Embrapa Cerrado desenvolve Pitaya que se ‘autopoliniza’ e mais resistente a pragas e doenças

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Cultivo de Pitaya, a fruta gostosa e saudável

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), após 30 anos de estudos lança novas variedades de pitaya, a fruta gostosa e saudável que gera emprego e renda. Além do mais a pitaya é uma excelente fonte de vitaminas, sais minerais e fibras.

Pesquisadores da Embrapa Cerrado (DF) desenvolveram cultivares de pitaya geneticamente superiores para uniformizar e organizar a produção deste fruto. As cultivares de pitayas foram registradas no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

A pitaya é conhecida mundialmente como fruta-do-dragão e, no Brasil, é considerada uma fruta exótica, exuberante e comercializada como fruta especial e alto valor de mercado. Segundo nutricionistas os são muito nutritivos e ajudam no bom funcionamento do sistema digestivo e na redução da resistência à insulina, além de possuir características anti-inflamatórias e antioxidantes.

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Pitaya Lua do Cerrado (BRS LC), casca vermelha de polpa branca

A Pitaya é uma fruta de baixa caloria. Em uma porção de 100 gramas, por exemplo, ela contém apenas cerca de 60 calorias. Além disso ela é rica em fibras, o que ajuda a controlar a fome e a manter a sensação de saciedade por mais tempo.

A fruta é rica em antioxidantes em sua composição. Essas substâncias ajudam a combater os radicais livres e a inflamação, o que pode auxiliar no processo de perda de peso. Essas propriedades ajudam a eliminar as toxinas do corpo, o que é importante para o bom funcionamento do organismo e para a perda de peso.

Dada a importância da fruta, os pesquisadores da Embrapa Cerrados (DF) decidiram desenvolver cultivares de pitaya geneticamente superiores mais resistentes a pragas e doenças e que se autopolinizam, ou seja, que não precisam de ajuda para frutificar.

Ai surgiram as cultivares: BRS Lua do Cerrado, BRS Luz do Cerrado, BRS Granada do Cerrado, BRS Minipitaya do Cerrado, e BRS Âmbar do Cerrado. Nessas variedades, a polinização acontece de forma natural. Assim que a planta abre, a flor já realiza o processo de polinização e fecundação.

O pesquisador Fábio Faleiro, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrado, explica que a capacidade de a planta produzir frutos sem a necessidade da polinização cruzada, foi um ponto importante da pesquisa. “Todas as cinco cultivares possuem essa característica. Isso representa um aspecto muito positivo no manejo da cultura. É ganho de tempo e de qualidade de vida para os produtores, que não precisam mais acordar de madrugada para fazer a polinização manual”.

Faleiro explica que as linhas de pesquisa com pitaya seguiram durante anos em duas frentes. A primeira relacionada ao desenvolvimento de variedades geneticamente superiores, ou seja, mais produtivas, mais resistentes a pragas e doenças, teor de açúcar que atenda ao gosto do consumidor, além da autocompatibilidade. Já a segunda frente desenvolveu o sistema de produção, cujos resultados geraram um conjunto de recomendações relacionadas a produção de mudas, plantio, podas de formação e produção, sistemas de tutoramento das plantas, adubações de plantio e de cobertura, além da irrigação, colheita e processamento dos frutos.

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Pitaya: o doce sabor do cacto que faz bem para a saúde

Resistentes a doenças, as novas cultivares apresentaram bom desempenho nos pomares, mesmo sem a aplicação de químicos. Essa característica as torna aptas para o cultivo orgânico, além de gerar menor impacto ambiental e financeiro na produção. Os frutos são bem doces, de polpa firme e as plantas apresentam manejo simples, boa produtividade e baixo custo de produção.

BRS Lua do Cerrado (BRS LC), casca vermelha de polpa branca 

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Tipos de Pitaya e seus benefícios para a saúde

Esta cultivar é da espécie Selenicereus undatus, foi obtida por meio do melhoramento genético convencional visando ao aumento de produtividade, vigor, precocidade, características físicas e químicas dos frutos (aumento do tamanho do fruto e do teor de sólidos solúveis totais), autocompatibilidade e resistência a doenças.

Os frutos apresentam casca de espessura média e coloração vermelha, com ausência de espinhos. São grandes, com formato arredondado, sendo comum a colheita de frutos acima de 500 g (sem polinização manual) e também frutos que podem atingir massa superior a 1 Kg. A polpa tem coloração branca, com grau de doçura variando de 13 a 17 °Brix. Nas condições do Distrito Federal, Goiás, Santa Catarina, Mato Grosso e Pernambuco, a cultivar tem iniciado a produção antes de completar um ano de plantio no campo. Com três anos de plantio, atinge produtividade anual de 35 Kg de frutos por planta em polinização aberta e, dependendo das condições de manejo da cultura, pode atingir produtividades superiores a esse valor.

Esta cultivar de pitaya vermelha de polpa branca é uma nova opção para os fruticultores no Brasil, sendo destinada ao mercado de frutas especiais de alto valor agregado para consumo da fruta fresca e para produtos processados. Agrega diversidade às variedades de pitayas cultivadas comercialmente no Brasil, com o diferencial de ter garantia de origem genética e experiências de sucesso no cultivo em diferentes regiões do País.

