Lourdes Bandeira, voz forte na luta pelos direitos das mulheres no país, morre aos 72 anos

É com pesar que registro o falecimento da socióloga e pesquisadora, Lourdes Maria Bandeira, Docente no Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília, aos 72 anos, ocorrido no domingo dia 12, em decorrência de choque séptico, embolia pulmonar e acidente vascular cerebral (AVC).
A segunda-feira, dia 13, começa com a triste notícia para a Universidade de Brasília, alunos, ex-alunos, colegas de trabalho e contemporâneos da professora e pesquisadora respeitada no país. Lourdes Bandeira era referência brasileira em pesquisas sobre feminismo, gênero e violência contra a mulher, um trabalho que teve inicio em 2005 na UnB e se estendeu na Secretaria de Política para as Mulheres, até 2015. Na ocasião criou grupo de trabalho com a finalidade de mapear crimes de ódio nos ambientes virtuais.
Tive o privilégio de contar com sua sabedoria em várias entrevistas para o meu programa de Rádio e de Televisão. A Dra. Lourdes Bandeira era incansável na luta pelos direitos das mulheres brasileiras. A voz dos anseios por paridade de gênero e pelo fim da discriminação e violência contra a mulher. Ela foi pioneira em criar um grupo de trabalho no governo federal para mapear os crimes de ódio nos ambientes virtuais.
A força da sua fala, a propriedade de argumentos, sua empatia, suas lições de sabedoria, sua respeitabilidade, e rico legado, vão continuar vivos em nossos corações.

O ator Rodolfo Cordón, sobrinho da renomada pesquisadora Lourdes Bandeira, diz que ela foi “uma mulher à frente do seu tempo, uma feminista que abriu o espaço para que a discussão da opressão às mulheres ganhasse relevância”.
Na UnB, Lourdes Bandeira, era membro do Conselho de Direitos Humanos da Universidade de Brasília (CDHUnB) e fazia parte do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher (NEPeM), com atuação exemplar em temas como cidadania, feminismo, políticas públicas e conflito e violência nas relações de gênero.
Lourdes Maria cursou Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1973, mestrado em Sociologia pela Universidade de Brasília (UnB) em 1978 e doutorado em Antropologia pela Université René Descartes – de Paris V em 1984. Realizou também Pós-Doutorado na área de Sociologia do Conflito com o Prof. Michel Wieviorka, na École des Hautes Études en Sciences Sociales-EHESS (2001-2002).
Além da experiência acadêmica e docente, a socióloga tinha publicações na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia Urbana e da Cultura – Gênero, Feminismo, Violência de Gênero, e Políticas Públicas.
Atualmente estava como membro do comitê editorial da Editora da Universidade de Brasília e desenvolvia projetos de pesquisa: “Feminicídio no Brasil” e “Relações de cuidado e cuidadoras nas redes inter-institucionais de apoio às mulheres vítimas de violência”. Atuou por uma década como Editora-chefe da Revista Sociedade e Estado.
O ator Rodolfo Cordón, sobrinho da renomada pesquisadora, diz que ela foi “uma mulher à frente do seu tempo, uma feminista que abriu o espaço para que a discussão da opressão às mulheres ganhasse relevância”.
Nas redes sociais, ex-alunos e servidores da UnB se despediram da professora com lindas homenagens e lembram de suas lições de incentivo como: “Faça o que tiver que ser feito, mas nunca sinta pena de si mesma”.
A Universidade de Brasília, publicou Nota de Pesar
“O Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher (NEPeM/CEAM/UnB) registra pesarosamente a perda, no dia 12 de setembro de 2021, de uma de suas referências centrais: a extraordinária socióloga e professora Lourdes Bandeira, que atuou de modo incansável para a consolidação e o fortalecimento do NEPeM, no meio acadêmico e por meio da extensão universitária.
Ao longo de sua trajetória ensinou e orientou várias gerações de estudantes, bem como impulsionou a articulação do Núcleo com redes de serviços governamentais e movimentos sociais de enfrentamento à violência contra as mulheres.
Incansável na luta pelos direitos das mulheres no país, sua crítica competente das relações de gênero e suas realizações como Secretária de Planejamento e Gestão e Secretária Adjunta da Secretaria de Políticas para Mulheres do Governo Federal, respectivamente nos períodos de 2008 a 2011 e de 2012 a 2015, constituem um legado de grande relevância e contribuíram para lançar o Brasil, no patamar do pioneirismo internacional, na aplicação de leis como a Lei Maria da Penha e do Feminicídio. Seus ensinamentos e sua amizade ficarão eternizados na história e nos vínculos de afeto do NEPeM.”
Fotos: Elza Fiuza/Agência Brasil e Arquivo Pessoal