Canola: oleaginosa rica em gorduras boas que faz bem para as pessoas e animais

A canola está entre as oleaginosas mais produzidas no mundo, ficando atrás apenas da soja e da palma de óleo. Ela é considerada um alimento rico em gorduras boas, sendo a base para a produção de óleos comestíveis e lubrificantes para máquinas, além de ter um farelo rico que serve como base para a fabricação de ração de animais.
O óleo de canola é um dos mais saudáveis, devido à sua alta quantidade de ômega 3 – o que ajuda na redução de triglicerídeos –, vitamina E (um antioxidante que reduz radicais livres), gorduras monoinsaturadas (responsáveis por reduzir o LDL) e menor teor de gordura saturada (controla o colesterol).
Para ser chamado de canola, o óleo deve ter em sua composição menos de 2% de ácido erúcico e cada grama de componente sólido de semente seca ao ar deve ter menos de 30 micromoles de glucosinolatos.

Mas não é só seu óleo que é uma alternativa saudável; o farelo de canola tem entre 34% e 38% de proteínas, o que faz dele uma excelente alternativa suplementar proteica para rações de bovinos, suínos, ovinos e aves.
No Brasil se cultiva apenas canola de primavera, da espécie Brassica napus L.var. oleifera, que foi desenvolvida por melhoramento genético convencional da colza, grão que apresentava teores mais elevados de ácido erúcico e de glucosinolatos. Na Embrapa Trigo as pesquisas e experiências com a produção e uso de óleo de colza como combustível, iniciadas nos anos 1980, foram interrompidas na década de 1990 após o abrandamento da crise do petróleo e consequente alteração de prioridades governamentais. No final dos ano 1990, retomou-se a pesquisa com essas cultura, exclusivamente com o padrão canola. Atualmente, com a demanda pelos biocombustíveis, essa cultura conta com um novo incentivo de produção.

Segundo a Embrapa, os grãos de canola produzidos no Brasil têm de 24% a 27% de proteína e de 34% a 40% de óleo em sua composição.
Outra característica importante da canola e que vale a pena ressaltar é o fato de ela ser adaptável ao frio; não por acaso, ela faz sucesso nas lavouras do Sul do país. A cultura se adapta bem aos climas mais frios, o que exige uma série de cuidados na hora de seu plantio.
O cultivo deixa os campos mais belos, e o amarelo vivo das flores de canola reluzem como ouro nas lavouras do Sul do Brasil.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), dos 39,1 mil hectares de cultivo da canola no Brasil em 2021, 38,3 mil se concentravam no Sul do país.
Benefícios do plantio de canola para agricultura

- O incentivo ao plantio da canola traz benefícios não só ao produtor, mas também a toda a cadeia do agronegócio.
- O plantio de canola serve para reduzir o uso de defensivos agrícolas, diminuindo os custos e tornando a produção mais sustentável.
- O fato de não exigir a aquisição de máquinas e equipamentos que sejam específicos para o seu manejo faz com que a cultura seja uma ótima alternativa econômica.
- Além desses benefícios, a canola tem uma alta produtividade e traz vantagens por poder ser usada na rotação de culturas como a soja, o milho e o trigo.
- No trigo, por exemplo, quando a canola é usada como alternativa de rotação, há uma redução em doenças que possam afetar o cereal, evitando que fungos sobrevivam em restos culturais.
- Já no milho, a canola reduz aqueles problemas gerados pela mancha de diplodia e cercosporiose.
Cultivo a.C.

A história mostra que a canola era cultivada na Índia em 2.000 a.C. e foi introduzida na China e no Japão no começo da era cristã. Há relatos de que a canola foi usada como hortaliça, no século VI, e seu óleo servia para as civilizações orientais e do Mediterrâneo para ser usado em lamparinas de iluminação e também na fabricação de sabão no século XIV.
Devido à sua capacidade de se desenvolver bem em locais com temperatura relativamente baixa, a canola pôde ser cultivada em regiões de temperatura extrema, tendo a expansão do seu cultivo no século XIII na Europa.

No século XVII, no Japão, surgiu o hábito de fritar comidas com o óleo de canola, o que fez com que ele adquirisse o status de produto comestível.
O desenvolvimento da máquina a vapor fez com que o óleo assumisse o papel de lubrificante devido à sua adesão às superfícies feitas com metais e que eram expostas ao vapor e à água, funcionando melhor que outras opções disponíveis no mercado.
Na Segunda Guerra Mundial, o mundo viu aumentar a demanda por lubrificantes para máquinas a vapor dos navios de guerra e mercantes.

Com as fontes de lubrificantes europeias e asiáticas bloqueadas, no início dos anos 1940, o cultivo de canola passou a ser estimulado no Canadá para, assim, suprir a demanda do mercado.
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