É êxito – Márcia Abrahão Moura

Márcia Abrahão, primeira mulher eleita reitora da Universidade de Brasília, teve o desafio ao tomar posse no dia 24 de novembro de 2016, de mostrar que a mulher é capaz de assumir importantes cargos de comando. Um lugar de destaque que orgulha as mulheres e serve de inspiração para seguir na luta por mais direitos, mais igualdade e mais respeito.

A Universidade de Brasília reúne uma comunidade acadêmica com cerca de 50 mil pessoas. Entre elas, 39.624 são estudantes de graduação, 8.048 de pós-graduação, 2.557 professores e 3.198 técnicos. O desafio de mostrar que é capaz não intimidou a Magnífica Reitora, pelo contrário, todos presenciaram sua liderança e qualidade de trabalho.

Márcia Abrahão Moura surpreendeu os funcionários, estudantes e comunidade, ao criar um ambiente propositivo, participativo e inovador. “Vivemos um momento extremamente importante para a consolidação da educação como instrumento propulsor do país. Cada universidade tem sua vocação, e a da UnB é a de contribuir para o funcionamento do Brasil”, diz a reitora.
Antes de chegar à Reitoria, ela foi professora do Departamento de Geologia e pesquisadora pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Paralelamente, traçava o caminho da carreira administrativa. Atuou como coordenadora de Extensão, diretora do Instituto de Geociências, decana de Graduação onde liderou a expansão da universidade.

A carioca, filha de militar, nasceu em 10 de novembro de 1964 e em seguida veio para Brasília. Cresceu com o coração entre Rio e a capital do país. A vida acadêmica teve início em 1982 com a graduação em Geologia em 1986, na Universidade de Brasília,onde sua carreira acadêmica encontrou o ápice.
A Geóloga foi aprovada em um concurso da Petrobras que a fez mudar-se para o Rio de Janeiro. Márcia só deixou a empresa após se casar e decidir voltar a morar em Brasília. Aqui, foi servidora do Banco Central, período em que deu início a um mestrado pela UnB.

Para chegar ao cargo máximo em uma Universidade, Márcia passou por diversos episódios de superação. Conciliar família, estudos e trabalho foi um deles. Descobriu que estava grávida de Tomás um dia antes da seleção do mestrado e, após o nascimento do primogênito, chegou a pensar em largar tudo pela maternidade.
Contribuir com o fortalecimento da educação pública falou mais alto. Corajosa, determinada, de fácil convivência e com a bandeira da igualdade de oportunidades seguiu se aperfeiçoando. Em 1998 concluiu o Doutorado na UnB, com período sanduíche na Université d’Orleans, na França.
O pós-doutorado ocorreu no Canadá na Queen’s University. Tanto na França como no Canadá, os filhos a acompanharam. “Meus filhos cresceram vendo a mãe trabalhando e viajando muito. Mas eu procuro, na medida do possível, estar sempre com eles. A minha experiência foi muito importante para eles, porque abriu as perspectivas. Recentemente, minha filha passou dois anos no Canadá”, diz Márcia Abrahão.

A Reitora da UnB tem se destacado como líder. A sua experiência como atleta no time de vôlei da Associação Atlética do Banco do Brasil, antes da vida universitária, lhe deu instrumentos para o trabalho em equipe e para delegar funções.

Estar à frente de uma das maiores universidades do país, como é a UnB, não é fácil, mas Márcia Abrahão conta com um time de primeira. Dos oito decanos, cinco são mulheres. “É um desafio mostrar que sabemos gerir e fazemos isso bem. Ainda existe muito preconceito na universidade e na sociedade”, diz a reitora.

A competência foi o primeiro critério para montar a equipe diversificada com representantes de atuações diferentes. “O comum sempre foram os homens em cargos de gestão, então quando uma mulher assume essa posição, isso acaba chamando a atenção”, diz Márcia Abrahão.
Em 2019, ela recebeu, do Senado Federal, o Diploma Bertha Lutz, um prêmio em reconhecimento às mulheres que atuam na emancipação feminina. A honraria deixou a humanista Márcia Abrahão mais forte na sua luta para que as mulheres conquistem cada vez mais cargos de liderança.

Ao comemorar a conquista Márcia afirma que ainda há muito o que avançar. “O caminho é longo. Já fizemos uma grande caminhada, é preciso reconhecer. Mulheres lutaram para chegarmos aqui, para estudarmos em universidades, para votarmos, mas falta muito”, pondera. “É inconcebível termos a quantidade de feminicídio que temos. É inconcebível esse horror na capital do país. Do mesmo modo, é ver, em muitas profissões, mulheres que ainda ganham menos do que homens que exercem as mesmas funções”, declara a reitora da UnB.

Enaltecer a trajetória profissional da geóloga, professora e pesquisadora Márcia Abrahão Moura, a primeira mulher a exercer o cargo de reitoria na Universidade de Brasília, é uma honra para nós. Ela é a prova da luta que diariamente a mulher enfrenta para alcançar sua justa posição de igualdade em relação ao homem.
