os gordurosos, que intensificam a quantidade de ácidos graxos, no tipo de flora bacteriana e também na produção de enxofre durante o processo de fermentação no intestino. Já sua intensificação pode ocorrer por causa da presença do sulfeto de hidrogênio.

Um estudo da Universidade de Monash, de Melbourne, na Austrália,em 2016, apresentado em uma conferência da Sociedade de Gastroenterologia daquele país apontou que a presença desse gás, cujo odor lembra o de ovos podres, está relacionada ao consumo de um aminoácido chamado cisteína (encontrado em carnes, lacticínios, ovos e outras proteínas) e que em excesso é capaz de aumenta-lo em até sete vezes no organismo.

“Isso explica porque os fisiculturistas, que consomem lotes de proteína em pó, são conhecidos por terem puns fedidos”, explicou a autora da pesquisa e gastroenterologista Chu Kion Yao.

Segundo o estudo, dietas ricas em carboidratos e fibras também contribuem para a formação de puns fedorentos, mas não tanto quanto os advindos da proteína. Feijão, leite, ervilha, brócolis, repolho, batata-doce, ovo, por exemplo, ao fermentarem no intestino podem provocá-los. O processo de fermentação ocorre para retirada das vitaminas e sais minerais dos alimentos.

A dica para reduzir o excesso de gases e desconfortos abdominais é:

• Evitar o consumo de alimentos gordurosos,processados, ricos em açúcares, farinhas e gorduras hidrogenadas;
• Deixar grãos de molho antes de prepará-los para que seus gases sejam liberados;
• Mastigar bem e pausadamente  os alimentos;
• Aumentar a ingestão de líquidos (principalmente água) e de frutas digestivas;
• Evitar usar antibióticos e antiácidos com frequência, pois eles alteram a microbiota intestinal;
• Praticar atividades físicas.

Para reduzir o excesso de gases e aliviar a dor, a dica das nossas avós, é tomar chás de ervas medicinais, como o de camomila, hortelã, erva-doce e de capim cidreira. Eles ajudam a relaxar e aliviam a dor.

Fazer massagens na região do intestino para auxiliá-los a sair, ou procurar uma posição na cama que facilite sua liberação espontânea. Deitar de lado com os joelhos flexionados, fazendo com que as pernas pressionem o abdome, pode facilitar. Bolsa de água quente também alivia. Claro que estas dicas das nossas avós são paliativas.

Se o incômodo persistir por mais de 36 horas procure ajuda médica. Evite se automedicar sem ter consultado um médico antes.

Os puns podem ser prejudiciais à saúde quando segurados?

O cirurgião do aparelho digestivo, Aquiles Leite Viana, da Protoclínica, em Brasília, diz que quando não liberados espontaneamente voltam para o intestino, mas com possibilidade de causarem desconfortos, inchaço, dores e distensão abdominal, principalmente se a pessoa os prende com frequência.

Aquiles Leite Viana, que é especialista em Coloproctologia, pelo Hospital de Base, diz que quando o incômodo causado pela flatulência é frequente e grande, a ponto de causar dores no peito e compressões em órgãos, semelhantes a pontadas, ou vir acompanhado de outros sintomas, como náuseas, distensão abdominal, prisão de ventre e até diarreia, é preciso procurar ajuda médica para descobrir as causas por trás desse problema.

O médico Coloproctologista,  explica que as causas são variadas e podem incluir intolerâncias ao glúten e à lactose, parasitoses, câncer colorretal, hérnia de hiato, síndrome do intestino irritável e até mesmo um quadro de desequilíbrio da microbiota intestinal.

Como disse o especialista é importante ficar atento aos casos desagradáveis e recorrentes de flatulências, pois  há alguns detalhes que podemos observar. Odores fortes e desagradáveis por mais de 2 dias, dores e inchaços quando surgem os gases, podem representar infecções. Neste caso é recomendável buscar ajuda médica.