Fome emocional e as consequências no organismo

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A pandemia do novo coronavírus está gerando inúmeros desafios e preocupações, tanto no nível individual quanto coletivo. O medo, o sofrimento e a insegurança são alguns dos desdobramentos desta crise de saúde sem precedentes.

A expectativa com o futuro faz a gente perder a conexão com o corpo e a mente e isso gera ansiedade e com ela vem a insônia e a fome emocional. Sem falar na agitação mental, irritabilidade, fadiga exacerbada, dor crônica e instabilidade socioemocional, que provoca.

Segundo especialistas, mudanças de hábitos da população com foco nas medidas preventivas e alteração na liberdade de ir e vir nos deslocamentos diários, podem nos remeter ao aumento dos sinais e sintomas de Transtorno de Ansiedade Generalizada, estresse crônico e depressão, para quem já possui essas respectivas doenças.

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Como driblar tudo isso para evitar as consequências no organismo? Psicólogos dizem que o primeiro passo é descomplicar a ansiedade e comer de forma consciente para reduzir os episódios de compulsão alimentar. Quem sofre com o problema procura na comida uma forma de encontrar sensações agradáveis, se livrar de sentimentos ruins, buscar alívio e conforto.

Comer é um prazer e uma das coisas mais gostosas das quais podemos desfrutar em vida. A comida está associada ao amor, porque desde pequenos recebemos carinho, proteção e alimento de nossas mães. Por isso, a comida está fortemente ligada à sensação de segurança.

Todos nós sentimos fome. Mas poucos entendem que não sentimos apenas fome física, mas também fome emocional, espiritual e mental. Comer acaba suprindo o vazio emocional e levanta a autoestima. Comer de forma descontrolada traz consequências. Não é apenas uma coincidência que obesidade e depressão podem ser encontradas juntas facilmente.

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Tortas são as preferidas para conter fome emocional

É importante diferenciar a fome física da emocional antes que o problema se torne crônico. A fome física pode ser satisfeita com qualquer tipo e quantidade de alimentos, já a fome emocional surge repentinamente, trazendo o desejo por alguma comida atrativa. Normalmente surge acompanhada por variações de humor como ansiedade, tristeza e stress e, por não saber enfrentar sentimentos como esses, a pessoa passa a enxergar o alimento como uma forma de prazer. Na fome física a pessoa costuma se alimentar até estar satisfeita, enquanto na fome emocional não consegue parar nem definir a satisfação.

O médico especialista em nutrologia Marcos Vinícius Menezes, diz que a fome emocional é representada pela necessidade de comer para compensar alguma situação mal resolvida. Ele ressalta que, além de sentimentos como raiva, ansiedade e tristeza, é comum que fortes emoções positivas – quando não são administradas corretamente – também gerem uma vontade descontrolada de comer.


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Médico Marcos Vinícius Menezes, fala sobre os gatilhos que despertam a fome emocional

Quando a fome emocional é causada por sentimentos negativos é comum que a pessoa tenha um descontrole maior da situação. Segundo o médico, nesses casos a compulsividade pode, inclusive, trazer complicações para a saúde. “Se isso se torna constante a gente pode ter o fenômeno da compulsão alimentar. A pessoa passa a não ter controle da sua alimentação, gerando até mesmo transtornos pela composição da comida ingerida”.

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Os perigos de comer em excesso

Identificar os gatilhos que despertam a fome emocional é a primeira condição para que possamos lidar com ela. Conversar com um amigo ou colega que está passando pela mesma coisa quando você sente vontade de comer em excesso é uma estratégia simples para evitar a compulsão.

A orientação do médico é de que, caso a pessoa não consiga lidar com seus sentimentos, procure um tratamento multidisciplinar em que profissionais da saúde possam trazer um equilíbrio sentimental e alimentar. Alternativas como terapias e acompanhamentos nutricionais trazem soluções para a substituição de alimentos por atividades que preencham cada indivíduo da forma correta.

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Nutricionista Vinícius Lacerda dá dicas para reduzir compulsão alimentar

O nutricionista Vinicíus Lacerda diz que compulsão alimentar pode prejudicar tanto a saúde física quanto a mental. Ele diz que a ciência aponta algumas estratégias simples que podem frear o descontrole.

