Avós da Praça de Maio desvendam mais um mistério

A Argentina viveu mais um momento emocionante com a restituição de 40 anos de um amor não vivido. As Avós da Praça de Maio, associação argentina presidida por Estela de Carlotto, apresentou à imprensa o 130º neto desaparecido na ditadura argentina, desde 1977. Javier Matias Mijalchuk Darroux é filho de Elena Mijalchuk e de Juan Manuel Darroux.

O responsável pelo reencontro familiar foi seu tio materno. Durante quase 40 anos, Roberto Mijalchuk manteve ativa uma linha de telefone com a esperança de que algum dia o aparelho tocaria para lhe trazer uma boa notícia. Ele sonhava em reencontrar a irmã, desaparecida durante o regime militar argentino. O sonho se concretizou.
“Obrigado, tio, por não ter parado de nos procurar”, declarou o sobrinho Javier Matías Mijalchuk Darroux, de 41 anos perante a imprensa, depois de descobrir ser filho de desaparecidos durante o governo militar argentino, que comandou o país entre 1976 e 1983.
Javier Matías foi retirado dos pais em dezembro de 1977, quando ambos desapareceram em uma emboscada do regime. “A restituição da minha identidade é para mim uma homenagem aos meus pais, uma carícia na alma”, disse Darroux, agradecendo especialmente ao tio biológico Roberto Mijalchuk por tê-lo procurado por 40 anos.

Sensibilizado com a persistência do tio Roberto , Javier pediu que pessoas na mesma situação “busquem coragem” para lutar pela aproximação de suas famílias verdadeiras. Javier sabia que tinha sido adotado e, apesar de se sentir confortável com sua família adotiva, começou a suspeitar, já adulto, que poderia ser filho dos desaparecidos na ditadura.
Agora, Javier tenta descobrir o que aconteceu com os pais, desaparecidos desde então. O argentino também quer saber o paradeiro de um irmão ou irmã, uma vez que a mãe dele, Elena Mijalchuk, estava grávida quando desapareceu.
“A convicção de luta e a busca não termina”, declarou Javier. “Eu preciso saber a verdade do que aconteceu com meus pais, e eu preciso saber se tenho um irmão ou irmã.”

Estela de Carlotto, presidente da Associação Avós de maio, acredita que cerca de 500 bebês foram roubados durante a ditadura de suas mães, a maioria opositoras ao regime que deram à luz em centros clandestinos de detenção e tortura e nunca reapareceram.
Fotos:Emiliano Lasalvia/AFP