Alimentação influencia o risco de câncer de intestino, segundo estudos científicos

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Câncer de intestino quando descoberto a tempo tem grande chance de cura

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima, para o triênio de 2023 a 2025, mais de 45 mil casos de câncer de intestino por ano. Segundo o Inca, são esperados cerca de 20 novos casos a cada 100 mil homens e de 21 a cada 100 mil mulheres. O número de internações por câncer de intestino aumentou 64% nos últimos 10 anos, situação que preocupa especialistas de diferentes áreas.

Este aumento se deve a dietas pobres em fibras e o excesso no consumo de alimentos ultraprocessados. De acordo com um estudo sobre o perfil de consumidores, divulgado pela Revista de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), feito pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens/USP), o consumo no Brasil teve aumento médio de 5,5%, nos últimos dez anos.

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Internações por câncer de intestino aumentou 64% nos últimos 10 anos, segundo Inca

Como o desenvolvimento do câncer de intestino tem forte impacto da alimentação, Arn Migowsk, chefe da Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização da Rede do Inca, diz que o principal meio de prevenção do tumor é a mudança de hábitos de vida.

O especialista sugere consumir frutas, verduras e legumes no mínimo em 5 porções diárias. Eles são alimentos auxiliares, que garantem o bom funcionamento do intestino e ajudam a prevenir o câncer. Alimentação saudável é composta por alimentos in natura e minimamente processados, como frutas, verduras, legumes, cereais integrais, feijões e outras leguminosas, grãos e sementes.

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Alimentação saudável previne risco de câncer de intestino, segundo estudos científicos

Manter o peso dentro dos limites da normalidade e fazer atividade física, movimentando-se diariamente ou na maior parte da semana, são fatores importantes para a prevenção do câncer de intestino, o terceiro mais incidente na população brasileira, atrás apenas dos cânceres de mama e de próstata.

Arn Migowsk recomenda limitar o consumo da carne vermelha. “A recomendação é até 500 gramas de carne vermelha por semana”. Comida congelada e outros alimentos ultraprocessados devem ser consumidos o mínimo possível, segundo nutricionistas.

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Carne vermelha deve ser consumida com moderação para manter a saúde

“A obesidade, tabagismo e o consumo de álcool e de carnes processadas, tais como linguiça, salsicha, bacon, presunto, salame e mortadela, são todos fatores de risco”, alerta Migowski. “Há pesquisas que apontam que o consumo de 50 gramas dessas carne processada é capaz de aumentar em 18% o risco de desenvolvimento de câncer colorretal”, acrescenta em comunicado.

O nome do tumor depende da porção do intestino. “O câncer de reto é aquele que acontece na parte final, antes do ânus, enquanto o câncer de cólon (também chamado de colorretal) acomete o restante do intestino grosso”, esclarece o especialista.

Sinais e sintomas mais comuns do câncer de intestino

  • presença de sangue nas fezes
  • sensação de esvaziamento incompleto do intestino
  • dor e cólica abdominal frequente com mais de 30 dias de duração
  • alteração no ritmo intestinal como diarreia ou constipação
  • emagrecimento rápido e não intencional
  • anemia, cansaço e fraqueza.

Diagnóstico: exame de sangue oculto nas fezes e colonoscopia para confirmar ou descartar o diagnóstico.

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Colonoscopia é um dos exames para detectar o câncer de intestino

Angelita Habr-Gama, presidente da Associação Brasileira de Prevenção do Câncer de Intestino (Abrapreci), ressalta que, se identificado no começo, é possível evitar o desenvolvimento da doença. “O câncer colorretal é muito ‘camarada’ no sentido que ele permite o diagnóstico precoce e até mesmo a prevenção do tumor. Por outro lado, embora ‘camarada’ nessa etapa inicial, o índice de mortalidade no tratamento quando a doença já está em estágio avançado é alta. Por isso, prevenir é tão fundamental”, destaca Angelita que é também professora da USP.

Segundo a especialista em coloproctologia, principal meio de detectar alterações no intestino, a formação de um tumor cancerígeno é caracterizada pelo crescimento desordenado de células, que após começarem a se dividir rapidamente, adotam um comportamento agressivo e incontrolável ao próprio organismo. Ao todo, há mais de 100 tipos diferentes da doença que podem ser malignos e atingir tecidos próximos ou órgãos localizados, mesmo distantes um do outro, no corpo humano.

O câncer de intestino é uma doença tratável e frequentemente curável. Cuide-se, priorize sua alimentação e fique atento aos sinais.

Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferta o diagnóstico e o tratamento. A rede pública de saúde conta com 315 hospitais habilitados na alta complexidade em oncologia no Brasil, entre Centros de Assistência de Alta Complexidade (Cacon) e Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), habilitados ao tratamento oncológico.

Fotos: Breno Esaki/Agência Saúde DF, Getty imagens e Reprodução