Coração de Dom Pedro I chega à Brasília para a celebração dos 200 anos da Independência

O coração do monarca português Dom Pedro I, que declarou a independência do Brasil de Portugal há 200 anos e foi nomeado imperador do Brasil, chegou de Portugal na segunda-feira, dia 22 e será exposto no Itamaraty, como parte das comemorações do aniversário da independência.
A relíquia estava guardada em uma urna com formol na cidade portuguesa do Porto desde a morte de Dom Pedro, em 1834, em Portugal, aos 35 anos de idade. O governo português concordou em emprestar o coração ao Brasil por três semanas para a celebração dos 200 anos da Independência do Brasil, em 7 de setembro.
A Força Aérea Brasileira (FAB) transportou o recipiente com o órgão embalsamado há 187 anos e pousou na Base Aérea de Brasília, onde foi recebido com honrarias, por autoridades como o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, o embaixador de Portugal no Brasil, Luiz Felipe Melo, e o ministro da Saúde Marcelo Queiroga.

O órgão veio em cabine de passageiros, junto com três autoridades portuguesas e um representante do governo brasileiro.
Por volta das 10h30, o coração foi levado ao Palácio do Itamaraty, em operação “silenciosa”. Já o retorno a Portugal está marcado para 8 de setembro. A Polícia Federal e as Forças Armadas devem fazer a segurança da relíquia neste período.
O embaixador George Monteiro Prata e o chefe do cerimonial do Itamaraty, ministro Alan Coelho de Séllos, informaram que o tratamento dado a relíquia é o mesmo concedido a chefes de estado.

“É com muita satisfação que nos reunimos nesta manhã, como parte das comemorações alusivas ao bicentenário da independência do Brasil, para receber esta importante relíquia, que representa além da bravura e da paixão, a imensurável força de nosso primeiro imperador, onde estiver o seu tesouro, ai também estará o seu coração”, disse na cerimônia o ministro Paulo Sérgio Nogueira.

O presidente da Câmara Municipal da cidade de Porto, Rui Moreira, ressaltou a notoriedade da vinda da relíquia ao país. “Em primeiro lugar, é muito importante, simbolicamente para o Brasil, o regresso do coração do vosso primeiro imperador D. Pedro. É muito importante também pra Portugal porque ele foi uma figura crucial na afirmação da liberdade em Portugal. E para a cidade do Porto que eu aqui represento, porque foi ele também que nos libertou dos jugos que tínhamos e foi considerado pela população do Porto como rei soldado”.
“Por isso, esse regresso do coração de D. Pedro é, para todos nós, espero, naturalmente, para os brasileiros, mas também para os portugueses, um momento de grande júbilo”, declarou Rui Moreira.

Em uma viagem cujas despesas foram assumidas pelo Brasil, é a primeira vez que o coração deixa Portugal desde a morte de Dom Pedro I, em 1834.
O presidente Jair Bolsonaro recebeu o coração na terça-feira, 23, no Palácio do Planalto com honras militares e salva de tiros, antes de colocá-lo em exibição pública no Palácio do Itamaraty até o Dia da Independência, em 7 de setembro.
“Dois países, unidos pela História, ligados pelo coração. Duzentos anos de independência. Pela frente, uma eternidade em liberdade. Deus, pátria, família! Viva Portugal, viva o Brasil!”, disse Bolsonaro, ao lado da primeira-dama Michelle Bolsonaro, durante a recepção do órgão do Imperador.

Dom Pedro I foi o primeiro chefe político do Brasil e responsável por declarar a independência do Brasil.
O coração de Pedro I foi separado em 1834 e guardado na capela-mor da igreja de Nossa Senhora da Lapa, em Porto, Portugal, a pedido do próprio imperado. A solicitação foi registrada no testamento deixado pelo monarca.

Seus restos mortais foram doados ao Brasil em 1972 para a comemoração dos 150 anos da independência brasileira e estão guardados no Parque da Independência, em São Paulo.
A família do rei português Dom João VI foi escoltada para o Brasil pela Marinha britânica em 1807 antes das forças de Napoleão invadirem Portugal. Ao retornar a Lisboa em 1821, o rei deixou seu filho Pedro como príncipe regente do Brasil.
A declaração de Independência do Brasil por Dom Pedro I foi um ato de desafio contra seu pai, o rei português João VI.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a partir de 25 de agosto, o órgão fica exposto “dentro de um vidro” , no Palácio do Itamaraty, até 5 de setembro.
A relíquia é protegida por uma porta de 5 toneladas (trancada por duas chaves), uma grade de ferro (trancada por uma chave), uma caixa de madeira (trancada por uma chave) e uma urna de mogno (trancada por uma chave).

Fotos: Kellen Barreto/TV Globo, Adriano Machado/REUTERS e Reprodução