7 de Setembro: os protagonistas da Independência do Brasil

O 7 de setembro é uma das datas comemorativas mais importantes do Brasil, justamente por abrigar um dos principais acontecimentos da nossa história do país: a nossa independência. Foi nesse dia, em 1822, que D. Pedro deu início a nossa trajetória como nação independente.

José Bonifácio, ministro e conselheiro, preparou o documento que iniciou oficialmente o processo de separação com Portugal em 6 de agosto de 1822. Maria Leopoldina, na condição de princesa regente do Brasil, presidiu uma decisiva sessão do Conselho de Estado no dia 2 de setembro de 1822, solidificando o caminho para a separação entre o Brasil e Portugal. E D. Pedro, príncipe regente, declarou o território brasileiro definitivamente separado da metrópole portuguesa, no dia 7 de setembro de 1822.

Por meio da independência, o Brasil deixou de ser uma colônia portuguesa e passou a ser uma nação independente. Com esse evento, o país organizou-se como uma monarquia que tinha Dom Pedro I como Imperador.
D. Pedro, Maria Leopoldina e José Bonifácio de Andrade e Silva são algumas das mais ilustres personalidades da Independência do Brasil, relembradas e celebradas na História. Mas não foram as únicas figuras importantes nesse processo. A luta pela separação de Portugal foi travada por inúmeros personagens: populares, escravizados e indígenas, que desempenharam papeis essenciais para tornar o Brasil independente.

O processo de independência não foi um processo homogêneo ou pacífico. Muitas províncias se declararam contra a separação de Portugal e vários conflitos eclodiram pelo país. Na Bahia, um violento combate se desenrolou entre 7 de setembro de 1822 e 2 de julho de 1823. Na região do Grão-Pará, a resistência contra o domínio imperial acabou deixando cerca de 1300 mortos, parte deles por asfixia no porão de navios capturados pelas forças de D. Pedro. Os conflitos se estenderam até meados de 1825.
Nessas batalhas, a participação de negros e indígenas foi fundamental. “Escravos baianos fugiam para voluntariar-se nas tropas, num misto de civismo e de busca pela liberdade pessoal”, explica Adriano Comissoli, professor do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da UFSM/RS.

“No caso de indígenas, temos registro de participações, mas também de negativa em lutar e de manifestações favoráveis a D. João. Algumas dessas manifestações estiveram atravessadas por conflitos locais, como a defesa das terras indígenas frente à tentativa de invasão por grandes proprietários. Ou seja, a independência mesclava também antigas animosidades. No extremo sul do Brasil, os charruas apoiaram o projeto de José Gervásio Artigas (líder político, general militar e estadista da região do Río de la Plata, que lutou nas guerras de independência da América Latina contra os Impérios Espanhol Português) de criar uma Confederação dos Povos Livres e, por isso, se opuseram às forças portuguesas até 1820, quando foram vencidos”, acrescenta o professor da Universidade Federal de Santa Maria.
Entre os indígenas, destaca-se a figura do guarani Andrés Guacurarí e Artigas, mais conhecido como Andresito. Filho adotivo José Gervásio Artigas, Andresito nasceu em São Borja (atualmente Estado do Rio Grande do Sul, Brasil) e cresceu na vizinha São Tomé (hoje Província de Corrientes, Argentina). Foi Comandante General das Missões, e destacou-se na tentativa de criar uma Confederação dos Povos Livres na região do extremo sul, que incluía não apenas indígenas, mas também escravos libertos (muitos libertados por ele) e população empobrecida. Combateu as tropas portuguesas em várias ocasiões, até ser finalmente capturado em 1819.
João Paulo Peixoto Costa, professor de História do Instituto Federal do Piauí, lembra que muitas mulheres participaram ativamente da Independência do Brasil, tomando parte até mesmo das batalhas. Contudo, a maioria permanece desconhecida até os dias de hoje.


Uma das poucas mulheres que conseguiu alçar seu nome aos livros de História foi Maria Quitéria de Jesus, ou simplesmente Maria Quitéria. Primeira mulher a fazer parte do Exército Brasileiro, a baiana teve que fingir ser homem e usar o nome do cunhado para conseguir entrar em uma batalhão. Denunciada pelo próprio pai, Maria Quitéria foi impedida de deixar as tropas pelo major Silva e Castro, que a considerava importante na luta contra os portugueses por sua facilidade com o manejo de armas e sua disciplina em batalha. Assim, a jovem passou a usar seu nome verdadeiro, trocou o uniforme masculino por saias e adereços, e juntou-se oficialmente às tropas que lutavam contra os portugueses em 1822. Sua coragem em ingressar em um meio exclusivamente masculino inspirou outras mulheres, que se uniram às tropas e formaram um grupo comandado por Quitéria. Nesse batalhão, ela se destacou em vários combates, recebendo de D. Pedro a medalha de “Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro”.
Quitéria não foi a única mulher na frente de batalha. A pescadora negra Maria Felipa de Oliveira liderou o povo liberto da região da Bahia para atacar e neutralizar as tropas portuguesas que teimavam em não deixar o Brasil após a independência. Maria Felipa se engajou na luta pela separação de Portugal e, com suas companheiras, utilizava de seus conhecimentos de pesca para patrulhar e sabotar os barcos portugueses que se aproximavam das praias. Sua principal arma era a astúcia. Muitas vezes, ela e as mulheres de seus grupos seduziam os soldados portugueses, apenas para conduzi-los até a praia, embebeda-los, despi-los, e então aplicar-lhes bofetadas de cansanção (planta que provoca sensação de queimadura na pele). Felipa exerceu uma forte liderança sobre a população pobre da Ilha de Itaparica, incluindo índios tupinambás e tapuias em seu grupo.

“É central perceber que a emancipação brasileira foi um contexto de oportunidades de lutar por liberdade e autonomia, seja para ampliá-la, garanti-la ou conquista-la”, aponta Costa. “Pensar na história da independência a partir das ações coletivas também é oportuno para a atualidade, quando vemos direitos constitucionais sendo fragilizados. A cidadania foi reivindicada pela população que coletivamente se manifestou e protagonizou a independência, pensada em torno dos próprios conceitos e expectativas de liberdade, e que foi excluída por elites fundamentalmente escravistas”, finaliza João Paulo Peixoto Costa.

A Independência do Brasil é construída a cada dia com o nosso compromisso por uma educação melhor e mais igualdade social. Construir um Brasil do futuro está em nossas mãos. Que nossa ordem sempre contribua para o progresso do nosso país.
Vamos aproveitar este dia para dar também nosso grito de independência de tudo que nos reprime. Sou brasileira com muito orgulho e, por isso, não desisto nunca de lutar por meus ideais.
Viva o 7 de Setembro!!!!!!! Viva o Brasil.
Fotos: Reprodução de Armand Pallière Domenico Failutti, Benedito Calixto e Fábio Soares