Jardim naturalista da UnB recebe prêmio internacional pela preservação do Cerrado

O Jardim de Sequeiro, obra paisagística que embeleza o coração da Universidade de Brasília, com flores do Cerrado e de ciclo curto, recebe prêmio internacional.

O projeto coordenado pelo professor Júlio Pastore, da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, foi reconhecido por seu caráter inovador pela V Bienal Latino-americana de Arquitetura de Paisagem.

O reconhecimento internacional concedido na categoria, “Obra Construída – Corporativos, oficinas e instituiciones”, pela Sociedade de Arquitetos Paisagistas do México, deu-se pelo potencial da iniciativa em promover soluções inovadoras para os problemas sociais e ambientais da América Latina.

O Jardim de Sequeiro foi idealizado em 2020, em plena pandemia, a partir de parceria entre a Prefeitura da UnB e a Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAV), com o intuito de repaginar os canteiros do ICC com alternativa paisagística experimental cuja implantação e o manejo são de baixo custo.

O jardim usa as paisagens naturais das campinas cerratenses como inspiração de composição e destaca a importância da preservação do bioma que cobre cerca de 25% do território nacional.
Sem irrigação, aproveita as chuvas para crescer e florescer, secando com a chegada do inverno. É um jardim temporário, referenciado pela paisagem do Cerrado e suas estações, fazendo uso de plantas tradicionais de ciclo curto e espécies nativas do Cerrado.




O coordenador do projeto, Professor Júlio Barea Pastore, explica que a semeadura para o ciclo de floração é realizada por várias mãos, desde a coleta, beneficiamento de sementes até a plantação.“É um jardim temporário, que a gente planta por semeadura direta no começo das chuvas, e ele vai numa sucessão de florações até a seca”.

No Jardim de Sequeiro o tempo rege as dinâmicas das plantas e flores. No inverno, tons de palha e marron colorem o espaço com novas características biológicas. Com 90 dias de semeado, o jardim fica pleno. Do azul e branco inicial, predominam tons quentes. Bege, verde claro e dourado dão destaque ao colorido das flores que atraem pessoas para explorar a pluralidade magnifica das flores do Cerrado.

A composição com variadas flores como: Capim Brinco-de-Princesa; Zínias persas; Ornithogalum,conhecida como Estrela-de-Belém; Gaillardia; Euphorbia Hypercifolia, a Neve da Montanha; Centaurea Cyanus, flor de milho; Salvia Azul; Linho; Coreopsis, a margaridinha escura; Capim Membeca; valoriza a beleza e riqueza do cerrado e dá vida a paisagem interna da universidade.
Um aprendizado que merece ser compartilhado e aplaudido.

O Instituto Central de Ciências (ICC) é um dos edifícios mais marcantes de Brasília e, desde a construção da universidade da capital do país, o ritmo dos pilares propostos pela equipe de Niemayer e Lelé já encantava. Hoje, 60 anos após a fundação da UnB, o Jardim de Sequeiro ajuda a compor as perspectivas tão famosas do vao central do ICC.

Parabéns aos idealizadores do Jardim de Sequeiro e a todos que doam tempo e conhecimento para alegrar os olhos dos estudantes e professores da Universidade de Brasília.



Detalhes da temporalidade e os tons da chuva e da seca do Cerrado, podem ser conferidos no Jardim de Sequeiro da UnB.





Fotos: Rodrigo Hanna, Flávia Frota e Maurício Mercadante