“A Invenção do Outro” é o grande vencedor da 55ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

O 55º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro terminou na noite de domingo, 20 de novembro, com a consagração do filme “A Invenção do Outro”, uma obra comovente, intensa e sofisticada. Durante seis dias, o festival de Brasília exibiu 42 filmes e distribuiu 44 Troféus Candangos.
Depois de dois anos realizada de forma virtual, a maior e mais representativa mostra de filmes do país foi interativa e reuniu público de várias idades. Em 2022 foram inscritos quase 1,2 mil títulos. O Distrito Federal concorreu com 49 produções.

O secretário de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, Bartolomeu Rodrigues,não escondeu a satisfação de ver as pessoas interagindo com os filmes, atores, diretores e produtores da sétima arte.
A sétima arte da capital federal fervilhou neste encontro cinematográfico em Brasília.
Longa da sessão hors concours de encerramento do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o documentário “Diálogos de Ruth de Souza” foi exibido, no Cine Brasília. Um filme que fala sobre o passado, mas conversa muito com o presente do Brasil e que dá o palco para a primeira mulher negra do país a superar todos os obstáculos para dominá-lo.
Uma escolha acertada no Dia da Consciência Negra e exibido em um dos mais importantes festivais do país e centro do poder. Ruth foi uma pioneira nas artes, a primeira atriz brasileira a se apresentar no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e a primeira brasileira a ser indicada a um prêmio internacional, no Festival de Veneza. Como atriz, ela já foi única. Como atriz e mulher negra, ela foi exemplo de superação e talento.
O filme de destaque do festival “A Invenção do Outro”, é de Bruno Jorge. Além de ser o premiado pelo júri oficial de longas como melhor filme, a obra levou os troféus candangos nas categorias: fotografia, edição de som e montagem.

A obra acompanha a expedição humanitária na Amazônia em busca da etnia isolada dos Korubos, promovida pelo indigenista Bruno Pereira, assassinado ao lado do jornalista britânico Dom Phillips em junho de 2022, durante viagem pelo Vale do Javari.
Longas-metragens vencedores da Mostra Competitiva Nacional

“Mato Seco em Chamas”, de Adirley Queirós e Joana Pimenta, coprodução internacional, entre Ceilândia e Lisboa, levou sete Troféus Candangos. A obra explora os impactos da presença de movimentos extremistas em ambientes de periferia.
“Rumo”, de Bruno Victor e Marcus Azevedo, levou o Prêmio de melhor longa pelo júri popular. O filme trata da implementação da política de cotas raciais em universidades brasileiras a partir da experiência pioneira da UnB.
Vencedores da Mostra Competitiva

- Melhor Longa-metragem pelo Júri Oficial: ‘A Invenção do Outro’, de Bruno Jorge
- Melhor Longa-metragem pelo Júri Popular: ‘Rumo’, de Bruno Victor e Marcus Azevedo
- Melhor Direção: Adirley Queirós e Joana Pimenta, por ‘Mato Seco em Chamas’
- Melhor Atriz: Lea Alves e Joana Darc, em ‘Mato Seco em Chamas’
- Melhor Atriz Coadjuvante: Andreia Vieira, em ‘Mato Seco em Chamas’
- Melhor Ator: Carlos Francisco, em ‘Canção ao Longe’, de Clarissa Campolina
- Melhor Ator Coadjuvante: Para o coro de motoqueiros, de ‘Mato Seco em Chamas’
- Melhor Roteiro: Adirley Queirós e Joana Pimenta, por ‘Mato Seco em Chamas’
- Melhor Fotografia: Bruno Jorge, por ‘A Invenção do Outro’
- Melhor Direção de Arte: Denise Vieira, por ‘Mato Seco em Chamas’
- Melhor Trilha Sonora: Muleka 100 Kalcinha, por ‘Mato Seco em Chamas’
- Melhor Edição de Som: Bruno Palazzo e Bruno Jorge, por ‘A Invenção do Outro’
- Melhor Montagem: Bruno Jorge, por ‘A Invenção do Outro’
- Prêmio Especial do Júri: ‘Rumo’, de Bruno Victor e Marcus Azevedo
Curtas-metragens vencedores da Mostra Competitiva Nacional
Entre os curtas, o filme “Escasso”, do coletivo carioca Encruza (Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles) ganhou como melhor curta pelo Júri Oficial. A dupla também levou o prêmio de melhor direção, e Clara Anastácia foi consagrada melhor atriz.
O filme “Calunga Maior”, produção paraibana de Thiago Costa foi outro grande vencedor do Festival de Brasília, levando os Candangos de melhor trilha sonora e de melhor montagem.
- Melhor Curta-Metragem pelo Júri Oficial: ‘Escasso’, da Encruza (Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles)
- Melhor Curta-metragem pelo Júri Popular: ‘Calunga Maior’, de Thiago Costa
- Melhor Direção: Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles, por ‘Escasso’
- Melhor Atriz: Clara Anastácia em ‘Escasso’, de Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles
- Melhor Ator: Giovanni Venturini, em ‘Big Bang’ de Carlos Segundo
- Melhor Roteiro: Rogério Borges, por ‘Lugar de Ladson’ de Rogério Borges
- Melhor Fotografia: Yuji Kodato, por ‘Lugar de Ladson’ de Rogério Borges
- Melhor Direção de Arte: Joana Claude, por ‘Capuchinhos’ de Victor Laet
- Melhor Trilha Sonora: Podeserdesligado, em ‘Calunga Maior’ de Thiago Costa
- Melhor Edição de Som: Som de Black Maria (Isadora Maria Torres e Léo Bortolin), por ‘Lugar de Ladson’ de Rogério Borges
- Melhor Montagem: Edson Lemos Akatoy, por ‘Calunga Maior’ de Thiago Costa e ‘Nem o mar tem tanta água’ de Mayara Valentim
- Melhor filme de Temática Afirmativa: ‘Ave Maria’, de Pê Moreira
Mostra Competitiva Brasília (24º Troféu Câmara Legislativa)

