Tina Turner: “Simply the best” em todos os sentidos, morre aos 83 anos

Tina Turner, a Rainha do Rock ‘n’ Roll, morreu, aos 83 anos, em sua casa, localizada em Küsnacht, perto de Zurique, na Suíça. A informação foi confirmada no dia 24, por meio de um comunicado publicado nas redes sociais da artista. A causa da morte não foi divulgada.
Tina deixa o marido, o executivo musical alemão Erwin Bach. Eles se casaram em julho de 2013, após 27 anos juntos. Ela deixa também dois filhos de Ike Turner, Ike Turner Jr e Michael Turner, adotados por ela, e milhões de fãs mundo afora.
“É com grande tristeza que anunciamos o falecimento de Tina Turner. Com sua música e sua paixão sem limites pela vida, ela encantou milhões de fãs ao redor do mundo e inspirou as estrelas de amanhã. Hoje nos despedimos de uma querida amiga que nos deixa sua maior obra: sua música. Toda a nossa sincera compaixão vai para a família dela. Tina, sentiremos muito sua falta”, diz a nota.

É difícil dimensionar. A perda tem a proporção do talento. Cresci embalada pela voz e inspirada pela sua musicalidade. Tina Turner foi “Simply the best”, em todos os sentidos. Marcou nossa vida nos palcos e fora dele com sua luta contra o racismo e a violência contra mulheres. Uma referência de resistência e libertação.
Deu a volta por cima e venceu. Tornou-se uma lenda da música e sua morte comove o mundo todo. Fica um legado incalculável pela extraordinária mulher que foi e que vai permanecer viva nas suas canções. Obrigada Tina, por sua alegria, por seu exemplo, por sua luta pela valorização humana e militância de proteção ao feminino. Seu talento e liderança ficará para sempre em nossos corações. Vá em paz, grande Diva, descanse e renasça espiritualmente na Glória de Deus.

Anna Mae Bullock nasceu em uma família pobre dos Estados Unidos. Aos 15 anos, foi abandonada pelos pais e cantou em boates para se sustentar. Em uma das apresentações, conheceu Ike Turner com a banda The Kings of Rhythm. Anna Mae pediu para ser backing vocal e em pouco tempo se tornou uma das vozes principais. Ike e a cantora decidiram formar uma dupla e, após se casarem, ela adotou o nome artístico Tina Turner. Ao lado do marido, dominou o cenário da música soul nos anos 60 e 70.

Na vida pessoal, o casamento foi marcado por brigas e escândalos. Alcóolatra e dependente de drogas, Ike culpava Tina pelo declínio da dupla, a agredia, humilhava e traía. Ela apareceu em público diversas vezes com o olho roxo ou com o lábio inchado. Depois de 18 anos, ela pediu o divórcio. Na justiça, propôs abrir mão de todo o patrimônio em troca de manter o sobrenome Turner.


Tina recomeçou do zero. Sem dinheiro, morou com uma amiga e abriu shows para outros grupos famosos, como os Bee Gees. Para voltar ao cenário musical, apostou no rock, influenciada por David Bowie e Rolling Stones (uma curiosidade: Mick Jagger se inspirou em Tina para criar sua icônica dancinha nos palcos). Adotou ainda novo estilo, com roupas ousadas e cabelos loiros espetados.
Em 1984, lançou o álbum “Private dancer”. “Whats love gotta do with it”, que ela não queria gravar quando ouviu pela primeira vez, virou um megassucesso e ajudou Tina a vender mais de dez milhões de cópias em todo o mundo. O título de “rainha do rock” surgiu aos 45 anos. Nos shows e clipes, ela cantava e dançava sem perder o fôlego.
Em 1986, lançou a biografia “Eu, Tina: a história da minha vida”, sobre a trajetória profissional e pessoal com o ex-marido, além de revelar as agressões. O livro virou filme em 1993, estrelado por Angela Basset e Laurence Fishburne.


O álbum seguinte foi “Break every rule”, com o qual Tina fez a maior turnê de sua carreira. Foram 14 meses viajando. Um show desta turnê no Brasil entrou para o livro dos recordes: a cantora reuniu 184 mil pessoas em uma única apresentação no Maracanã. O show foi transmitido ao vivo para todo o mundo.
No início dos anos 90, lançou a música “The best”, tema de alguns atletas. Um deles foi Ayrton Senna, que subiu no palco ao lado de Tina em um show na Austrália, em 1993.
O sucesso da música “GoldenEye” fez com que Tina Turner, então com 56 anos, lançasse um álbum, “Wildest dreams”. No fim da década de 90, lançou o nono álbum da carreira solo e anunciou a aposentadoria dos palcos. “Twenty four seven” emplacou dois hits, mas o clima de despedida atraiu milhões para os shows.
A cantora americana ficou famosa por suas performances enérgicas no palco, além de impactar com vocais roucos e poderosos. Ao longo da carreira, ela ganhou oito prêmios Grammy’s e foi incluída no Hall da Fama do rock ‘n’ roll em 2021 como artista solo. Vendeu mais de 100 milhões de discos em todo o mundo.

A introdução solo da artista no Hall da Fama reforçou o poder da cantora, que rompeu preconceitos e mostrou ao mundo que poderia se tornar uma potência da música. O trabalho de Tina inspirou e influenciou estrelas mais jovens como Beyonce, Janet Jackson, Janelle Monae e Rihanna.
Quando fez 73 anos, Tina Turner superou Meryl Streep e foi a mulher mais velha a estampar a capa da revista “Vogue”. Em 2021,um documentário da HBO recontou com detalhes a vida e carreira da lenda da música.
Além da música, Tina estrou nos cinemas em 1975 no filme “Tommy”. Dez anos depois, atuou em outro sucesso, “Mad Max – Além da cúpula do trovão”. Cantou também o tema “We Don’t Need Another Hero”. Outra participação marcante em trilhas foi na de “007 contra Golden Eye”.
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