Nebulosa de Órion, berçário estrelar, pelas lentes do telescópio James Webb

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James Webb capta imagens deslumbrantes da Nebulosa de Órion com destaque para o Aglomerado do Trapézio,

Nebulosas são aglomerados de poeira e gases de elementos básicos que podem tanto se formar após a explosão de uma estrela quanto atuar como “berçário” estelar. A Nebulosa de Órion, por exemplo, é a mais brilhante já identificadas pelos cientistas e está localizada ao sul do cinturão de Órion, a cerca de 1.300 anos-luz da Terra.

Nesta segunda-feira, 2 de outubro, a Agência Espacial Europeia (ESA) publicou imagens inéditas da Nebulosa de Órion capturadas pelo telescópio James Webb. O telescópio é uma parceria internacional entre Nasa, ESA e a Agência Espacial Canadense (CSA). Ele custou cerca de US$ 10 bilhões (cerca de R$ 55 bilhões) e tem uma “expectativa de vida” prevista de dez anos – mas deve operar por mais tempo.

Os registros das imagens divulgadas foram feitos pelo instrumento NIRCam, montado no telescópio. Os astrônomos os transformaram, então, em dois mosaicos, um do comprimento de onda curto de outro longo.

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Imagem do telescópio James Webb mostra o gás ionizado (representado pela cor roxa) e uma mistura de poeira e gás molecular (visto em vermelhos, castanhos e verdes)

“Esses estão entre os maiores mosaicos observados por Webb até o momento e, devido a alta resolução e grande área, foram incorporados ao ESASky para facilitar a exploração das inúmeras fontes astronômicas interessantes contidas neles”, afirma a Agência Espacial Europeia, em comunicado.

Pelas imagens é possível ver o aglomerado de estrelas Trapezio, que se localiza no núcleo da Nebulosa de Órion, e é um dos responsáveis por iluminar o gás e a poeira que compõem a formação.

O registro mostra a Nebulosa de Orion interior e o Aglomerado do Trapézio, que fica no núcleo dessa nebulosa. É possível ver uma região com quatro anos-luz de extensão — um pouco menos que a distância entre o Sol e a estrela Proxima Centauri (a mais próxima do Sol).

O mosaico de comprimento de onda longo, obtido com 712 imagens individuais em seis filtros, destaca uma intricada rede de poeira e compostos orgânicos chamados hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. Além da poeira, o infravermelho mostra o gás e moléculas com uma sensibilidade sem precedentes, contudo, com uma resolução espacial mais baixa do que na imagem de comprimento de onda curto.

Segundo informações do comunicado da ESA, é possível observar o gás ionizado (representado pela cor roxa) e uma mistura de poeira e gás molecular (visto em vermelhos, castanhos e verdes).

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James Webb capta imagens deslumbrantes da Nebulosa de Órion

De acordo com o comunicado divulgado pela ESA, a nebulosa abriga uma “rica diversidade de fenômenos e objetos, incluindo:

  • fluxos e discos de formação de planetas em torno de estrelas jovens;
  • protoestrelas incorporadas;
  • anãs marrons;
  • objetos de massa planetária flutuantes;
  • e regiões de fotodissociação — as regiões de interface onde a radiação das estrelas massivas aquece, molda e influencia a química do gás”.

Com equipamentos supersensíveis e avançados, o James Webb inaugurou uma nova era da astronomia. O telescópio é uma maravilha da engenharia, capaz de espiar mais longe no espaço do que qualquer outro telescópio já fez, graças ao seu enorme espelho principal e instrumentos de foco infravermelho, permitindo que sua visão atravesse gás e poeira cósmicos.

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Nebulosa de Órion, berçário estrelar, pelas lentes do telescópio James Webb

O telescópio é equipado com quatro câmeras e espectrômetros. Estes instrumentos são capazes de operar em um total de 17 modos diferentes. O mais importante é a NIRCam (Near Infrared Camera, ou “câmera de infravermelho próximo”): uma tecnologia de captura de imagens que opera em frequências do espectro visível e invisível, entre 0,6 e 5 µm. Como referência, o olho humano consegue enxergar apenas entre 0,38 e 0,78 µm.

Seus dados ajudam a desvendar mistérios da formação do universo e a descobrir novos mundos fora do Sistema Solar. As imagens são de tirar o fôlego.

Fotos: Divulgação