Rotina, exercícios de respiração e força de vontade são importantes para controlar a compulsão alimentar e parar de usar a comida como válvula de escape para os obstáculos do dia a dia. O nutricionista diz que uma rotina de autocuidado ajuda a equilibrar a balança.

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  • Estabelecer um horário regular para comer e mantê-lo é uma das maneiras mais eficazes de parar de comer compulsivamente. Saltar refeições pode contribuir para os desejos e aumentar o risco de comer em excesso.
  • Beber muita água ao longo do dia é uma maneira simples e eficaz de reduzir os desejos e parar de comer demais.
  • Algumas pesquisas sugerem que o aumento da ingestão de fibras pode reduzir os desejos, o apetite e a ingestão de alimentos. As fibras se movem lentamente pelo trato digestivo, fazendo com que a pessoa se sinta saciado.
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Fibras controlam o apetite e garantem melhor funcionamento do organismo
  • Começar o dia com um café da manhã saudável pode ajudar a reduzir o risco de compulsão alimentar no final do dia. Isso porque os alimentos certos podem mantê-lo satisfeito e reduzir os desejos e a fome ao longo do dia.
  • Para reduzir o risco de comer emocionalmente, é bom limitar guloseimas como salgadinhos, doces e alimentos embalados, e priorizar frutas, nozes, passas e barras de cereais.
  • Aumentar a ingestão de alimentos ricos em proteínas pode mantê-lo satisfeito e ajudar a controlar o seu apetite para parar de comer compulsivamente. Carne, ovos, nozes, sementes ou legume, proporcionam refeições e lanches ricos em proteínas e mantém a fome sob controle.
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Alimentos ricos em proteína aumentam a saciedade
  • Alimentos como banana, cacau, aveia, linhaça, oleaginosas e os vegetais verdes escuros – rúcula, agrião, brócolis, couve e espinafre, devem fazer parte da rotina alimentar porque fontes de nutrientes para a produção de serotonina, neurotransmissor do bem-estar e saciedade.
  • Planejar as refeições pode garantir  ingredientes saudáveis à mão para preparar refeições nutritivas, minimizando o risco de exagerar em porcarias.
  • Limitar  o consumo do café e de cafeína de forma em geral. O excesso pode aumentar a ansiedade.
  • Estudos indicam que adicionar exercícios à rotina pode impedir a compulsão alimentar. Em tempos de pandemia pode-se fazer isso em casa e com a família. A dança é uma ótima opção.
  • Yoga é uma prática que incorpora o corpo e a mente usando exercícios de respiração específicos, posturas e meditação para reduzir o estresse e aumentar o relaxamento. Estudos indicam que o yoga pode ajudar a incentivar hábitos alimentares saudáveis e reduzir o risco de comer emocionalmente.
  • Limite o consumo do café e de cafeína de forma em geral. O excesso pode aumentar a ansiedade;
  • Tomar Sol pelo menos dez minutos por dia. Com o Sol o colesterol é convertido à vitamina D, nutriente essencial para a ação de serotonina. Alimentos como peixes e gema de ovo são fontes deste nutriente.
  • Procurar dormir bem. O sono afeta não apenas os níveis de fome e o apetite, como sua privação pode estar ligada à compulsão alimentar. Estudos mostram que uma noite de sono mais curta está associada a níveis mais altos do hormônio da fome, a grelina, e níveis mais baixos de leptina – o hormônio responsável por promover saciedade. Além disso, dormir menos de oito horas por noite está associado a maior peso corporal.
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Fome emocional e as consequências no organismo

O momento em que estamos vivenciando é composto de muitos desafios e também de questionamentos sobre as situações que passamos como indivíduos ou como sociedade.

Passar mais tempo em casa e trabalhar em Home Office nos remetem a mudanças nas condutas de vida. Independentemente da nossa conexão com a espiritualidade, a fé proporciona alívio e nos dá conforto durante estas fases de distanciamento social e quarentena impostas pelo Coronavírus.