Gilberto Gil é eleito imortal da Academia Brasileira de Letras

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Cantor e compositor Gilberto Gil é eleito para a cadeira 20 da ABL


O consagrado músico baiano Gilberto Gil, de 79 anos, foi eleito por maioria absoluta à cadeira de número 20 da Academia Brasileira de Letras (ABL), na tarde do dia 11 de novembro. Ele foi eleito com 21 votos.


No dia da eleição, nenhum candidato comparece ao palacete Petit Trianon do Brasil, doado pelo governo francês em 1923 e que é uma réplica do Petit Trianon localizado no complexo de Versalhes, a poucos quilômetros de Paris. Gil então acompanhou a votação na casa de amigos em Ipanema, na Zona Sul do Rio.


Participaram da eleição 34 acadêmicos de forma presencial ou virtual, um não votou por motivo de saúde, 4 votos em branco e 2 nulos. O presidente da ABL, acadêmico Marco Lucchesi, disse que Gil traduz o diálogo entre a cultura erudita e a cultura popular.

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Lendário baiano Gilberto Gil ocupará a cadeira 20 cujo patrono é Joaquim Manuel de Macedo, vai integrar o grupo de notáveis do Palácio Petit Trianon do Brasil

De acordo com Lucchesi, Gil é um intelectual que pensa o Brasil. “Canta e pensa esse país; provou o exílio, em um momento muito difícil da nação; ocupou cargos importantes, como o Ministério da Cultura. Enfim, é um homem poliédrico, que representa parte essencial desses últimos anos do século 20 e do início do século 21. Portanto, ele é um homem que tem muitos traços de união: a política e a poética; século 20 e século 21; a tropicália e o modernismo. Ele é uma figura de extrema riqueza e, certamente, é muito bem-vindo agora como acadêmico, na casa de Machado de Assis. Nós o recebemos com afeto e alegria”, disse o acadêmico Lucchesi.


O lendário cantor e compositor baiano ocupará a cadeira cujo patrono é Joaquim Manuel de Macedo, autor do clássico “A Moreninha” e vai integrar a lista de notáveis do Palácio Petit Trianon do Brasil.


Gilberto Gil é, atualmente, o segundo negro a ocupar uma cadeira na ABL. O outro imortal é o escritor e professor Domício Proença Filho, que foi presidente da academia em 2016 e 2017.


“Muito feliz em ser eleito para a cadeira 20 da Academia Brasileira de Letras. Obrigado a todos pela torcida e obrigado aos agora colegas de Academia pela escolha”, escreveu Gil em seu Twitter.

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Gilberto Gil: o intelectual que canta e pensa o Brasil


Gilberto Gil é um cantor, compositor, multi-instrumentista e produtor musical cuja obra se confunde com a própria música brasileira.


Nascido em Salvador, na Bahia, o artista começou a se envolver com a música nos anos 1950 no acordeon ainda nos anos de 1950, inspirado por Luiz Gonzaga, pelo som do rádio e pela sonoridade do Nordeste.


Com a ascensão da Bossa Nova, Gil passou a tocar violão e, em seguida, a guitarra elétrica, presente em sua obra até hoje. Em seu primeiro LP, Louvação, lançado em 1967, traduziu em música, de forma particular, elementos regionais, como nas canções Louvação, Procissão, Roda e Viramundo.

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Gilberto Gil: um multi-instrumentista e produtor musical cuja obra se confunde com a própria música brasileira


Em 1963, iniciou com Caetano Veloso uma parceria e o movimento Tropicália, que acabou internacionalizando a música, o cinema, as artes plásticas, o teatro e a arte brasileira. O movimento gerou descontentamento do regime militar vigente à época, e os dois parceiros acabaram exilados. O exílio em Londres contribuiu para a influência do mundo pop na obra de Gil, que chegou a gravar um disco em Londres, com canções em português e inglês.


Ao retornar ao Brasil, Gil deu continuidade a uma rica produção fonográfica, que dura até os dias atuais. São ao todo quase 60 discos e em torno de 4 milhões de cópias vendidas, tendo sido premiado com nove Grammy.


Suas múltiplas atividades vêm sendo reconhecidas por várias nações, que já o nomearam, entre outros, Artista da Paz, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 1999; embaixador da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO); além de condecorações e prêmios diversos, como a Légion d’ Honneur da França, a Sweden’s Polar Music Prize, entre outros.


São dele os clássicos “Aquele Abraço”, “Vamos Fugir”, “A Novidade”, “Cálice”, “Esotérico”, “Divino Maravilhoso”. Gilberto Gil tem uma extensa discografia com mais de 60 álbuns e quase 4 milhões de cópias vendidas.


Em 1999, foi nomeado “Artista pela Paz”, pela Unesco. Em 2001, Gil foi nomeado embaixador da ONU para agricultura e alimentação. Ele também foi ministro da Cultura do Brasil, entre 2003 e 2008, durante dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


Gilberto Gil também escreveu e publicou livros sozinho e em parceria com outros autores. Entre as obras estão “Gilberto bem Perto”, “Disposições Amoráveis” e “Cultura pela palavra: artigos, entrevistas e discursos dos ministros da cultura 2003-2010”.


Novo Acadêmico da ABL, Gilberto Gil, deve assumir o posto em março de 2022, quando o órgão volta do recesso de fim de ano.


Fotos: Divulgação e Reprodução