O diretor paulista-brasiliense José Eduardo Belmonte, com “O Pastor e o Guerrilheiro”, levou o maior prêmio em dinheiro da noite (R$ 100 mil), pela Mostra Brasília. Por este mesmo júri, o cineasta Marcelo Costa (Cuhexê Krahô) levou R$ 30 mil na categoria melhor curta-metragem, com “Levante pela Terra”.
Já no júri popular, “Capitão Astúcia”, de Filipe Gontijo, faturou a preferência do público como melhor longa. “Desamor”, de Herlon Kremer, foi o preferido da audiência entre os curtas.
A melhor direção foi concedida a Thiago Foresti, pelo curta-metragem “Manual da Pós-verdade”. O filme também venceu a categoria melhor fotografia (Elder Miranda Jr.), direção de arte (Nadine Diel) e ator (Wellington Abreu).
Vencedores da Mostra Brasília pelo júri oficial:

- Melhor longa-metragem: ‘O Pastor e o Guerrilheiro’, de José Eduardo Belmonte
- Melhor curta-metragem: ‘Levante pela Terra’, de Marcelo Costa (Cuhexê Krahô):
- Melhor direção: Thiago Foresti, por ‘Manual da Pós-verdade’
- Melhor ator: Wellington Abreu, por ‘Manual da Pós-verdade’
- Melhor atriz: Issamar Meguerditchian, por ‘Desamor’
- Melhor roteiro: Juliana Corso, por ‘Virada de Jogo’
- Melhor fotografia: Elder Miranda Jr., por ‘Manual da Pós-verdade’
- Melhor montagem: Augusto Borges, Nathalya Brum e Douglas Queiroz, por ‘Plutão não é tão longe daqui’
- Melhor direção de arte: Nadine Diel, por ‘Manual da Pós-verdade’
- Melhor edição de som: Olivia Hernández, por ‘O Pastor e o Guerrilheiro’
- Melhor trilha sonora: Sascha Kratzer, por ‘Capitão Astúcia’
Prêmios do Júri Popular da Mostra Brasília
- Melhor longa-metragem: ‘Capitão Astúcia’, do diretor Filipe Gontijo
- Melhor curta-metragem: ‘Desamor’, do diretor Herlon Kremer
Prêmios Especiais

O prêmio Zózimo Bulbul, concedido em parceria entre a Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro e o Centro Afrocarioca de Cinema, premiou como melhores filmes o longa “Rumo”, de Bruno Victor e Marcus Azevedo, e o curta “Calunga Maior”, de Thiago Costa.
O prêmio Aquisição Canal Brasil de Curtas foi concedido ao curta “Nossos Passos Seguirão os Seus…”, de Uilton Oliveira. O filme, além de receber o prêmio no valor de R$ 15 mil, entra para a grade do canal.
O Prêmio Marco Antônio Guimarães, concedido ao filme que melhor utiliza material de memória, pesquisa e arquivos do cinema brasileiro, elegeu “Diálogos com Ruth de Souza”, de Juliana Vicente, como vencedor.
O Troféu Saruê, do Correio Braziliense, foi concedido à memória do indigenista Bruno Pereira, documentado em “A Invenção do Outro”, de Bruno Jorge.
Oferecido pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema nas categorias melhor longa-metragem e melhor curta-metragem, Prêmio Abracine, elegeu “Mato Seco em Chamas”, de Adirley Queirós e Joana Pimenta, como melhor curta, e “Calunga Maior” de Thiago Costa, como melhor longa-metragem.
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