Papa Francisco momeia 20 novos cardeais, dentre eles os arcebispos de Brasília e de Manaus

Papa Francisco, de 85 anos, nomeou no sábado dia 27, durante cerimônia do chamado Consistório, 20 novos cardeais, oriundos do Brasil, Paraguai, Índia, Singapura, Mongólia e Timor Leste, em uma cerimônia na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Os recém-nomeados passam integrar o Colégio Cardinalício, entidade de conselheiros e administradores do papa.
Dentre eles o arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa, de 55 anos e o arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Ulrich Steiner, de 72 anos. Essa é a primeira vez, desde 2016, que brasileiros são escolhidos pelo Papa Francisco.

Neste domingo,dia 28 de agosto, Dom Paulo Cezar vai presidir a missa no altar da tumba de São Pedro. Lá estão os restos mortais do primeiro Papa, no Vaticano.

Dom Paulo Cezar Costa, da Arquidiocese de Brasília, nasceu em Valença, no estado do Rio de Janeiro, em 20 de julho de 1967. Graduado em teologia pelo Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro (1991), mestrado em teologia pela Pontifícia Universitas Gregoriana (1998) e doutorado em teologia pela Pontifícia Universitas Gregoriana (2001).

Dom Paulo foi ordenado presbítero aos 25 anos, quando foi vigário paroquial na Paróquia de São Pedro e São Paulo, no município de Paraíba do Sul. Em 2010, foi nomeado pelo Papa Bento XVI como Bispo-Auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Em junho de 2011, teve seu nome divulgado como membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da CNBB. Na realização da Jornada Mundial da Juventude, em 2013, Dom Paulo Cezar Costa atuou como Diretor Administrativo.
Em 2016, foi nomeado 7º bispo da Diocese de São Carlos pelo Papa Francisco. Posteriormente, foi nomeado arcebispo da Arquidiocese de Brasília, em 2020.

Dom Leonardo Ulrich Steiner tomou posse como arcebispo de Manaus em janeiro de 2020. Ele assumiu o cargo ocupado desde 2013 por Dom Sergio Castriani. Até então, Dom Leonardo atuava como chefe da igreja local e como bispo auxiliar de Brasília.
O arcebispo Leonardo Steiner, de Manaus, é o primeiro cardeal da região amazônica, e sua escolha é uma evidência da preocupação do atual papa com as nações indígenas e com a Amazônia.
Fiel a sua linha a favor de uma igreja mais social, menos europeia, próxima aos esquecidos, o papa argentino selecionou dois africanos e cinco asiáticos, incluindo dois indianos, confirmando o avanço do continente na Igreja.

Entre as nomeações mais notáveis está a do americano Robert McElroy, arcebispo de San Diego, na Califórnia, considerado um progressista por suas posições sobre os católicos homossexuais e o direito ao aborto.
Outra nomeação emblemática é a do missionário italiano Giorgio Marengo, que trabalha na Mongólia. Ele será o cardeal mais jovem do mundo, com apenas 48 anos.

Três novos cardeais ocupam cargos na Cúria, o governo central da Igreja: o britânico Arthur Roche; o coreano Lazzaro You Heung-sik; e o espanhol Fernando Vérgez Alzaga, presidente do governo do Estado da Cidade do Vaticano.

Os cardeais receberam o barrete vermelho cardinalício, uma cor que lembra o sangue que Cristo derramou na cruz. Após a cerimônia aconteceu a tradicional “visita de cortesia” ao Vaticano, que permite a aproximação dos moradores de Roma para saudar pessoalmente os novos cardeais.

O Consistório é uma reunião, feita com todos os cardeais para dar assistência ao Papa nas suas decisões. Eles assessoram diretamente o papa em questões administrativas e econômicas, e se tiverem menos de 80 anos, ficam responsáveis por eleger um novo papa.
Com a posse dos novos cardeais, Francisco inclui na lista de possíveis sucessores religiosos procedentes das periferias do mundo, certamente mais abertos, menos acostumados às intrigas da Cúria Romana.
Na segunda e na terça-feira haverá encontros a portas fechadas entre todos os cardeais do mundo para uma reunião inédita de dois dias. A convocação de quase 300 cardeais é uma espécie de pré-conclave, durante o qual será feito um balanço da situação da Igreja após quase dez anos de liderança do papa latino-americano.

Oficialmente, essas reuniões servirão para uma discussão sobre a nova constituição do Vaticano, mas na prática também é uma chance para os cardeais fazerem uma avaliação uns dos outros para uma futura eleição de um novo Papa.
“Será a primeira vez que a maioria dos cardeais poderá se conhecer pessoalmente”, escreveu Luis Badilla, chefe do site Il Sismografo, especializado em assuntos da Igreja. Ele disse que seria um “ensaio para um conclave”.
Essa é a oitava vez que Francisco nomeia novos cardeais. Ao escolher pessoas com uma visão de um catolicismo mais inclusivo, ele consegue deixar uma marca no futuro da Igreja.
O papa Francisco, eleito em 2013, escolheu 83 dos 132 cardeais eleitores (cerca de 63% do total). A Igreja determina que pode haver no máximo 120 eleitores, mas é comum que os papas ignorem essa medida (principalmente porque os cardeais que ultrapassam os 80 anos perdem o direito de votar).

Desde que foi eleito, Francisco adotou escolhas próprias de cardeais. Ele costuma dizer que prefere cardeais de locais distantes ou de pequenas cidades em detrimento de católicos de capitais de países desenvolvidos.
Ao final de seu oitavo consistório, quase um para cada ano de papado, já que em março de 2023 completará dez anos à frente da Igreja, Francisco será responsável pela designação de 83 cardeais do total atual de 132 eleitores, quase dois terços do grupo. Um número determinante em caso de eleição do papa, que exige justamente maioria de dois terços.
Fotos: Alberto Pizzoli / AFP, Fabio Frustaci/EPA e Vaticano