Prêmio Inspiradoras celebra mulheres que transformam a vida de outras brasileiras

Mulheres que lutaram para transformar a vida de outras brasileiras, receberam o Prêmio Inspiradoras 2023. A festa, realizada na Casa Natura Musical, em São Paulo (SP), foi comandada pela consagrada atriz Dira Paes e com apresentação musical da cantora Negra Li e da comediante Livia La Gatto.

O Prêmio Inspiradoras é uma iniciativa de Universa Uol e Instituto Avon, que tem como missão descobrir, reconhecer e dar maior visibilidade a mulheres que se destacam na luta para transformar a vida das brasileiras.

O Prêmio Inspiradoras 2023 teve como foco cinco causas: luta pelo fim das violências contra mulheres e meninas; enfrentamento ao câncer de mama; promoção da equidade de gênero; incentivo ao avanço científico; e empoderamento econômico e cidadania feminina.

“Saio com as expectativas renovadas por fazer parte dessa noite especial. Estamos em um hall de excelência, não só no sentido acadêmico, mas no daquelas que dão seu melhor pensando em todos ao seu redor”, disse Dira Paes, durante a apresentação do prêmio.

Tatiana Schibuola, gerente geral de conteúdo e projetos especiais do UOL, disse que a terceira edição da premiação encontra um cenário diferente da primeira. “O mundo não para de acelerar e de se transformar. A gente não tem mais uma pandemia, e parou de brigar para provar pontos elementares, como ciência e democracia. Mas a essência do Prêmio Inspiradoras é que, não importa o cenário, a conjuntura ou o que tira o chão, essas mulheres seguem tentando domar as adversidades”.

“O Prêmio Inspiradoras tem a missão de dar ressonância à voz das mulheres e às respostas inovadoras que elas apresentam para os problemas sociais mais prementes. Essa voz sempre existiu, embora nem sempre tenha encontrado ouvidos atentos e interessados”, afirmou Daniela Grelin, diretora executiva do Instituto Avon.

Mulheres Vencedoras em 2023

A biomédica Jaqueline Góes de Jesus foi a premiada na categoria Mulheres na Ciência. “Vim bem desacreditada, isso mostra o quanto é difícil para nós, mulheres na ciência acreditar, que o nosso trabalho impacta realmente a vida das pessoas.” A cientista baiana é reconhecida por seu trabalho no sequenciamento do genoma do novo coronavírus. Dra. Jaqueline tem ativamente moldado o futuro da pesquisa no Brasil.

A ativista Lúcia Xavier, 64 anos, venceu a categoria Justiça para Mulheres. “Me senti Viola Davis ganhando o prêmio”, brincou a diretora da ONG Criola, Rio de Janeiro. Ela organiza a agenda sobre antirracismo para melhorar o acesso à Justiça pela população negra.

Na categoria Equidade de Gênero e Liderança, ganhou a atleta Aline SIlva, lutadora de wrestling que criou a ONG Mempodora para fortalecer meninas de comunidades vulneráveis em Cubatão (SP) e São Luiz (MA). A ex-atleta olímpica e medalhista mundial de Wrestling, desenvolve um projeto social que também atua no Nordeste. Ela dá aulas de luta e cursos de inglês em São Luís (MA) por meio de uma parceria com o Instituto Formação. Além do trabalho dentro das escolas, a ONG mantém o programa Combate à Pobreza Menstrual desde 2020.

A agente de saúde alagoana Claudiana Ferreira venceu a categoria Consultora de Beleza. Como parte de seu trabalho, ela visita inúmeras casas em sua cidade, São José da Tapera (AL), e sempre se deparou com problemas que afetam a vida e saúde das mulheres da região: violência e câncer de mama. Inquieta, em 2019 criou o projeto Previne Mulher, que trata da saúde e segurança feminina em ciclos de palestras em escolas e postos de saúde. Além disso, Claudiana é a fundadora da rede online Tapera por Elas, em que mulheres podem buscar ajuda de forma segura em situações de risco.

Negra Jhô ganhou na categoria de Empoderamento Econômico. “Mulheres negras têm dificuldade de se inserirem no mercado de trabalho.” Focada na estética afro, a profissional saiu do interior a Salvador no final dos anos 1980, quando começou a oferecer seus serviços de trancista e conquistou uma legião de clientes. Além da clientela, ela fez questão de ensinar a técnica para outras mulheres e já ajudou inúmeras a conquistarem independência financeira em seus mais de 40 anos de trabalho social na região do Pelourinho. Atualmente, Negra Jhô capacita detentas e mulheres vítimas de violência e contribui no resgate da autoestima de pessoas que vivem com depressão em seu trabalho no Instituto Kimundo.

Em Conscientização e Acolhimento, Irmã Marie Henriqueta, que luta contra a violência sexual na região amazônica, saiu vencedora. “Recebi a notícia de que estava como finalista em um momento difícil, de perseguição”. A religiosa amazônida Marie Henriqueta Cavalcante é referência no combate à exploração sexual de crianças e adolescentes no Estado do Pará.

A vencedora da categoria Atenção ao Câncer de Mama foi a advogada pernambucana Maria Paula Bandeira. Diagnosticada com câncer de mama metastático desde 2016, em seus 24 anos, a profissional recorreu às redes sociais em busca de relatos de pacientes que tivessem a mesma idade ou história parecida com a dela, mas não encontrou. Dessa forma, decidiu compartilhar sua experiência com orientações jurídicas sobre o direito das pacientes no Lenço do Dia, perfil no Instagram com mais de 30 mil seguidores. Além disso, Maria Paula criou o projeto Saúde Legal, extensão universitária sobre direito dos pacientes.

Alessandra Korap recebeu das mãos da paraense Dira Paes o troféu Hors Concours do Prêmio Inspiradoras 2023. A homenageada da noite trabalha ativamente contra grandes empresas de mineração e de combate à exploração em território indígena no Pará. Ela citou o calor atípico em São Paulo ao alertar sobre as mudanças climáticas e o julgamento do marco temporal.

Ela também falou sobre violência de gênero. “Estamos lutando para que esses problemas de violência contra mulheres e meninas que ouvi aqui não cheguem ao território. Mas eles chegam por conta do garimpo e das empresas que vão até lá nos enganar”, disse. “A floresta está sentindo dores e avisando para todos nós, ricos e pobres. Ela não vai aguentar. A qualquer momento, vai morrer. E nós vamos morrer junto”.

Parabéns a estas valorosas mulheres e todas as que de forma anônima nos mostram caminhos, nos ensinam a ser pessoas melhores, estimulam a nossa criatividade, nos mostram formas de conduzir situações, jeitos novos de enxergar, formas de interpretar e nos entusiasmar a mudar a nossa vida e de nossos semelhantes.

Inspirar significa despertar em alguém a vontade de criar e de realizar algo.

Fotos: Divulgação e Reprodução