Morre Marcelo Yuka: o ativista das causas sociais

Música perde Marcelo Yuka - bernadetealves.com

É com pesar que registro o falecimento do compositor Marcelo Yuka, aos 53 anos, um dos mais contundentes e brilhantes músicos da geração 90. O fundador da Banda O Rappa estava internado no Hospital Quinta D’Or e sofreu um acidente vascular cerebral na madrugada deste sábado.

Yuka foi um soldado que combatia a violência urbana, o racismo e as desigualdades sociais com sua obra musical. Ele parte desta vida de forma prematura, mas sua obra vai viver no coração de muitas gerações. O artista sai de cena para entrar na história da música pop brasileira.

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Compositor Marcelo Yuka, ativista das causas sociais

Marcelo Fontes do Nascimento Viana de Santa Ana, conhecido pelo nome artístico, Yuka, nasceu no Rio de Janeiro em 31 de dezembro de 1965  foi um músico, compositor, ativista, político e palestrante brasileiro. Foi um dos fundadores da banda O Rappa e, depois, do grupo F.UR.T.O. Um baterista que se tornou a figura mais importante da banda O Rappa.

Como principal letrista do grupo, Yuka exerceu o poder do verbo e propagou ideologia humanista em que gritou por igualdade e justiça para se fazer ouvir, expondo aguda consciência social. Os versos da canção Minha Alma:  “A minha alma tá armada / E apontada para a cara / Do sossego / Pois paz sem voz / Paz sem voz / Não é paz / É medo”, sintetizaram toda a angústia dos habitantes de uma cidade partida em que polícia, bandidos e cidadãos vivem em permanente estado de tensão.

O músico que tanto lutou contra a violência e desigualdade social acabou sendo vítima dos bandidos em novembro de 2000. Levou 9 tiros e ficou paraplégico. Não desistiu da sua luta. O ativismo exercido na música se acentuou.

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A voz ativa de Yuka se expressava pela escrita.  Por meio das vozes de Seu Jorge e de Elza Soares, bradou que “a carne mais barata do mercado é a carne negra”, verso incômodo de A carne (Seu Jorge, Ulisses Cappelletti e Marcelo Yuka, 1998). Foi Yuka quem sentenciou no título de música de 1994, assinada com os colegas do Rappa, que Todo camburão tem um pouco de navio negreiro.

Ele também combateu as mazelas da vida por meio de seus livros. Sua morte inesperada deixou a cena musical de luto. Os amigos e fãs se manifestaram pelas redes sociais.

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“Marcelo Yuka emprestava o seu olhar para nos explicar a realidade como poucos. Músico, poeta, pensador. Um multiartista e ativista que tinha o dom de enxergar tudo maior, de pensar no próximo, de se engajar em causas sociais”, cantora Marisa Monte.

“Yuka apontou o verbo para a cara do sossego de cidadãos que preferem ignorar as injustiças que grassam no cotidiano das favelas e morros do Rio de Janeiro. Essa consciência social o imortaliza. Foi-se a carne, mas fica na sociedade fraturada a alma exposta do artista”, colunista Mauro Ferreira.

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Escritor e compositor Marcelo Yuka

 “Yuka, meu irmão! Sua curta existência entre nós é o preço das batalhas que você – solidário e tantas vezes solitário – travou. Entre na merecida e plena Paz, com sua voz e sem medo! Você está acolhido no condomínio sem grades do Amor, do depois do ódio, no Reino que não tem rei”, deputado Chico Alencar