Depressão – a doença reincidente nas etapas da vida, preocupa a OMS

Depressão – a doença reincidente nas etapas da vida  - Bernadete Alves

Eventos adversos durante a nossa vida como jornadas de trabalho exaustivas, falta de reconhecimento, desemprego, separação, luto e trauma psicológico causam falta de ânimo, oscilação de humor, perda de interesse generalizada, tristeza profunda, mudanças no apetite e ausência de prazer.

Todo mundo já passou por situações estressantes como estas , a ponto de chegar em casa e ainda estar com  os problemas na cabeça. Mas o que pouca gente sabe é que as pressões impostas no ambiente profissional e social, especialmente quando de longa duração e com intensidade moderada ou grave, podem estar diretamente ligadas ao desenvolvimento de transtornos mentais graves, como depressão e ansiedade.

Depressão – a doença reincidente nas etapas da vida  - Bernadete Alves

A depressão pode, por sua vez, levar a mais estresse e disfunção e piorar a situação de vida da pessoa afetada e o transtorno em si. Pode causar à pessoa afetada um grande sofrimento no trabalho, na escola ou no meio familiar. A doença pode atingir crianças, adolescentes, adultos e é mais grave em idosos.

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A depressão na velhice ocorre pela solidão, viuvez e dificuldades financeiras. O tratamento na terceira idade é mais complicado porque geralmente o idoso já toma medicamentos antidepressivos. Por isso, a depressão precisa de um acompanhamento médico, tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento adequado.

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Novos dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que os casos de depressão estão aumentando globalmente – 18,4% desde 2005 –, e que, até 2020, a doença será a enfermidade mais incapacitante em todo o mundo. No Brasil, em 2016, cerca de 75,3 mil trabalhadores foram afastados pela Previdência Social em razão do mal. Hoje, o país é considerado o campeão de casos na América Latina, com 5,8% da população com depressão.

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Esta doença reincidente nas etapas da vida foi tema do 8º Fórum de Sistema Nervoso Central na América Latina , promovido pela Pfizer, nos dias 02 e 03 deste mês, com a presença de renomados psiquiatras brasileiros, pesquisadores e professores universitários como Sheila Caetano, pesquisadora da Escola Paulista de Medicina (Unifesp), psiquiatra Carmita Abdo, da USP e o  psiquiatra José Alberto Del Porto, da Escola Paulista de Medicina.

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde, a depressão é na realidade uma ampla família de doenças, por isso denominada Síndrome. Há uma série de evidências que mostram alterações químicas no cérebro do indivíduo deprimido, principalmente com relação aos neurotransmissores (serotonina,  noradrenalina e, em menor proporção, dopamina), substâncias que transmitem impulsos nervosos entre as células. Outros processos que ocorrem dentro das células nervosas também estão envolvidos.

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Os sintomas mais comuns da depressão são:Apatia; Falta de motivação; Medos que antes não existiam; Dificuldade de concentração; Perda ou aumento de apetite; Alto grau de pessimismo; Indecisão; Insegurança; Insônia; Falta de vontade em fazer atividades antes prazerosas; Sensação de vazio; Irritabilidade;  Raciocínio mais lento; Esquecimento;  Ansiedade; e Angústia.

Além disso, a pessoa pode apresentar alguns sintomas físicos de depressão que os médicos não conseguem encontrar causas aparentes, como: Dores de barriga, Má digestão, Azia, Constipação, Flatulência, Tensão na nuca e nos ombros, Dores de cabeça, Dores no corpo, e Pressão no peito. Estes são alguns dos indícios da depressão. Por isso a importância de ter um diagnóstico e tratamento corretos para voltar a ter qualidade de vida, viver com alegria e bem estar.

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Durante o 8º Fórum de Sistema Nervoso Central na América Latina, a psiquiatra Sheila Caetano, pesquisadora da Escola Paulista de Medicina (Unifesp),  lembrou que embora a depressão  tenha sido descrita no século 5.a.C por Hipócrates, com o nome de ‘melancolia’, só se começou a falar em depressão infantil no século passado.

