Morre Gilberto Dimenstein aos 63 anos

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Jornalista e escritor Gilberto Dimenstein

O autor de mais de 10 livros com importantes prêmios literários e fundador do site Catraca Livre, Gilberto Dimenstein, perdeu a luta contra um câncer no pâncreas na manhã desta sexta-feira, aos 63 anos.  Segundo divulgado pelo portal Catraca Livre, o jornalista morreu às 9h, enquanto dormia.

Segundo os familiares de Dimenstein, o  enterro deve acontecer no domingo, no Butantã, bairro da Zona Oeste de São Paulo. Dimenstein deixa a esposa, a jornalista  Anna Penido,  dois filhos, Marcos Dimenstein e Gabriel Dimenstein, e um neto.

Morre hoje, 29, o jornalista Gilberto Dimenstein. A luta contra o câncer levou o fundador da Catraca Livre, mas sua determinação em construir uma comunidade mais igualitária, saudável e gentil, continua nesta página”, diz uma postagem publicada no perfil do site nas redes sociais.

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Jornalista e escritor Gilberto Dimenstein

Em um vídeo postado numa rede social em abril, o jornalista disse que vivia o momento mais difícil de sua vida. “Meu nome é Gilberto Dimenstein, sou fundador do Catraca Livre, sou presidente do Conselho da Orquestra Sinfônica Heliópolis, e vivo o momento mais difícil da minha vida. Estou há oito meses lutando contra um câncer de pâncreas que criou metástase. Estou lutando, ainda vou vencer, mas estou lutando”, disse.

Dimenstein nasceu em São Paulo em 28 de agosto de 1956 era filho de um pernambucano de origem polonesa e de uma paraense de ascendência marroquina. Seu início no jornalismo foi em 1977, na revista Shalon, da Comunidade Judaica do Brasil. Ele se formou pela Faculdade Cásper Líbero.

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Jornalista e escritor Gilberto Dimenstein

Trabalhou em veículos como a Folha de S.Paulo (SP), onde foi diretor na sucursal em Brasília e correspondente em Nova York. Depois foi comentarista na rádio CBN (SP). Passou também por O Globo (RJ), Jornal do Brasil (RJ), Correio Braziliense (DF), Última Hora (SP) e as revistas Educação (SP), Visão (SP) e Veja (SP).

Ao sair da Folha, após 28 anos de dedicação, escreveu, em sua última coluna: “Saio da Folha com a gratidão de quem teve suporte para fazer da vida um laboratório. Mas a Folha não sai de mim: estará sempre associada à sensação de que o exercício da imaginação é o que nos torna singulares e relevantes”.

Dimenstein resolveu em 2009 se dedicar a um projeto particular, o site Catraca Livre, uma plataforma multimídia de jornalismo educativo que divulga atividades culturais gratuitas em São Paulo. Ao longo da carreira como jornalista, ficou conhecido pela defesa de direitos nas áreas de educação e de meio-ambiente, nos quais atuava com projetos sociais.

O Catraca Livre  foi eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa pela Deutsche Welle em 2012 e apontado pela Universidade de Oxford, BBC e Financial Times como uma das mais importantes inovações digitais de impacto social no mundo em 2013. O site também venceu o Prêmio de Veículos de Comunicação (2017), Prêmio Jovem Brasileiro (2015 e 2016), E-award (2014) e Digitalks (2015).

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Livros de Gilberto Dimenstein

Dimenstein ganhou dois Prêmios Esso de Jornalismo – em 1988, na categoria Principal, com a reportagem “A Lista da Fisiologia”, e, no ano seguinte, na categoria Informação Política, com “O Grande Golpe”, ambas publicadas pela Folha de S.Paulo -, dois Prêmios Líbero Badaró de Imprensa e o Prêmio Jabuti de Literatura de Melhor Livro de Não-Ficção em 1993, com “O Cidadão de Papel”.

Na obra, publicada em 1994, o autor busca mostrar o desrespeito aos direitos humanos na nossa sociedade e apresenta uma rede que une o assassinato de crianças, a violência, a fome e a falta de escola com o desenvolvimento da economia, a crise da educação, a falta de emprego.

O livro discute o papel dos jovens como cidadãos de deveres e direitos , analisa as instituições do país e trata de questões sociais, como a má distribuição de renda e a desigualdade social. A obra também traz reflexões sobre documentos como a “Declaração Universal dos Direitos Humanos”. Gilberto Dimenstein também escreveu “Aprendiz do Futuro” e “Meninas da Noite”, dentre outras importantes obras.

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Jornalista e escritor Gilberto Dimenstein, fundador do site Catraca Livre

Dimenstein praticou um jornalismo de empoderamento. Ele dedicou a carreira a buscar, promover, fomentar, levantar recursos e dar visibilidade a projetos de inovação e de inclusão.

A morte do jornalista, escritor e educador, representa uma perda imensa para o jornalismo. Com um olhar humanista e solidário, Dimenstein inspirava gerações. Ele deu voz aos excluídos por meio de suas obras.

Como colega foi exemplar. Com ele aprendi o jornalismo ético e transparente e a lutar pela isenção jornalistica.  Gilberto Dimenstein parte prematuramente, mas seu exemplo de correção, respeito e amizade, assim como sua luta pelo respeito à democracia vão permanecer vivos.

Que o exemplar cidadão e respeitado Gilberto Dimenstein descanse na paz eterna do Senhor!