Imperatriz Leopoldinense é campeã do Carnaval do Rio em 2023 com a saga de Lampião

Em desfile histórico, a Imperatriz Leopoldinense se vestiu de cangaceira e levou para a avenida a história de Lampião. A Rainha de Ramos, como é conhecida na zona Norte do Rio de Janeiro, cantou o enredo vencedor, do carnavalesco Leandro Vieira; “O aperreio do cabra que o excomungado tratou com má-querença e o santíssimo não deu guarida” e abordou o cangaceiro Lampião e sua chegada no céu.

Leandro Vieira desenvolveu um enredo inspirado na literatura de cordel para celebrar a história de Lampião, o rei do Cangaço. Após a morte do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o famoso Lampião, os cordelistas transformaram em bem-humorado desvario ficcional o destino pós-morte do mítico e controverso personagem.
A Verde e Branca trouxe uma fábula sobre a morte de Lampião à luz da cultura do cordel e num Nordeste multicolorido com assinatura do coreógrafo Marcelo Misailidis.

Este é o primeiro título em 22 anos da Imperatriz, que voltou ao grupo especial no último Carnaval. A Imperatriz Leopoldinense é detentora de nove títulos de campeã do grupo principal do carnaval carioca, conquistados em 1980, 1981, 1989, 1994, 1995, 1999, 2000, 2001 e 2023. Sendo que em 1980, 1989 e 2001 foi campeã obtendo nota máxima em todos os quesitos.
A Rainha de Ramos, desfilou pela primeira vez em 1960, com um enredo em homenagem à Academia Brasileira de Letras. Porém, apenas em 1972 ganhou notoriedade, após fazer parte da novela Bandeira 2, da Rede Globo. Naquele ano, apresentou o enredo Martim Cererê, conquistando o 4.º lugar. O samba-enredo daquele ano foi o primeiro a ser incluído em uma trilha sonora de telenovela. Em 2012, outro samba da escola – Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós! – do carnaval de 1989, seria o primeiro samba-enredo utilizado como tema de abertura de uma telenovela. Nesse caso, na novela Lado a lado.

Casal de mestre-sala e porta-bandeira da Imperatriz Leopoldinense, Phelipe Lemos e Rafaela Theodoro, foram perfeitos. Lemos e Theodoro dançaram na verde, branco e ouro de 2011 a 2015. Os parceiros na dança e na vida, retornam em 2023 e honraram o pavilhão.
As agremiações que desfilaram a partir das noites de domingo (19) e segunda-feira (20), foram avaliadas por 36 jurados. A leitura das notas ocorreu no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, na tarde de 22. Foram julgados nove quesitos no novo regulamento estabelecido pela Liga Independente das Escolas de Samba, a Liesa.
A ordem dos quesitos foi: Harmonia; Enredo; Bateria; Alegorias e Adereços; Fantasias; Samba-Enredo; Comissão de Frente; Mestre-Sala e Porta-Bandeira; Evolução. Sendo esse último o primeiro critério de desempate entre as escolas.

Cada quesito foi avaliado por 4 jurados. Logo no início da apuração, Grande Rio, Mangueira e Imperatriz Leopoldinense despontaram na frente, conseguindo as notas máximas nos primeiros quesitos. A Imperatriz liderou a apuração de ponta a ponta e, de Evolução em diante, ficou isolada na primeira colocação. A escola só perdeu dois décimos entre as notas válidas: um em Comissão de Frente e um em Evolução.

O locutor Jorge Perlingeiro, presidente da Liesa, leu o roteiro da apuração e as notas, como de costume. Em segundo lugar, ficou a agremiação Unidos do Viradouro, de Niterói, na região metropolitana do Rio. A terceira colocada foi a Unidos de Vila Isabel. Já a escola Império Serrano foi rebaixada para a Série Ouro.

Imperatriz Leopoldinense: 269,8
Viradouro: 269,7
Vila Isabel: 269,3
Beija-Flor: 269,2
Mangueira: 269,1
Grande Rio: 268,6

“Feliz demais! Dedico esse título ao meu pai que faleceu [Luizinho Drummond]. Ele foi quem fez a Imperatriz. Eu tenho certeza de que o céu está em festa, tenho certeza de que o Complexo do Alemão está em festa. É para vocês, Complexo!”, vibrou Cátia Drummond, presidente da Verde e Branca.
“É a volta por cima da escola, com uma nova gestão, com um novo carnavalesco sensacional, o Leandro Vieira, o mestre de bateria, Luiz Alberto Lolo, e todos os demais. Eu só tenho que dar parabéns para todos e agradecer. É muita felicidade. Tenho certeza de que o Complexo do Alemão está em festa”.

O intérprete Pitty de Menezes disse que o título veio graças à junção precisa de técnica e paixão.
“Foi um trabalho muito árduo e sério. A presidente reforçou a equipe, trabalhou com muito amor. A comunidade acreditou no trabalho, se entregou e hoje veio a consagração. Esse campeonato é para todo o Complexo do Alemão”. Para Ramos, Olaria, Bonsucesso, todo mundo que acreditou na Imperatriz. “O sonho virou realidade”.

Quem também chamou atenção do público na Sapucaí foi a filha do cangaceiro, Expedita Ferreira, que foi homenageada no quinto carro alegórico e desfilou aos 90 anos.
Expedida Ferreira Nunes, filha de Lampião, se emocionou com a vitória. “Foi muito emocionante. Eu não vim para perder. Essa é uma homenagem ao Nordeste”.

Fotos: Fernando Frazão/Agência Brasil, Luana Takeushy e Riotur