Segundo a pesquisadora a depressão infantil é um tédio que nunca acaba uma vez que a criança ainda está “aprendendo os sentimentos” e como lidar com eles. “Geralmente a depressão é mais física, devido a doenças crônicas reumatológicas, histórico familiar de suicídio , abuso, abandono e contato com substâncias psicoativas”. Nesta fase o perigo está quando a “criança não quer ir para a escola, tem medo de tudo, não tem apetite, quer dormir e não acordar”.

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Dos 8 anos até a pré-adolescência, a criança já consegue interpretar os sentimentos e para elas “tudo é um tédio”. A adolescência é marcada por flutuações hormonais que aumentam os riscos de depressão. Humor irritável, alteração de peso, perda de prazer em atividades que gosta, são alguns dos sintomas da doença. “Há uma percepção subjetiva da tristeza, somada à impulsividade e à agressividade”, explica a psiquiatra. É necessário, nesta idade, o diálogo dos pais com os jovens. “As depressões mais leves e moderadas podem ser tratadas com intervenções psicossociais”, diz a médica.

A depressão em adultos geralmente está relacionada ao excesso de trabalho, isolamento social, decepções amorosas, alterações hormonais e disposição genética. As mulheres são mais suscetíveis à doença devido às regulações hormonais como o déficit de estrogênio, hormônio fabricado pelos ovários e liberado na primeira fase do ciclo hormonal.

Depressão – a doença reincidente nas etapas da vida  - Bernadete Alves

A psiquiatra Carmita Abdo, da USP, disse durante o 8º Fórum de Sistema Nervoso Central da América Latina  disse que as mulheres que sofrem depressão durante a gravidez tem mais chances de desenvolver a doença, após o parto. Para muitos é só uma mudança de humor, decorrente do parto.

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“Essa mulher só vai ser diagnosticada como deprimida no climatério  ou na menopausa, quando de fato o risco recorrente da depressão é bem maior”, alerta a psiquiatra. Dra. Carmita diz que nos homens a depressão pode ocorrer devido à oscilação de testosterona, quando os índices dos hormônios começam à cair”, diz.

O psiquiatra José Alberto Del Porto, da Escola Paulista de Medicina diz que além da depressão, os transtornos de ansiedade e o esgotamento emocional – também conhecido como síndrome de burnout – aparecem como os distúrbios mentais mais comuns entre os trabalhadores. “São desencadeados, muitas vezes, pelo estresse exigido pela própria profissão. Os casos mais frequentes envolvem bombeiros, militares, policiais, jornalistas, altos executivos, médicos, economistas e professores”.

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Para o psiquiatra Erick Petry, além da dificuldade de um diagnóstico preciso e do medo e da vergonha em buscar ajuda, outro obstáculo enfrentado pelos pacientes é entender – e fazer com que os outros entendam – que a depressão não se trata de uma frescura ou só uma fase difícil, mas sim de uma doença complexa que pede atenção, cuidado e acompanhamento médico frequente.

As doenças mentais sofrem preconceito porque não são visíveis. Por isso, além de oferecer suporte e trabalhar na prevenção da depressão, as empresas devem criar ambientes agradáveis e positivos, em que os funcionários possam falar abertamente sobre suas angústias e dificuldades.

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A depressão é uma das condições prioritárias cobertas pelo Mental Health Gap Action Programme (mhGAP) da Organização Mundial da Saúde (OMS). O programa visa ajudar os países a aumentar os serviços prestados às pessoas com transtornos mentais, neurológicos e de uso de substâncias, por meio de cuidados providos por profissionais de saúde que não são especialistas em saúde mental. A iniciativa defende que, com cuidados adequados, assistência psicossocial e medicação, dezenas de milhões de pessoas com transtornos mentais, incluindo depressão, poderiam começar a levar uma vida normal – mesmo quando os recursos são escassos.