Aids: prevenção e tratamento precoce para reinventar a própria vida e combater o preconceito

Neste Dia Mundial de Luta contra Aids, 1º de dezembro, um dos maiores desafios, segundo as autoridades de saúde, é fazer com que a população jovem invista em prevenção e procure tratamento precoce, para não contrair o vírus ou conviver com ele sem desenvolver a doença.
Esta data constitui uma oportunidade para apoiar as pessoas envolvidas na luta contra o HIV e melhorar a compreensão do vírus como um problema de saúde pública global.
A síndrome da imunodeficiência adquirida (aids, na sigla em inglês) é uma doença infectocontagiosa causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV, na sigla em inglês), que ataca o sistema imunológico, responsável pela defesa do organismo. Segundo o Ministério da Saúde, o vírus é capaz de alterar o DNA da célula linfócitos T CD4+ (glóbulos brancos do sistema imunológico) e fazer cópias de si mesmo. Após se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção.


Além dos números alarmantes, a Aids ainda é cercada de preconceito, desinformação e mitos. Segundo o Ministério da Saúde, o HIV está presente em fluidos, como sangue, esperma, secreção vaginal e leite materno. Portanto, desde que não haja contato com esses canais, não é preciso se preocupar. Ou seja, não é possível ser contaminada pelo abraço, beijo, aperto de mão, compartilhamento de talhares e copos, ao usar o mesmo banheiro ou piscina, por exemplo.
Algumas pessoas soropositivas (portadoras do vírus) vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença, embora ainda possam transmiti-la. Portanto, é importante destacar que ser portadora de HIV não significa ter aids, visto que um é o vírus e o outro a doença, respectivamente.
O Papa Francisco, durante audiência geral, pediu nesta quarta-feira mais solidariedade com aqueles que sofrem com o vírus HIV para garantir os cuidados dos que vivem nos lugares mais pobres do mundo. “Espero que possa haver um compromisso renovado de solidariedade para garantir cuidados de saúde eficientes e igualitários (para aqueles com HIV-Aids)”, disse o Papa.

Nesta data, a Secretaria da Saúde do Distrito Federal começa a campanha nacional Dezembro Vermelho com alertas sobre prevenção, tratamento e principalmente como enfrentar o preconceito e reinventar a própria vida. A empatia e a busca por informação são ferramentas poderosas pela saúde, no combate à intolerância e para evitar a morte social.
Enquanto cientistas correm para desenvolver vacinas e tratamentos contra a Covid-19, as pesquisas ainda continuam para encontrar uma cura para o HIV, que já infectou mais de 75 milhões de pessoas e matou quase 33 milhões desde que a epidemia de Aids começou nos anos 1980.

Pacientes que têm acesso a remédios contra Aids conseguem controlar o vírus e impedir o avanço da doença, e existem várias maneiras de impedir sua disseminação. Evitar as formas de contaminação é essencial. Usar preservativo durante as relações sexuais é um dos melhores métodos, além de não compartilhar agulhas ou seringas (usar materiais descartáveis) e utilizar luvas para manipular secreções.

O Distrito Federal tem cerca de 12 mil pessoas com HIV ou Aids em tratamento, segundo a Secretaria de Saúde do DF. Entre 2016 e 2020, a capital federal teve 526 mortes e 3.536 novos casos.
Segundo o Sistema de Informação de Agravos e Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde, 85% dos infectados no DF são homens. A maioria das pessoas vivendo com o vírus tem entre 20 e 29 anos – são 1.535 casos, ou seja, 50% do total. A estimativa é que cerca de 11% da população brasileira esteja contaminada com o vírus HIV e não sabe. Em todo o país foram 41.909 novas infecções confirmadas em 2019, ano que registrou também 10.565 óbitos.
A gerente de Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Saúde do DF, a médica Beatriz Maciel Luz, chama atenção para o aumento da doença entre a população jovem. “Muitos jovens veem a doença como uma outra qualquer, e não enxergam o impacto como o pessoal mais velho, que sofreu na década de 1980. Com isso, eles às vezes acabam negligenciando as estratégias de prevenção”, diz a médica.

“Para viver bem, é preciso ser detectado, não transmitir a doença e quebrar as barreiras de transmissão”, alerta a Dra. Beatriz Maciel. A médica está certa. Quem previne, testa e trata e não transmite. Amar é cuidar-se primeiro para depois cuidar do outro.
Atualmente, existe um arsenal terapêutico com medicamentos antirretrovirais de alta potência e eficácia no controle dessa doença crônica. Um dos principais pilares da terapêutica é justamente a adesão ao tratamento e a manutenção de hábitos saudáveis de vida, bem como o acompanhamento com um médico infectologista.
O Dia Mundial de Combate à Aids, é uma data voltada para que o mundo una forças para a conscientização, prevenção e tratamento da doença e, também, um momento para refletirmos sobre o respeito e cuidado pela história de cada um. O preconceito ainda é o pior sintoma da Aids.

Fotos: Breno Esaki / Secretaria de Saúde do DF e Reprodução