Diniz leva o Fluminense à sonhada conquista da Libertadores numa festa de luz, energia e cores no Maracanã

Fernando Diniz é o grande campeão das Américas ao preparar o Fluminense para vencer o Boca Juniors, o clube argentino sete vezes campeão da Libertadores. Com variações técnicas e diferentes estilos de jogar, ele deu a cada jogador mais de uma função. E o jeito Diniz de jogar deu certo. Ele entrou para a história do clube e ganhou o coração dos dirigentes e torcedores até de outros clubes.

Por ironia do destino foi o argentino Germán Cano quem fez o primeiro gol da partida aos 35 de bola rolando. Em um toque dentro da área, o atacante do Fluminense abriu a contagem no Maracanã diante de 69 mil torcedores. Cano tem 35 anos e artilheiro da competição com13 gols. No tempo normal, o Boca empatou com Advíncula aos 26 minutos do 2ºT. Coube ao garoto John Kennedy, 21 anos, marcar um golaço na prorrogação após passe de Keno e se tornar o herói da conquista.



A Libertadores é do Fluminense e a América é do Fluminense. Além do tão sonhado título a vitória do Fluminense faz com que o Brasil seja o primeiro país a ser campeão da Libertadores 5 anos seguidos: Em 2019 Flamengo, 2020 Palmeiras, 2021 Palmeiras, 2022 Flamengo e 2023 Fluminense. Um novo recorde para o futebol brasileiro.


Para chegar até esta celebração muitos obstáculos tiveram de ser superados. Com talento, perspicácia e muito trabalho conseguiu desenvolver o potencial do elenco maduro do Fluminense, preparar os novos talentos e recuperar os indisciplinados. Com Diniz os jogadores do Fluminense foram apreendendo a jogar em diversas posições.

Marcelo, não era mais lateral, e virou meio-campista, mas podia ser ponta-direita. O craque se tornou uma opção de jogador de meio-campo, com atuações memoráveis em que saia da lateral até a ponta-direita. O veterano da Seleção Brasileira dava seu melhor em busca da primeira Libertadores para o Flu, time em que foi criado e, mesmo com cinco Champions League, era pura emoção.

Felipe Mello, um atleta de 40 anos, teve atuações seguras na zaga. Árias é ponta, mas pode ser lateral para fechar a linha de cinco. André foi zagueiro quando o time precisou ser ofensivo. Ganso jogou de primeiro volante e até passou a sair a bola junto ao goleiro. O goleiro Fábio, por exemplo, aprendeu a jogar com os pés como nunca em sua carreira. Uma grande evolução dos craques liderados por Fernando Diniz.

John Kennedy autor do gol da vitória no começo da prorrogação é um exemplo da persistência e aposta de Diniz. Antes de brilhar no Fluminense ele foi dispensado por indisciplina pelo América-MG, Atlético-MG e Cruzeiro.


Nesta final seguiu as regras do professor e foi decisivo para o título da Libertadores. Kennedy foi tomado pela emoção e ficou em êxtase com a importância de seu feito. Mesmo com um barulho ensurdecedor dos torcedores do clube das Laranjeiras, correu sob forte emoção para a mureta do Maracanã para se deixar abraçar pela torcida, em festa. Foi expulso porque a regra fria do futebol não permite o abraço no torcedor. Saiu de campo em prantos e aplaudido.

Com um a menos em campo, o público ficou tenso e a ansiedade tomou conta das arquibancadas. Diniz não se abalou e mudou as peças de lugar e priorizou a defesa. O técnico foi rápido ao perceber o perigo e fez uma linha de cinco e até seis já que o time argentino basicamente cruzava bolas na área. Com essa estratégia impedia os cruzamentos da ponta e tinha mais gente para rebater.

Com um jeito Diniz de jogar com um esquema, 4-2-4, ele sufocava os adversários na Libertadores. Com essa formação o Fluminense chegou a jogar com posições mais fixas em determinados jogos, como pressionando o Olimpia, com Arias na direita, Cano e John Kennedy no meio, e Keno pela esquerda. E Diniz foi ousado ao escalar esse time também no Paraguai, e diante do Inter na primeira semifinal.
Claro que sofreu contra-ataques. Afinal quem se arrisca fica exposto a reações inesperadas. O Fluminense aprendeu a se defender atrás da linha da bola e foi um time cauteloso durante a final. Diniz mandou seus jogadores controlarem a disputa da bola e foi isso que eles fizeram sob o comando de Ganso e Marcelo.

Fernando Diniz transformou o Fluminense na sua face e ganhou a torcida e o apreço de torcedores de outros times. O time do Rio de Janeiro é campeão da Libertadores pela primeira vez em seus 121 anos de existência.
Diniz ensinou: “Campeão é quem tem dignidade e trabalho com a amor”, disse Felipe Melo, batendo orgulhoso no peito.

“Eu tinha uma dívida com o Fluminense. O grupo todo está de parabéns, todos no clube. Eu trabalhei. Agora, é só alegria. Estou ganhando um titulo da Libertadores com meu time do coração. Hoje é o dia mais feliz da minha vida, de verdade. Não tem como não entrar na emoção”, disse o lateral Marcelo, que chorou durante o hino e antes mesmo da conquista após a substituição.
Fernando Diniz abraçou todos os seus jogadores e foi falando no ouvido de cada um sua alegria e agradecimento.
O Maracanã foi palco de uma linda festa de luz, cores e energia, em 4 de novembro com uma bela mistura de cores, de um lado vermelho, branco e verde e de outro azul e amarelo. Fluminense, representando o Brasil, na final da Libertadores 2023, contra o argentino Boca Juniors, sete vezes campeão das Américas.

A emoção pairava no ar tanto nas arquibancadas com quase 70 mil pessoas quanto em campo. Durante a execução do hinos dos países protagonistas da disputa final mais importante do continente, o que se viu foi jogadores experientes caindo em lágrimas de emoção por estarem ali naquele importante momento.
Após o apito final o Flu festejou intensamente sua primeira Libertadores e a conquista ganhou as ruas da cidade do Rio.
FLUMINENSE do técnico Fernando Diniz é campeão com: Fábio, Samuel Xavier (Guga), Nino, Felipe Melo (Marlon) e Marcelo (Diogo Barbosa); André, Martinelli (Lima) e Ganso; Arias, Cano e Keno (David Braz).
O Tricolor receberá nada menos do que 18 milhões de dólares (aproximadamente R$ 91 milhões), só pela vitória na final. A esse valor, se soma a classificação à fase de grupos de 2024, avaliada em 3 milhões de dólares (R$ 14,8 milhões), além de todo o montante que ele embolsou até chegar à decisão.
Fotos: Ricardo Moreira/Getty Images Getty Images South America