BRS Granada do Cerrado (BRS GC)

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Embrapa Cerrado desenvolve Pitaya que se ‘autopoliniza’ e mais resistente a pragas e doenças

A cultivar híbrida de pitaya (Selenicereus undatus X S. costaricensis) BRS Granada do Cerrado (BRS GC) é oriunda do melhoramento genético convencional. As principais características trabalhadas foram produtividade, vigor, autocompatibilidade, maior tamanho do fruto e teor de sólidos solúveis totais e antioxidantes, além da maior resistência e tolerância a doenças.

Os frutos são de comprimento e largura médios, com massa em torno de 250 g e muito uniformes; apresentam casca de espessura média, coloração vermelha e sem espinhos. A polpa tem coloração roxa e doçura de 12 a 15 °Brix. Nas condições do Distrito Federal e Goiás, a cultivar tem iniciado a produção antes de completar um ano de plantio no campo. Devido à heterose, apresenta alto vigor e, com três anos de plantio, atinge produtividade anual 42 Kg de frutos por planta em polinização aberta e, dependendo das condições de manejo da cultura, pode atingir produtividades acima desse valor.

BRS Luz do Cerrado – pitaya da espécie S. undatus, com frutos alongados, casca vermelha de polpa branca e autocompatível. Apresenta frutos grandes, com média de 600 g. A produtividade média anual pode ser superior a 35 kg de frutos por planta.

BRS Minipitaya do Cerrado – casca vermelha com espinhos e polpa branca é oriunda do melhoramento genético convencional. As principais características são a elevada produtividade, autocompatibilidade, combinação do teor de sólidos solúveis totais e acidez da polpa, além de excelente resistência e tolerância a doenças. A cultivar tem origem na biodiversidade brasileira, sendo proveniente da região do Cerrado Brasileiro.

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Flores de Pitaya, a fruta exótica que faz bem para a saúde

BRS Âmbar do Cerrado – pitaya de casca amarela, S. megalanthus, para o mercado de frutas especiais de alto valor agregado. Essa cultivar é autocompatível e pode atingir uma produtividade anual de mais de 20 kg de frutos por planta. Os frutos apresentam massa média de 150 g. Uma importante característica dessa cultivar nas condições do Cerrado do Planalto Central é a produção durante todo o ano, incluindo a entressafra das demais cultivares de pitayas desenvolvidas pelo programa de melhoramento genético realizado na Embrapa Cerrados.

Os frutos são pequenos (massa média de 80 g) e têm espinhos; apresentam casca de espessura fina e coloração vermelha. A polpa é branca e apresenta doçura de 15 a 19 °Brix. Por terem grande atrativo visual, os frutos também podem ser usados para fins ornamentais. Nas condições do Distrito Federal, Goiás e Santa Catarina, a cultivar tem iniciado a produção antes de completar um ano de plantio no campo. Com três anos de plantio, atinge produtividade anual de 10 Kg de frutos por planta em polinização aberta e, dependendo das condições de manejo da cultura, pode atingir produtividades acima desse valor.

Também é recomendada para uso na fruticultura ornamental devido à beleza das flores, que são muito grandes, brancas e se abrem à noite. Apresenta, ainda, o diferencial de ter garantia de origem genética e experiências de sucesso no cultivo em diferentes regiões do País.

Tipos de Pitaya

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Embrapa Cerrado desenvolveu pitaya mais gostosa, resistente e com maior produção

Pitaya branca: também conhecida como pitaya da rainha, é a maior das três variedades. A sua casca é esverdeada, enquanto a sua polpa é branca e cheia de pequenas sementes pretas. É menos doce do que a pitaya rosa, mas tem um sabor levemente picante.

Pitaya rosa: é a mais comum e amplamente cultivada das três variedades. Tem uma casca rosa ou vermelha brilhante com pequenas escamas verdes e uma polpa vermelha salpicada de pequenas sementes pretas. É suculenta, doce e refrescante, com um sabor que lembra uma mistura de kiwi e melão.

Pitaya amarela: é menor do que a pitaya branca e a pitaya rosa. Tem uma casca amarela ou laranja e uma polpa branca, amarela ou laranja. A pitaya amarela é doce e suculenta, com um sabor que lembra uma mistura de melão e abacaxi.

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Pitaya BRS Âmbar do Cerrado de casca amarela e polpa branca, desenvolvida pela Embrapa Cerrado

Também conhecida como fruta-do-dragão, por causa de sua aparência escamosa, as pitayas têm origem na América tropical e subtropical, incluindo o Brasil. O País possui uma espécie nativa, a Selenicereus setaceus, conhecida como Saborosa, de sabor aprimorado, uma vez que combina doçura com acidez.

Além dessa espécie nativa, temos a Selenicereus costaricensis, que possui a casca vermelha e a polpa roxa. Essa e a Selenicereus undatus, pitaya de casca vermelha e polpa branca, são as que possuem maior expressão comercial. Há, no entanto, uma diversidade grande de outras espécies, como a Selenicereus megalanthus, que é a pitaya de casca amarela e polpa branca, bem mais doce do que as demais.

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Pitaya BRS Granada do Cerrado – casca vermelha e polpa roxa, desenvolvida pela Embrapa Cerrado

Fotos: Alexandre Veloso e Fabiano Bastos/ Embrapa