Marcha reivindica o fim do racismo, mais direitos e democracia

Membros de entidades como o Congresso Nacional Afro Brasileiro, o Círculo Palmarino, o coletivo Emancipa, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, e o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, realizaram hoje a 15ª Marcha da Consciência Negra na capital paulista.

Os manifestantes reivindicaram o fim do racismo, mais direitos e democracia. Na faixa à frente do ato, estava estampada os rostos de lideranças negras assassinadas.Outras bandeiras levantadas diziam respeito à intolerância religiosa, à violência contra a população negra e à questão quilombola.
“Atacar os orixás é atacar o povo preto”; “Se você for preto, o próximo pode ser você”, e “A destruição dos quilombos é projeto de um Brasil racista” eram alguns dos dizeres estampados.

Milton Barbosa, coordenador do Movimento Negro Unificado (MNU), uma das entidades que organizou o ato, disse que a maior luta é pela preservação da vida.”A mensagem que nós estamos colocando é principalmente o não ao racismo. Esse país tem um projeto de genocídio da população negra, e que não é de hoje. Vem desde a abolição da escravatura. Mas nós estamos firmes e, da nossa parte, vai ter muita luta”.

O grupo começou a se reunir no início da tarde no vão livre do Museu de Arte Moderna de São Paulo (Masp). A marcha continuou pela Consolação, que chegou a ficar totalmente ocupada, em direção ao Centro da capital até o Theatro Municipal. Houve apresentações de percussão, danças de religiões de matriz africana e capoeira.
Negros tem remuneração menor no mercado de trabalho, diz pesquisa
No Dia da Consciência Negra, estudo da Codeplan mostra que pretos e pardos representam 65,8% dos que têm ocupação e 73,8% do total de desempregados no DF. Estas informações são do boletim especial da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) no DF. O documento foi apresentado nesta terça-feira, no auditório da Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos do DF.
Em termos absolutos, a remuneração média dos negros com ocupação reduziu de R$ 2.831 para R$ 2.753, e a de não negros foi ampliada de R$ 5.030 para R$ 5.061. No Distrito Federal, autodeclaram-se pretas ou pardas 67,3% da população economicamente ativa.
Segundo Adalgiza Amaral, coordenadora da PED pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os negros conseguem ocupação em tempo menor (47 semanas) do que os não negros (51 semanas). “Isso, no entanto, ocorre porque eles não querem ficar muito tempo desempregados e aceitam salários mais baixos.”

Em 2018, constatou-se uma diferença de nove pontos porcentuais entre o número de mulheres negras desempregadas (22,6%) em relação aos homens não negros (13,6%).
Victor Nunes Gonçalves, subsecretário de Igualdade Racial, diz que a pesquisa mostra a continuidade de um problema antigo que impede melhores avanços. “É o racismo que continua na sociedade. Tanto que observamos que a qualificação [profissional] de negros não garante melhores empregos e salários.”
O objetivo do Dia da Consciência Negra é mostrar que todos nós devemos ser tratados sempre com a mesma dignidade, e ninguém seja impedido ou restrito por causa da cor da pele. Além disso tem o intuito de conscientizar a população para a importância do povo negro na formação social, histórica e cultural do nosso país.