Vitamina D: uma aliada no combate ao Coronavírus diz estudo de Turim
Estudo realizado por cientistas na Universidade de Turim, na Itália e publicado no dia 26/03, concluiu que a vitamina D pode ser uma aliada para o combate à pandemia de coronavírus. A pesquisa analisou a relação entre a deficiência deste nutriente no corpo e o novo coronavírus, o Covid-19.
Coordenado pelo professor Giancarlo Isaia, docente em geriatria e presidente da Academia de Medicina da cidade italiana, e por Enzo Medico, professor de histologia (estudo de tecidos), a pesquisa mostrou que “dados preliminares coletados nos últimos dias em Turim indicam que os pacientes com a covid-19 apresentam uma prevalência muita alta de deficiência de vitamina D”.

Segundo os dois especialistas, os dados apurados mostraram que a vitamina D tem papel ativo na regulação do sistema imunológico. Outras evidências indicam que o composto tem um efeito “na redução do risco de infecções respiratórias de origem viral, inclusive na do coronavírus”. O elemento também teria capacidade de combater danos pulmonares causados por inflamações.
Os cientistas asseguram que ter vitamina D suficiente no organismo também “pode ser necessário para determinar uma maior resistência às infecções de covid-19, (possibilidade) que, apesar de haver menos evidências científicas, pode ser considerada verossímil”, disseram os pesquisadores ao jornal italiano La Repubblica.
Para os cientistas, a vitamina D é uma ferramenta capaz de reduzir os fatores de risco da doença. “A compensação por essa ampla deficiência de vitamina pode ser alcançada principalmente expondo-a à luz do sol, tanto quanto for possível, mesmo que seja em varandas e terraços, comendo alimentos ricos em vitamina D e, sob supervisão médica, tomando medicamentos específicos”.
Este estudo nos remete a uma publicação feita no jornal O Estado de S. Paulo em setembro de 1890 sobre uma propaganda do óleo de fígado de bacalhau. “Nenhum medicamento até hoje descoberto cura as moléstias de peito e vias respiratórias ou restabelece os débeis, os anêmicos e os escrofulosos [tuberculosos] com tanta rapidez”.
Embora o tônico supostamente prevenisse inúmeras doenças, as razões por trás das propriedades do produto eram um mistério. Isso porque, naquela época, não se conhecia a vitamina D, um dos principais componentes desse óleo de fígado de bacalhau. A vitamina D só foi revelada pela ciência em 1922.
Passado quase um século de sua descoberta, a substância continua dando o que falar. Hoje, sabemos que 200 genes regulam seu aproveitamento e que ela responderia por 80 funções no organismo, assegura o endocrinologista americano Michael Holick, da Universidade de Boston, um dos maiores estudiosos do tema.
O especialista assegura que a vitamina D controla mais de 250 genes do corpo humano. É essencial na prevenção de uma série de doenças, no fortalecimento do sistema imunológico e proteção do coração. É por meio dela que o corpo absorve corretamente o cálcio e, na gravidez, quadros de pré-eclampsia e abortos são evitados. A vitamina D é fundamental para o organismo humano, no entanto, assim como a carência traz riscos, o excesso no organismo também tem suas complicações.
“A checagem dos níveis da vitamina D é recomendada, em geral, aos indivíduos com doença crônica e risco elevado de fraturas. Pacientes diabéticos, com doença renal crônica, gestantes, obesos e idosos são exemplos de indicação para esta avaliação. Aqueles em uso crônico de glicocorticóide ou que tenha tido uma fratura por baixo trauma também apresentam indicação. Nos pacientes cuja vitamina D veio abaixo do valor de referência, a suplementação deve ser realizada e uma nova dosagem recomendada em três meses, para conferir se houve normalização dos níveis da 25OHvitamina D. Naqueles com vitamina D normal, recomenda-se repetir o exame em 12 meses”, explicou o médico Holick.
No documento, os autores sugerem aos médicos que, junto as medidas gerais de prevenção, “garantam níveis adequados de vitamina D na população, mas sobretudo naqueles já infectados, em seus familiares, nos profissionais de saúde, em idosos frágeis, em pessoas em residências assistenciais, de quarentena e em todos aqueles que, por várias razões, não se expõem adequadamente à luz do sol”.
“A exposição ao sol diária, por cerca de 10 ou 15 minutos nos horários de pico e sem proteção solar, é a principal maneira para assegurar níveis saudáveis de vitamina D no organismo. A ação dos raios ultravioletas ativa uma molécula existente na pele e a converte em ativa no fígado e nos rins”, explica o especialista.
As principais fontes alimentares de vitamina D são: carnes, peixes e frutos do mar, como salmão, sardinha e mariscos, óleo de fígado de bacalhau e alimentos como ovo, leite, fígado, queijos e cogumelos.

No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, infelizmente, o número de pessoas com deficiência do nutriente impressiona. Embora ensolarado,o país apresenta alta incidência de hipovitaminose D. Estima-se que aproximadamente 80% da população do meio urbano esteja com os níveis abaixo do esperado, suscetíveis a doenças.
Vários estudos comprovam que vitamina D é muito importante para o nosso corpo porque ela ajuda na absorção e fixação do cálcio e fósforo no sangue. A baixa quantidade deste mineral nos ossos causa sua fragilidade, a osteoporose. Assim, a reposição em idosos promove a melhora do tônus muscular, reduz a incidência de queda e de fraturas.
Segundo o endocrinologista Francisco Bandeira, da Universidade de Pernambuco, estima-se que mais da metade dos brasileiros não atinge os índices preconizados. “A exposição diária ao sol, nossa principal fonte, é cada vez menor. E essa escassez pode cobrar um preço elevado na saúde de ossos, músculos, coração enfermidades infecciosas, dentre outras”.
O endocrinologista Francisco José Albuquerque, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, diz que as enfermidades infecciosas são outro nicho de achados promissores. “A vitamina D estimularia os macrófagos, um tipo de célula de defesa, a sintetizar proteínas que combatem as bactérias causadoras da tuberculose. Por incentivar o sistema imunológico, ela também exerceria uma influência bastante positiva contra infecções vaginais, cutâneas, bucais, etc. ”Francisco José acrescenta: “Doenças autoimunes como lúpus e artrite reumatoide, por sua vez, parecem se tornar ainda mais agressivas quando há carência de vitamina D”.
Sinais e sintomas da deficiência de vitamina D
- Ficar doente ou contrair infecções com frequência;
- Fadiga e cansaço;
- Dor nos ossos e nas costas;
- Depressão;
- Dificuldades de cicatrização;
- Perda óssea;
- Perda de cabelo.